Quase o dobro do arroz produzido só com a metade da água na irrigação

Autoria: José Luiz Tejon Megido, Conselheiro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), dirigente do Núcleo de Agronegócio da ESPM. .

Uma revolução, um exemplo do novo agronegócio de sustentabilidade intensiva. Vamos tratar da nova agropecuária, do novo agronegócio, esse que já está em transformação, disruptivo, inovador e que nos leva ao futuro. Tem gente fazendo coisas geniais que serão, em não mais do que três a cinco anos, a moda geral desse novo agronegócio de sustentabilidade intensiva. Os conhecimentos estão disponíveis no que existe: é gente, pessoas especiais que pegam e fazem.

Um exemplo sensacional eu conheci dias atrás. Imagine que o arroz irrigado é uma lavoura que exige uma verdadeira engenharia de hidráulica. Altíssimo consumo de água. A média da produção do melhor arroz irrigado brasileiro, do Rio Grande do Sul, apresenta 7.500 kg por hectare e consumindo 11.500 m3 de água.

Pois bem, um jovem inovador, o Marlon Marques, agrônomo e sócio de uma das maiores lavouras de arroz da América do Sul, produz 13.500 kg por hectare, quase o dobro da média brasileira, e com apenas 50% da água. Ele utiliza irrigação por gotejamento e com isso não precisa alagar toda a área, tirar a água de toda a área, e ainda mais, ele pode fazer na mesma área plantio direto de arroz e pode produzir outros grãos, como milho e soja, o que aumenta a segurança dos produtores, com a diversificação, além do modelo de sustentabilidade intensiva. Esse modelo reduz o custo, o desembolso em 30%, e permite preparar, plantar e colher cada hectare de arroz em apenas duas horas, contra oito horas de uso de máquina no modelo convencional.

Enquanto alguns olham no lado crítico da crise, outros olham na criatividade. É preciso tirar o “S” da crise. Crie! Parabéns, jovem Marlon, um verdadeiro especialista em produção de arroz irrigado.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

6 Comentários

  • Gostaria muito poder conhecer esta lavoura grande irrigada por gotejamento e que apresenta tão notáveis índices de produtividade e redução de custos.Se o autor pudesse nos indicar a forma de entrarmos em contato para agendarmos uma visita com produtores interessados aqui do RS.

  • Também me interessa muito conhecer na prática essa tecnologia em grandes áreas, como seria em areas de enchentes , onde ao colher o solo estaria encharcado e barrento e os tratores fazem rastros profundos amorgando os canos subterrâneos. Acredito que toda novidade deva ser bem discutida os prós e contra, antes de ser apresentada como uma solucão incrivel!!!

  • A informação de que a agricultura de modo geral consome 64% da água do planeta é uma inverdade como se divulga para a sociedade. Especificamente a cultura do arroz também não consome água, apenas demanda certa quantidade (7 a 10 mil m³/há) para completar o seu ciclo. A água passa pela planta na forma de solução transportando os elementos nutritivos que são transformados em palha e grãos. Essa água volta ao ambiente através da transpiração da planta. A água retida na palha retorna ao ambiente no mesmo local e a água retida no grão (12%) é deslocada de local, mas também em algum momento volta ao ambiente. Então a cultura não consome água, apenas demanda durante certo período.
    Se fizermos comparativos a cultura do milho também demanda na média para produzir 9.000 kg por há uma média de 7.000 m³. Ou seja, as culturas de verão no nosso caso demandam em média de 5 a 10 mil m³ de água para produzir de 5 a 10 mil kg de grãos por há.
    A irrigação aqui no RS é complementar. Isso quer dizer que a irrigação completa a água que não precipitou. Se a cultura de arroz demanda no máximo 10.000 m³de água por há, dependendo do sistema de irrigação; parte dessa água infiltra, outra parte evapora, a outra parte é transpirada pela planta e pequena parte dessa água é transportada para outros locais através da umidade dos grãos.
    Sabemos que os produtores e técnicos estão muito atentos na redução da demanda dessa água melhorando o manejo entre outras técnicas; pois além de melhor aproveitamento dos mananciais, reduz custos de energias, através dos bombeamentos reduzindo o custo de produção.
    O sistema de irrigação por inundação que é utilizado na cultura do arroz é considerado o menos eficiente, isso quer dizer que a água retirada dos mananciais, parte evapora, parte infiltra nos canais e outra parte é demandada pela planta. Essa água não é perdida. A irrigação por gotejamento tem uma eficiência melhor chegando a 95%. No entanto a demanda da cultura continua sendo a mesma.
    A sociedade de modo geral precisa saber o que é consumo e o que é demanda de água. Produtores não são os vilões dessa história.

  • Apenas gostaria de parabenizar o José Enoir Daniel pelo seu comentário.Precisamos dizer as verdades sobre o consumo de água no arroz.Infelizmente o que aparece na mídia são inverdades.Qto a preços continuamos produzindo sem termos conhecimento por qto vamos vender.A midia só fala em super safra.Quem fala que estamos sem margem de lucro?A indústria coloca sua margem de lucro e o produtor ?

  • Li atentamente a matéria acima. Conheço o Tejon Megido e o mencionado Marlon Marques. Este último é um renomado técnico, conhecido pela maioria aqui da região. Não falei com ele pessoalmente sobre os dados fantásticos mencionados pelo Tejon, mas, a serem verdadeiros, me passa a impressão de que somos todos muito incompetentes se continuarmos utilizando o método tradicional de irrigação. O que foi descrito por ele me parece tão inverossímil que acho que houve algum equívoco, ou na digitação, ou algum ruído na informação a ele prestada. Não duvido dos dados de USO (não consumo) de água, porém acho que o número da produtividade está estranho, para falar o mínimo. Além disso, o autor também não mencionou nada a respeito do custo e outros detalhes para implantação do dito sistema de irrigação. Me parece meio milagroso da forma como descrito.

  • Indiferente á exatidão dos números apresentados, e por conhecer as pessoas envolvidas e métodos mencionados, acredito que todos modelos de sistemas necessitam adequação e muito planejamento, com o modelo mencionado não é diferente, e sabemos que existem casos de maior e menor sucesso neste mesmo modelo, como em todos os outros modelos de irrigação, depende de como cada um consegue gerir e adequar seu modelo para esse novo método, pois as diferentes oportunidades geradas á partir desse modelo, que possibilitaria o uso da área para outras culturas tidas como de risco por déficiti hídrico, durante um período que normalmente seria pousio, e a possibilidade de irrigar áreas onde a irrigação por inundação torna-se onerosa por particularidades diversas, e, ainda, a possibilidade de trabalhar em outros mercados que não só o do arroz, é que serão, na minha humilde opinião, o grande diferencial de rentabilidade do sistema.
    compartilho integralmente do comentário do sr.José Enoir Daniel, demanda não quer dizer consumo, e precisamos salientar isso cada vez mais.

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