Receita para viver 100 anos

 Receita para viver 100 anos

Lucchese: expectativa de vida

Comer arroz faz bem e não engorda.

O marketing do arroz é muito ruim, pelo menos no Brasil. A afirmação, que não chega a ser nenhuma novidade, pode ser comprovada na palestra “Arroz é saúde”, apresentada pelo médico cardiologista Fernando Lucchese, durante a 18ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Cachoeirinha (RS). Autor de best-sellers como “A dieta mediterrânea: com sabor brasileiro” (em parceria com Anonymus Gourmet), “Pílulas para viver mais” e “Desembarcando o diabetes” (editados pela L&PM), Lucchese fez mais do que chamar (e prender) a atenção de uma platéia repleta de arrozeiros para a importância “fantástica” do cereal na alimentação humana. Mostrou, com base em estudos científicos, “uma coisa que lá fora eles já sabem” há muito tempo: como uma dieta saudável, à base de grãos e outros componentes, ajuda a prolongar a expectativa de vida. 

A fórmula da longevidade, também conhecida como a dieta mediterrânea, consiste basicamente de grãos (arroz e feijão), azeite de oliva, peixe, vinho e pouca gordura animal. Como o próprio nome já diz, tem origem na região da Europa que compreende os 12 mil quilômetros de costa do Mar Mediterrâneo, sendo adotada em 14 países, entre eles Grécia e Itália. Seus benefícios foram comprovados em 1958, a partir de um estudo que envolveu 13 mil homens de sete países (Grécia, Itália, Iugoslávia, Japão, Finlândia, Holanda e Estados Unidos), com idades entre 40 e 59 anos, durante cinco anos. A pesquisa mostrou que norte-americanos, holandeses e finlandeses apresentavam duas vezes mais doenças coronárias do que italianos e quatro vezes mais do que gregos. 

Lucchese lembrou aos participantes de que todos os “ingredientes” que integram a dieta mediterrânea estão presentes, de alguma maneira, na cultura alimentar dos brasileiros, mas destacou o “peso” que o arroz (aliado ao feijão) tem sobre o cardápio da população. Além das propriedades nutricionais do grão (ver tabela), o médico destacou a importância do cereal na prevenção de doenças, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): reduz a incidência de câncer de boca, faringe e laringe, previne a cárie, auxilia no tratamento da diarréia e é um ótimo aliado no tratamento de úlcera gástrica. Em variedades geneticamente modificadas de arroz integral também ajuda na prevenção do vírus da hepatite B. Se associado ao feijão, os benefícios são ainda maiores. “Os dois alimentos se completam perfeitamente”, observou o cardiologista.

Fique de olho
Lucchese sugeriu uma pequena receita para quem deseja viver 100 anos: manter a glicose, a pressão arterial e o colesterol normais, ser magro e praticar exercícios físicos. Ainda assim, observou que das 150 mil pessoas centenárias do mundo, 80% são mulheres. “E não adianta fazer cirurgia para mudar de sexo”.

 

Arroz e feijão perdem a preferência

A má notícia, segundo Lucchese, é que a “dupla dinâmica” vem perdendo a preferência dos brasileiros na mesma medida em que cresce o consumo dos alimentos industrializados. De acordo com os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo IBGE em 2002/2003, houve uma redução de 23% no consumo de arroz e 30% no do feijão comparando com a mesma pesquisa em 1974/1975. Ele explicou que essa mudança no hábito alimentar da população, verificada sobretudo nos grandes centros urbanos, pode ser atribuída a uma série de fatores: o ritmo da vida moderna, o apelo comercial dos industrializados, o mito de que o arroz engorda e, obviamente, o marketing ruim do produto. 

Na visão do palestrante, a melhor estratégia para reverter este quadro é apostar nas virtudes do produto, como seu alto valor nutricional (item fundamental da cesta básica) e benefícios que traz para a saúde. Lembrou ainda que praticamente todas as dietas de emagrecimento (com exceção da preconizada pelo Dr. Atkins) mantêm o arroz em seus cardápios. Com muito bom humor, destacou que o pior marketing do produto é o aviso de “não contém glúten” estampado na embalagem. 

EQUAÇÃO – Estudos realizados pela Universidade de Stanford (EUA) apontam fatores que prolongam a vida: assistência médica (10%); genética (17%); meio ambiente sadio (20%) e estilo de vida (53%). Para o médico Fernando Lucchese, este último é a chave para entender a questão. Segundo a pesquisa, o estilo de vida leva em conta aspectos como vida (familiar e profissional) prazerosa, bem-estar físico e psíquico, alimentação organizada, etc. A equação é simples: estilo de vida = saúde = felicidade = longevidade. Complicado é colocar isso em prática!

Benefícios do arroz

– Tem alto valor nutricional 
– Importante fonte de minerais (fósforo, ferro e potássio) e vitaminas (tiamina, riboflavina)
– Auxilia na prevenção de doenças do sistema digestivo e do coração
– Reduz risco de câncer de intestino
– Regula a flora intestinal e é antidiarréico
– Recomendado para atletas. Médio valor calórico e lenta absorção
– Não contém glúten e colesterol (recomendado para celíacos)
– O arroz integral é rico em silício e cálcio (útil na prevenção da osteoporose)
– Pode auxiliar na prevenção de câncer oral

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