Reação produtiva na Ásia afeta o comércio mundial

 Reação produtiva na Ásia  afeta o comércio mundial

Mercosul, Estados Unidos,
África e Austrália tiveram
colheitas menores.

 Melhores colheitas e aumento dos estoques na Ásia foram fundamentais para uma redução de 6,2% no comércio global de arroz. A conclusão é baseada no Informativo Mensal do Mercado Mundial do Arroz (Inter-Arroz), divulgado em janeiro pelo economista Patrício Méndez del Villar, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), de Montpellier, na França. Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) apontam uma redução de 0,5% na produção mundial do grão em 2019, frente a 2018, para 775,6 milhões de toneladas (base casca), o que corresponde a 515 milhões de toneladas de arroz branco.

Méndez del Villar explica que a produção chinesa foi menos afetada do que o esperado pelo fenômeno climático El Niño. Na Índia, com ajustes dos preços mínimos de compra pelo governo, a produção aumentou um pouco, assim como no restante das grandes regiões produtoras asiáticas. Em contrapartida, na África Subsaariana as chuvas insuficientes afetaram as colheitas, principalmente nas regiões ocidentais, onde se estima um declínio de 3% em relação a 2018, principalmente na Nigéria e no Mali. “No resto do continente a produção permaneceu relativamente estável”, observa.

Também foram registradas quedas produtivas nas Américas e na Oceania. “No Mercosul, as safras foram menores em 2019 devido a uma redução adicional nas áreas cultivadas. Nos Estados Unidos, as colheitas também diminuíram 15% por interferência do clima desfavorável, enquanto na Austrália a produção caiu 75%, em especial por causa da seca”.

COMÉRCIO
O comércio mundial de arroz em 2019 baixou 6,2% seu volume de negócios, para 45,5 milhões de toneladas, contra 48,5 milhões de toneladas em 2018. Com safras maiores, os principais importadores asiáticos reduziram suas demandas, exceto as Filipinas. Essa redução no comércio mundial afetou principalmente a Tailândia, onde as exportações teriam caído até 30% pela combinação de preços mais elevados e moeda valorizada. Na Índia, o maior exportador global, as vendas recuaram 12%. “Por outro lado, nos demais grandes exportadores, incluindo os Estados Unidos que teve uma safra maior em 2018, as vendas externas permaneceram estáveis ou até marcaram um aumento”, observa Patrício Méndez del Villar.

Ele frisa que a China é hoje o quinto maior exportador do mundo, posição que espera consolidar em 2020. Já os exportadores do Mercosul, assim como a Austrália, viram suas vendas caírem pela redução da disponibilidade exportável. Na África, as importações aumentaram 3,6% para 17,3 milhões de toneladas contra 16,7 Mt em 2018. A expectativa é de que a safra global em 2020 seja praticamente estável por causa dos grandes estoques formados pelos grandes exportadores. O comércio mundial deve apresentar leve recuperação, de 2,5%, para 46,6 milhões de toneladas.

 


China:
maior produtor e importador mundial

 

FIQUE DE OLHO
Os estoques globais de arroz no fim de 2019 aumentaram significativamente 5% para 183 Mt contra 174,3 Mt em 2018, atingindo seu nível histórico mais alto. Essas reservas representam 36% das necessidades globais. O novo aumento se deve, essencialmente, à reconstituição das reservas chinesas e indianas, bem como da Indonésia e das Filipinas. Os estoques dos principais países exportadores também se recuperaram em 37 milhões de toneladas, equivalente a 22% das reservas mundiais.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter