Quebra na safra de arroz será de 55% em Santa Cruz do Sul (RS)

Não é apenas a produtividade que caiu, mas também a qualidade dos grãos. Eles não se desenvolveram e estão quebradiços, o que prejudica a classificação.

A safra de arroz deverá ter quebra de 55% em Santa Cruz do Sul (RS). Enquanto a produtividade média, em anos normais, é de 6 mil quilos do cereal por hectare ( o município planta 1.600 hectares), em 2005, devido à seca, os produtores devem colher apenas 2.700. A informação é do técnico agrícola Ademir Santin, do escritório municipal da Emater-RS/Ascar.

Na regional de Estrela, da qual fazem parte nove municípios do Vale do Rio Pardo, 50% do arroz já foi colhido. A previsão de quebra é de 43%: das 62 mil toneladas estimadas, devem ser obtidas apenas 35 mil. Em Santa Cruz, conforme o técnico, o problema foi a falta d’água no Rio Pardinho e no Arroio Taquari Mirim. “Pagamos licença, mas não temos água para utilizar”, afirma Germano Ervino Pretzel, do distrito de Pinheiral.

Ele vai colher somente a metade dos 70 hectares plantados. “Estou acostumado a tirar 150 sacos ? de 50 quilos ? por hectare, e este ano estou conseguindo apenas de 75 a 80”, lamenta. Outro problema é a qualidade do cereal que está sendo colhido. “Para conseguir bom preço, é preciso mais de 57% de grão inteiro, e eu tenho entre 45% e 55%.”

O sócio de Pretzel no secador, Flávio Hermes,acrescenta que, além de o grão não ter massa, é quebradiço. “Não dá para arroz branco, apenas para parbolizado.” A previsão dele era colher mais de 6 mil sacos, mas parou em 800. “A sorte é que só tenho um trator financiado.” Já Pretzel tem dois para pagar. “Minha vantagem é ser dono da terra, ter colheitadeira e secador. Se precisasse pagar arrendamento e secagem, o melhor seria nem colher”, afirma.

Hildor Hentschke, que há 20 anos cultiva o cereal em Pinheiral, nunca havia visto situação como a provocada pela seca deste ano. “Tiro sempre 4.500 sacos, mas, nesta safra, talvez chegue a 2 mil. Até agora, não deu arroz tipo 1, que é o de melhor preço.” O preço pago pela classe que ele está obtendo na colheita é de R$ 22,50 o saco.

Os arrozeiros que dependem do Taquari Mirim defendem a construção de uma barragem na cabeceira do arroio. “Seria bom até mesmo para evitar que a água descesse muito depressa quando chove demais, pois também sofremos com as enxurradas”, afirma Pretzel.

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