Quilombo paulista mantém banco de germoplasma natural

Descendentes de escravos produzem 11 variedades de arroz que só existem no quilombo e são cultivadas há mais de 350 anos.

Não é só em laboratórios que se desenvolvem novas sementes. O quilombo André Lopes, no Vale do Ribeira (SP), está chamando a atenção de diversos pesquisadores para as suas roças. São mais de 350 anos de cultivo e, há dois anos, a Fundação Instituto de Terras (Itesp), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, percebeu a riqueza das plantações de feijão, arroz e milho da comunidade.

As roças, que são utilizadas para a subsistência das famílias, possuem alguns tipos de sementes que surgiram lá e não são conhecidas em outros lugares. Um exemplo é o feijão mamona, que, segundo o analista de desenvolvimento agrário Justiniano Carnero, “só existe lá.”

Pesquisadores da Universidade de Viçosa afirmaram que o método utilizado pelos quilombolas para plantar feijão, chamado de calabiado, em que as espécies são cultivadas misturadas, faz com que surjam novas sementes, impossíveis de serem desenvolvidas em laboratórios. A variedade é tanta que, só de arroz, existem 11 tipos de sementes em André Lopes.

Além disso, percebeu-se que as roças quilombolas estão contribuindo com a fauna local, já que muitas espécies se alimentam da plantação. Segundo Carnero, a fauna da região é muito rica, mas alguns animais costumam passar fome pela falta de alimentos.

A produção também chama a atenção de diversas organizações, que procuram o quilombo atrás de sementes. “Se acabar, é o único local que têm aquelas sementes no Vale do Ribeira”, completa o funcionário do Itesp.

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