Próxima safra terá redução de 40% na produção em Mato Grosso

A área de 585 mil hectares de arroz dará espaço a somente 300 mil hectares na safra 2004/05, segundo projeção da Associação dos Produtores de Arroz do Estado de Mato Grosso .

Se o plantio da safra mato-grossense 2004/05 de arroz tivesse início na próxima semana, a redução poderia ser de até 50%. Segundo levantamento prévio de intenção de plantio da Associação dos Produtores de Arroz do Estado de Mato Grosso (APA), “a produção, nesta primeira análise, cairia de 1,5 milhão de toneladas, volume do ciclo 2003/04, para cerca de 900 mil toneladas no próximo ano, levando em consideração uma produtividade de três mil quilos por hectare.

Com relação a área plantada, a redução se aproxima de 50%, pois a área de 585 mil hectares dará espaço a somente 300 mil hectares”, alerta o presidente da APA, Ângelo Maronezzi, ao prever uma redução de 40% na produção. O plantio de arroz no estado tem início em outubro.

Maronezzi fez o alerta e quer chamar a atenção dos produtores. “Hoje mais de 60% da produção desta safra está comercializada. Se há escassez do cereal, não entendemos porque os preços não reagem. Esse travamento, sem explicação, do mercado e o incremento de 30% nos insumos para a cultura, estão desestimulando a próxima safra”, analisa.

A redução coloca em cheque todo um trabalho de relações internacionais que estava sendo feito pelos rizicultores mato-grossenses. A previsão para 2005 era iniciar as exportações para América Central, utilizando os Estados Unidos como ponte das negociações. “Já tínhamos uma proposta de exportar para o Haiti 250 mil t. Como atender a esta demanda, se apenas o nosso parque industrial consome 50% da produção e possui capacidade de beneficiamento para 1,2 milhão de t?”, lamenta Maronezzi.

Se confirmada a redução para 900 mil t, somente as indústrias estaduais absorverão 450 mil t. “Com a outra metade não é possível manter a credibilidade do mercado internacional e fica provada a falta de produto para nosso parque desde o início do plantio, abrindo mercado para o produto de outros estados serem beneficiados aqui, o que também reflete ônus para as indústrias”.

Ele destaca que para atingir o status de exportador, Mato Grosso prova o profissionalismo de seus rizicultores, que investiram na atividade e o principal, “acrescentamos tecnologias ao campo e ao beneficiamento, o que resultou em qualidade reconhecida e atendimento às exigências do mercado”, salienta Maronezzi.

A previsão da APA é de que a partir de novembro haja desabastecimento do produto para as 130 indústrias instaladas no estado. “Além de retardar as exportações, frustramos as expectativas de novos investimentos no setor industrial e de pesquisas por novas tecnologias e variedades”, completa.

O presidente insiste em uma explicação lógica para o comportamento do mercado, pois o Governo Federal não possui estoques de arroz e os estoques mundiais estão reduzidos. “É balela dizer que o mercado estadual sofre concorrência do arroz produzido no sul do país e que esta seria a explicação para a pressão baixista das cotações. O custo de frete e de impostos para trazer um carregamento do Rio Grande do Sul, por exemplo, inviabiliza esta operação”, justifica. Em média, a saca de 60 quilos de arroz em Mato Grosso está em R$ 30,00.

Outro fator que preocupa o setor no estado é a forte concorrência com a cultura da soja. Tradicionalmente utilizado para abertura de novas áreas, o arroz já perde espaço para a oleaginosa, assim como na hora de promover a renovação de pastagens.

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