Quebra nos EUA pode ajudar
Colheita nos EUA foi afetada pelo excesso de chuvas e furacões
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Com os Estados Unidos enfrentando dificuldades climáticas na safra desta temporada, tendo áreas plantadas no sul do país que não serão colhidas devido às chuvas, os preços na Bolsa de Chicago (Cbot) se encontraram muito elevados ao final de outubro. “E com o real desvalorizado, esse cenário abre espaço para preços de venda muito atrativos no mercado internacional, em especial no caribenho, como indicado nos embarques para Porto Rico e Venezuela nesta temporada”, considera o analista Élcio Bento, da Safras & Mercado.
Ele entende que com safra menor em torno de 17%, os Estados Unidos podem acabar ajudando o Brasil e o Mercosul a desafogarem seus estoques atendendo demandas regionais do Caribe, da América Latina e até do Oriente Médio. “Isso já aconteceu em 2016/17, quando a safra dos EUA teve uma quebra de 25% e o Brasil assumiu o fornecimento para a Venezuela e outros países da região”, observa.
SALDO
O saldo exportável no trio de parceiros de bloco do Mercosul é próximo a 3 milhões de toneladas anuais, sendo possível que o Brasil importe todo o saldo do Paraguai, que elevou a área e colheu um volume recorde de mais de 1 milhão de toneladas (base casca) e, com altas rentabilidades, praticamente dobrou o volume produzido em apenas seis anos.
A Argentina e o Uruguai passam pelas mesmas dificuldades de competitividade com o mercado do Paraguai e do Brasil. Os altos custos de produção nestes dois países fazem com que a área de produção sofra redução para a próxima temporada. Ainda assim, a Argentina conta com alguns mercados que até então eram mais fechados para a entrada do produto brasileiro e paraguaio, como o Iraque, país com o qual negociou grandes volumes nos últimos anos e que agora abre as portas para o cereal brasileiro. “Enquanto isso, o Uruguai deve tentar destinar boa parte de seu excedente exportável no final deste ano para o mercado brasileiro”, explica Élcio Bento.