Queda em todos os estados afetou a colheita total da safra de arroz

 Queda em todos os estados afetou a colheita total da safra de arroz

(Por Planeta Arroz) O anúncio de que o Brasil colherá a menor safra de arroz em 26 anos, pela Conab, trouxe um impacto psicológico para o mercado, mas não surpreende quem está acompanhando o setor produtivo há muitos anos. Em primeiro lugar, porque a falta de margem de lucro afetou a área cultivada, que chegou a mais de 3 milhões de hectares há 25 anos, e agora representa 1,4 milhão, ou seja, menos da metade. Em segundo lugar, porque a evolução do manejo das culturas, pragas, doenças e invasoras e também do ambiente e um significativo avanço na genética das sementes, trouxeram maior produtividade às lavouras. Por último, de novo a tecnologia impacta positivamente, pois o advento do cultivo de soja e milho e pastagem em terras baixas deu alternativas e escolhas ao agricultor.

A Conab anunciou que a área caiu 9,3%, para 1,467 milhão de hectares. Serão 151 mil hectares a menos que os 1,618 milhão de hectares do ano passado. A produtividade evoluirá apenas 66 quilos por hectare, de 6.667 quilos para 6.733 quilos por hectare (1%) enquanto a produção total cairá 909 mil toneladas, ou 8,4%, de 10,789 para 9,880 milhões de toneladas.

ESTADOS

No Rio Grande do Sul, segundo a Conab, a área foi reduzida em 9,9%, ou 94,8 mil hectares, dos 957,4 mil semeados em 2021/22 para 862,6 mil hectares em 2022/23. O Irga prevê que a área colhida seja menor ainda, em 838 mil hectares, ou quase 25 mil perdidas. A produtividade, porém, subirá 0,6%, pois com a previsão de seca, parte dos produtores evitaram lavouras mais altas, com mais levantes e risco de faltar água para a irrigação. Com isso, haverá 44 quilos a mais por hectare, em média, passando de 7.995 para 8.039.  Caso toda a área semeada fosse colhida, a projeção da Conab alcançaria 6.934,4 mil toneladas. No ano passado foram 7,654 milhões.

Segundo a Conab, as lavouras gaúchas estão em fase de enchimento de grãos e apresentam áreas em maturação e até mesmo já há colheita na Fronteira Oeste, ao passo que algumas áreas de plantio estabelecidas mais tardiamente ainda se encontram em floração.

A região da Fronteira Oeste e a Campanha foram as áreas onde a falta de chuva causou os maiores danos na cultura, e a temperatura foi um fator limitante. Por outro lado, em áreas produtoras onde não faltou água para a irrigação, há boas perspectivas para a safra, assim como a insolação disponível no período ser adequada para a cultura, o que favorece o potencial produtivo.

A região sul apresenta um bom desenvolvimento, entretanto, grande parte das lavouras irrigadas, tendo como fonte a Lagoa dos Patos e seus afluentes, estão sendo prejudicadas pelo índice de salinidade superior ao tolerado pela cultura.

As regiões das Planícies Costeiras Interna e Externa apresentam lavouras com bom potencial produtivo, onde as condições de chuvas e dias de insolação foram mais regulares, favorecendo o desenvolvimento da cultura. A salinidade também foi um problema a ser contornado nessas regiões, mas com impactos mínimos sobre as lavouras, pois já se encontravam no final do ciclo.

A região Central, com atraso no ciclo, apresenta áreas ainda em estágio vegetativo. Alguns produtores continuam com dificuldades no abastecimento de água para a irrigação, com disponibilidade de água insuficiente para o manejo. Nessas áreas há estimativa de perdas significativas e diminuição na produtividade.

Já em Santa Catarina, a colheita teve início, e avança, em especial, na região do litoral norte. A área diminuiu três mil hectares, ou 0,7%, passando de 147,9 a 146,9 mil hectares. Mesmo com fortes chuvas em alguns períodos, em especial no Norte, a produtividade deve aumentar 93 quilos por hectare, para 8.060 quilos. Com isso, a produção ainda vai aumentar 0,5%, para 1,184 milhão de toneladas, segundo a Conab.

Salienta-se que o prolongamento do período de baixas temperaturas atrasou o ciclo da cultura, e a baixa luminosidade poderia influenciar na produtividade e na uniformidade dos grãos. Atualmente, nas áreas em floração, as temperaturas estão elevadas, demandando atenção em virtude da possibilidade de abortamento de flores, apesar dessas condições de ausência de chuvas que propicia a execução da colheita.

No grande produtor do Brasil Central, o Tocantins, o volume de chuvas nas regiões de produção vem favorecendo as lavouras que estão em fase reprodutiva. Os produtores inundam também as áreas sistematizadas, principalmente em fase de enchimento de grãos, fase com maior demanda hídrica. As lavouras estão em boas condições de desenvolvimento. Quanto ao arroz de sequeiro, as lavouras também apresentam bom desenvolvimento. Houve uma retração da área cultivada do arroz total no estado, devido principalmente à elevação no preço dos insumos. O Tocantins reduziu em 12,7% a área semeada (13 mil hectares) para 87,7 mil hectares. A produtividade cairá 49 quilos, para 5.530 quilos por hectare e a produção total deve fechar em 485 mil toneladas, ou -13,5% do que no ano passado.

Enquanto isso, no Mato Grosso: o índice pluviométrico acumulado para o período tem sido benéfico para o arrozal, de acordo com a exigência da cultura, apresentando bom desenvolvimento. Estima-se que a maior parte das lavouras estejam na fase vegetativa, havendo também uma parcela das áreas em maturação, estando quase no ponto de colheita. Espera-se que a produtividade se mantenha com elevação de 1,4%, passando de 3.559 para 3.608. A  produção total deverá cair 19,1% para 268,8 mil toneladas. Os baixos preços praticados durante toda a entressafra, aliados à forte rentabilidade de culturas concorrentes em âmbito estadual, têm refletido na retração que ocorre nas áreas produtoras do estado.

No Maranhão também houve queda. A área foi reduzida em 7 mil hectares (-8,7%) para 94,6 mil hectares. A produtividade cairá 2,3%, para 1.997 quilos por hectare. A produção redução produtiva será de 10,8%, para 188,9 mil toneladas. Há relatos de aparecimento de percevejos nas lavouras em razão da alta temperatura, ocasionando uma diminuição no potencial de produção e na qualidade do produto em relação à safra anterior. A cultura de sequeiro, cultivada em sua maioria pelos produtores da agricultura familiar, apresentou redução de 7% em relação à safra anterior devido, principalmente, à diminuição do fornecimento de sementes.

1 Comentário

  • Isso não é novidade pro produtor q com altos custos pulou pra soja q remunera melhor e com déficit hídrico é melhor opção, na verdade não sei se área de arroz chega a 800.000 hectares, já q com falta de água, muitos produtores desistiram do arroz e plantaram soja.

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