Queda livre nos preços do arroz em casca gaúcho

No Mato Grosso, o arroz mantém preços abaixo do mínimo. Beneficiado também registra queda e a oferta de produto aumenta em todo o Brasil.

O mercado do arroz em casca registrou a segunda semana seguida de forte queda no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina e no Mato Grosso o cenário permanece inalterado. O Centro-Oeste registra bastante procura pelo arroz primavera de melhor qualidade e quase nenhuma oferta, embora isso ainda não tenha refletido nos preços. Há excesso de oferta de arroz Cirad, mas os cerealistas não mostram interesse em comprar além do necessário para misturar uma baixa percentagem com o primavera, mesmo no caso de parboilização.

Os produtores estão ofertando mais arroz, para transformar o produto em dinheiro e buscar insumos para o preparo da nova lavoura, que começa a ser plantada em menos de 50 dias no RS. O saco de 50 quilos do arroz em casca com 58% de grãos inteiros (para branco Tipo 1) é cotado na maioria das praças gaúchas entre R$ 18,00 e R$ 18,50. Arroz de melhor qualidade e de variedades de elite, são cotados por até R$ 22,00 (63% inteiros) em algumas praças. Em Santa Vitória do Palmar, no extremo Sul gaúcho, o saco de 50 quilos do arroz padrão é comercializado a R$ 17,00.

A tendência é de que os preços de todo o RS abram, segunda feira, sinalizando nova baixa e aproximando-se mais dos R$ 17,50. Em Santa Catarina os preços se mantêm na faixa de R$ 18,50 em Joinville e R$ 19,00 em Araranguá. Tem arroz esbramado do Uruguai chegando na grande Porto Alegre com preço final de R$ 20,00 (equivalência 50kg). O valor é altamente competitivo, considerando a média igual ou superior a 62% de inteiros e que a indústria ainda fica com o canjicão e a quirera.

No Mato Grosso, o arroz em casca segue mantendo as cotações de R$ 21,00 para o saco de 60 quilos da variedade primavera com 50% acima de inteiros (final em Cuiabá). O Cirad, com a mesma especificação, é cotado a R$ 14,50/R$ 15,00 em Cuiabá. O Cirad com 45% de inteiros é cotado a R$ 11,00 em Cuiabá ou R$ 8,50 a R$ 9,00 em Sorriso, Sinop e Feliz Natal (MT). Existe grande pressão de oferta de arroz fraco (Cirad), mas os cerealistas não compram. Em contrapartida, há grande procura pelo primavera de melhor qualidade, que já é raro no estado. Isso, contudo, ainda não refletiu no preço.

Beneficiado

O arroz beneficiado também apresenta uma tendência de queda. Depois de cair de R$ 39,00 para cotação de R$ 37,00 em 15 dias (pagamento até 7 dias) alguns compradores já pressionam para chegar a R$ 36,00 (FOB/RS) o saco de 60 quilos beneficiado (para empacotar) do arroz branco Tipo 1. Esse produto chega em São Paulo com o preço final de R$ 50,00, pois a pauta do ICMS gaúcho mantém R$ 47,00 para este produto, hoje comercializado por mais de R$ 10,00 abaixo.

O saco de 60 quilos beneficiado do Mato Grosso é cotado em R$ 44,00 a R$ 45,00 (primavera) em São Paulo. O Cirad é cotado a R$ 30,00. O arroz beneficiado uruguaio está chegando a São Paulo por R$ 47,00 (equivalência 60kg) como preço final, valor muito competitivo em comparação ao arroz do Sul. E a pressão não é maior porque existem dois barcos carregando em Montevidéo para exportação.

O fardo do arroz beneficiado do Rio Grande do Sul (30kg – Tipo 1) também sofreu uma queda brusca nos últimos dias e já é negociado por R$ 26,50 a R$ 27,00 (FOB) em muitas regiões gaúchas. O preço final, em São Paulo, fica em R$ 29,50 a R$ 30,00. Algumas marcas diferenciadas ainda mantêm R$ 31,00 a R$ 33,00, mas outras empresas que estão buscando abrir mercado operam com preço final em São Paulo de até R$ 26,00, o que preocupa o mercado.

O arroz beneficiado catarinense chega a São Paulo, na média, por R$ 31,50. Mas existem algumas marcas mais valorizadas e outras operando até na faixa de R$ 27,00. O fardo de 30 quilos de arroz Tipo 1, beneficiado e do Mato Grosso chega a São Paulo por R$ 25,00 (primavera) e R$ 21,00
(Cirad).

Derivados

O mercado para derivados do arroz segue com relativo equilíbrio. O canjicão (quebrado) bastante procurado para exportação está mantendo a cotação de R$ 23,50 (FOB) para o saco de 60 quilos. A quirera é cotada a R$ 20,50 (FOB). A procura continua alta.

Conclusão:

A realização dos leilões de contratos de opção privados e públicos ainda não está refletindo no mercado. A queda nos preços do mercado livre está fazendo com que seja maior a demanda pelos contratos de opção e gerando ágio acima de R$ 2,15. A expectativa é de que no leilão da próxima semana o ágio aproxime-se de R$ 2,50. Nem mesmo a possibilidade de prorrogação das primeiras parcelas do custeio está influenciando o mercado. Dois fatores são importantes para este cenário: o excesso de produto no mercado interno (O Rio Grande do Sul ainda teria mais de 60% da safra para comercializar) agravado pela pressão de oferta do Mercosul, bem como a necessidade do produtor ofertar para transformar o produto em recursos para garantir o preparo da lavoura para a próxima safra.

Apesar do atraso, um número considerável de produtores da Campanha, da Fronteira-Oeste e da Depressão Central gaúcha já começou a preparar a terra para a próxima safra aproveitando o veranico de duas semanas que ocorre no Rio Grande do Sul. O plantio, no Rio Grande do Sul, começa dentro de 40 dias.

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