Queda no preço do arroz chega a quase 25% no Norte de Santa Catarina

 Queda no preço do arroz chega a quase 25% no Norte de Santa Catarina

Apesar da baixa expectativa em relação à safra, colheita iniciou na semana passad

O valor da saca caiu de R$ 45 na safra passada para R$ 33 neste ano, afirma presidente da Cooperativa Juriti. A média estadual deve cair 17%.

A colheita da safra de arroz está longe de terminar, ao contrário, ela mal começou. Mas, apesar de a expectativa ser de uma boa produção, os produtores devem começar a calcular os prejuízos. Isso porque o preço deve sofrer uma queda drástica em relação ao último ano, conforme explica Orlando Giovanella, presidente da Cooperativa Juriti. Embora enalteça a produção, apontando a saúde do arroz, Giovanella lamenta o preço que será praticado neste ano. A queda chega a quase 25% no valor da saca. Em 2017, o preço pago ao produtor da cooperativa foi de R$ 45. Neste ano, o valor não ultrapassará os R$ 33, 12 a menos do que na safra anterior. “É muito difícil esse preço para o produtor, mas infelizmente o mercado não comporta pagar um valor superior a esse”, lamenta.

O presidente afirma que este valor está muito abaixo do esperado e que a queda no preço pago pela saca aliado ao aumento do custo de produção faz com que a situação do produtor se complique ainda mais. Para Giovanella, uma série de fatores fez o preço despencar. “A indústria está sendo massacrada por todos os lados. Há a pressão de mercado, da baixa nos preços, os graves problemas com altos impostos que variam entre estados. Além disso, o Paraguai está colocando uma quantidade cada vez maior no Brasil e essa produção chega aqui quase sem impostos enquanto nós temos encargos muito altos. O custo de produção lá também é muito mais baixo do que os que temos aqui. Para ter uma ideia, os insumos que são utilizados lá chegam a custar um terço do valor que nós pagamos aqui”, explica.

Com cerca de 750 cooperados, a Juriti recebeu, na safra passada, 1,6 milhão de sacas de arroz produzidas pelos associados. Se a comparação fosse realizada com a mesma quantidade de produção e aplicando o valor de R$ 33 por saca – R$ 12 a menos do que o preço praticado na safra 2017 –, a queda chegaria a R$ 19,2 milhões. “A situação já havia se agravado em 2017 e agora, no início deste ano recebemos com enorme preocupação a situação do produtor baseada nos valores que poderão ser pagos. Isso acaba atrapalhando toda a nossa região, que é uma região produtora de arroz e este valor deixa de circular no mercado”, ressalta.

Para Giovanella, o governo deveria investir em ações e subsídios que pudessem incentivar a produção e também valorizar o produto. “Não há incentivo, há uma série de fatores e atitudes que poderiam ser tomadas para valorizar o produtor e a produção fazendo com que o preço praticado fosse, de fato, justo. A equalização de impostos, por exemplo, o produto do Mercosul entrando no país pelo menos com a mesma carga tributária com a qual trabalhamos são algumas ações que tornariam uma concorrência mais leal”, revela. “Tudo que o agricultor pode fazer e investir na propriedade, na cultura do arroz, ele tem feito. O produtor cuida com muito zelo da sua lavoura, mas infelizmente em virtude dos mercados e também em virtude dos eventos climáticos não sabemos como chegaremos ao final da colheita”, completa.

De acordo com o presidente da Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina), José Zeferino Pedrozo, a área plantada de arroz em todo o estado nesta safra é de 147.829 hectares, o que representa uma queda de 0,36% em relação a safra anterior. Pedrozo afirma ainda que a previsão é de que a produção neste ano chegue a 1.170.242 toneladas de arroz, o que também representaria queda, mas de 0,5%. Para o presidente da associação as quedas estão dentro de um padrão normal. “Na produção a queda não é significativa, mas no preço sim. Eu tenho a impressão de que os nossos produtores se salvam pela produtividade, que é alta. É ela que tem segurado e mantido para que não haja mudança para outra produção”, avalia.

Para o coordenador do Projeto Arroz, da Estação Experimental da Epagri de Itajaí, Klaus Scheuermann, a entrada do arroz produzido no Paraguai contribuiu para a queda nos valores praticados no Brasil. Apesar de muitas cooperativas ainda não divulgarem os valores que serão praticados, para ele, o valor em todo o estado não chegará a R$ 40, assim como indicam os valores já divulgados. “A expectativa não é boa e justamente por isso algumas cooperativas estão atrasando a abertura da safra em termos de preço. O arroz produzido no Paraguai e que entrou no mercado brasileiro contribuiu para a redução nos nossos preços. Quando lá há arroz sendo comercializado a 36 reais, fica difícil a gente ter um valor superior a esse aqui”, diz.

Assim como na Cooperativa Juriti, o preço médio que deve ser praticado em todo o estado sofreu uma queda brusca. De acordo com o presidente da Faesc, na safra passada o preço era de aproximadamente R$ 46,80 a saca. Neste ano, o valor não deve ultrapassar os R$ 39,27. A queda é de 17%. “Esse preço é desanimador, mas não encontramos, em curto prazo, uma perspectiva de melhora nos valores”, completa.

Área plantada de arroz em todo o estado nesta safra é de 147.829 hectares, o que representa uma queda de 0,36% em relação a safra anterior.

3 Comentários

  • Então agricultor, a situação é desesperadora. o nosso governo beneficiando o Paraguai as custa de nossa falência. Vamos nos unir, fazer algo. Se não acordarmos vamos ter que parar. Entidades! Federarroz e demais algo tem que ser feito. Um governo que mata seus agricultores para beneficiar outros países está destruindo o capital e a riqueza do próprio pais. Vamos nos tornar um pais importador, pais de miseráveis? Vamos enterrar nossa maior riqueza que é a agricultura? Lamentável.

  • Pra variar as Cooperativas ´´matando´´ seus cooperativados no preço, praticando valores bem inferiores que as industrias em geral. Não deveria ser ao contrario?

  • E tome empresa do RGSul vindo vender carga em SP a menos de 50 reais/CIF o fd; fecha a conta? Claro que não; alguem está pagando, pode ser em forma de sonegação; produto fora do padrão, malandragem fiscal ou calote no produtor..milagre só tem UM que faz; o resto é malandragem, e pra malandro ganhar alguem vai perder; enquanto isso o mercado funcional e que anda dentro da Lei é prejudicado por tais empresas..e vamos tocando.
    Como ví recentemente alguem comentar aqui; o mercado de arroz de hoje vai ser o de trigo do futuro no Brasil; largado e sem rentabilidade.

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