Reativação da fábrica de arroz de Igreja Nova vai incrementar produção em Alagoas

 Reativação da fábrica de arroz de Igreja Nova vai incrementar produção em Alagoas

secagem do arroz em Igreja Nova (AL)

Consórcio pode reativar fábrica de beneficiamento de arroz em Igreja Nova.

A formação de um consórcio entre o Grupo Santana e a Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil) pode reativar a Unidade de Beneficiamento de Arroz (UBA), indústria instalada em Igreja Nova, município que concentra a maior produção do grão em Alagoas. A articulação entre a empresa potiguar e a cooperativa catarinense é apontada como a saída para a retomada do funcionamento da fábrica desativada desde 2002.

Construída em 1986 pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), órgão atualmente ligado ao Ministério da Integração Nacional, a UBA foi doada ao governo estadual que chegou inclusive a ceder o uso da fábrica para uma cooperativa do Sertão alagoano (Carpil) na tentativa de viabilizar o beneficiamento e a comercialização do arroz produzido na região do Baixo São Francisco alagoano. As iniciativas não renderam os resultados esperados, provocando o fechamento da UBA.

Leiloada pelo governo de Alagoas em maio de 2006, a fábrica foi arrematada por seu preço mínimo, R$ 1 milhão e 340 mil, pelo empresário Ivanilson Araújo, dono do Grupo Santana, sediado no Rio Grande do Norte. Ao lado do presidente da Cravil, Harry Drow, Ivanílson Araújo falou sobre a perspectiva de reativar a UBA ainda este ano durante reunião realizada na sede da Codevasf em Penedo na última quinta-feira, 10.

Articulação acontece há 3 anos

De acordo com o dono do Grupo Santana, a articulação com a Cravil acontece há três anos e está prestes a ser finalizada. “A nossa parceria vai colocar a Cravil, a maior indústria de arroz do país, à frente das partes de aquisição e comercialização. O Grupo Santana continua com a parte da indústria que deve voltar a operar ainda este ano”, declarou Ivanílson Araújo à reportagem do aquiacontece.com.br.

O empresário disse que ainda não conseguiu cumprir com os prazos de reativação anunciados anteriormente por conta de contratempos burocráticos e de ordem empresarial, desde estudos de viabilidade e modernização da fábrica até a saída de um parceiro do Rio Grande do Sul, sociedade desfeita no ano passado que obrigou o Grupo Santana a refazer toda a documentação exigida para funcionamento da UBA, processo concluído em dezembro do ano passado.

Ivanílson Araújo reafirmou seu compromisso de trabalhar com um modelo “para fortalecer o produtor de arroz e garantir a comercialização”, além de investir numa unidade de beneficiamento de sementes, na modernização do maquinário da fábrica que poderá ganhar uma unidade de parboilização por conta da parceria com a cooperativa catarinense. O processo de tratamento no grão tem mercado garantido no Nordeste, onde estão 90% dos clientes da Cravil.

Consumidores, fábrica e produção de arroz

A concentração massiva do seu mercado consumidor na região nordestina, aliada à possibilidade de beneficiar o grão numa fábrica instalada dentro de uma região onde a rizicultura predomina, são fatores que despertaram o interesse da Cravil, cooperativa fundada há 30 anos a partir da fusão de cinco pequenas cooperativas no Vale do Itajaí, região de Santa Catarina. A produção atual da Cravil é de 150 mil fardos de 30 quilos de arroz por mês, 90% de arroz parboilizado e o restante de arroz branco.

Com a formação do consórcio entre o Grupo Santana e a Cravil, a produção do arroz no Baixo São Francisco alagoano poderá superar seu principal obstáculo: a comercialização. O grão tem sido vendido ‘in natura’, inclusive clandestinamente, ou processado inadequadamente e ainda em baixa quantidade, conforme foi dito durante a reunião desta quinta, 10.

Já no quesito produção, houve crescimento nos últimos anos. De acordo com dados da Codevasf, os dois perímetros irrigados (Boacica e Itiúba) construídos pela companhia entre Igreja Nova e Porto Real do Colégio produzem cerca de 20 mil toneladas de arroz e movimentam aproximadamente R$ 10 milhões na região do BSF de Alagoas.

Produtores de arroz enfrentam problemas

Apesar dos números otimistas, produtores de arroz dos perímetros enfrentam problemas que se arrastam ao longo dos anos. Além da dificuldade de vender o grão por valor que compense o investimento, a carência de assistência técnica regular é um dos entraves, ausência agravada por situações como manutenção precária dos canais de irrigação, irregularidade no bombeamento e drenagem de água dos lotes onde o plantio é realizado.

Presente à reunião na Codevasf, o produtor de arroz Antônio dos Santos, mais conhecido como “Inha”, disse à reportagem do site que das doze bombas flutuantes que fazem a captação de água do rio São Francisco para os lotes, apenas quatro estão operando. Pior mesmo é a situação dos equipamentos que fazem a drenagem.

Segundo o rizicultor que trabalha em um lote há 17 anos e é membro do Conselho do Distrito Boacica, das nove bombas que retiram água das áreas de plantio, somente cinco funcionam, mas somente três podem operar simultaneamente porque o potencial energético disponível não suporta as cinco ao mesmo tempo, causando quedas de tensão.

1 Comentário

  • Eu ainda sonho com a regionalização ou ordenar o plantio de uma cultura vinculada ao seu poder de mercado. De que adianta sermos os mais competentes produtores de arroz , se não temos preço de mercado compativel para continuar na cultura? E, ainda querem partir para plantar arroz onde hoje são os nossos compradores? E o que faremos com o arroz do RS? jogamos fora? comida animal? Ora, irriguem, mas plantem outras culturas, soja, milho, feijão, uva, implantem bacias leiteiras. Não sei mais……

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