Recorde atrás de recorde

 Recorde atrás de recorde

Avanço em área e produtividade do arroz marca o ciclo 2024/25 no mundo

Índia lidera a produção, e o comércio global bate recorde histórico

A produção global de arroz voltou a crescer em 2024, impulsionada principalmente pelas boas colheitas na Ásia. Segundo o economista Patrício Méndez del Villar, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), na França, a estimativa é que a produção mundial alcance 818,6 milhões de toneladas (Mt), o que representa um aumento de 1,5% em relação ao ano anterior. Os dados constam no boletim InterArroz, publicação mensal que acompanha o mercado internacional do grão.

O crescimento foi puxado por safras robustas em países como Índia e China. Ainda que ambos tenham colhido menos do que o esperado inicialmente, a Índia conseguiu superar a China e assumir a liderança como maior produtora mundial de arroz — um marco que destaca sua crescente influência no mercado global.

Na África, a produção avançou de forma modesta, enquanto a América do Norte manteve a recuperação observada em 2023, quando o setor cresceu impressionantes 30%. Já no Mercado Comum do Sul (Mercosul), a tendência também é de expansão, com destaque para Brasil e Uruguai.

Demanda aquecida movimenta comércio internacional

O comércio mundial de arroz teve um salto expressivo em 2024. As exportações globais aumentaram 12,6%, atingindo um volume histórico de 59,7 Mt, ante 53 Mt no ano anterior. Segundo Méndez del Villar, o principal motor dessa expansão foi o aumento das importações por parte das Filipinas e da Indonésia, que recorreram fortemente ao mercado internacional para suprir suas demandas internas.

EEm contrapartida, a África Subsaariana — tradicionalmente o maior mercado importador do mundo — reduziu suas compras. A principal razão foi os preços elevados durante o primeiro semestre, reflexo direto das restrições temporárias impostas pela Índia às suas exportações. Apesar disso, o país asiático flexibilizou as regras e concedeu isenções a nações mais vulneráveis, especialmente africanas, cuja segurança alimentar depende de suas exportações.Outro movimento relevante foi o da China, que desacelerou fortemente suas importações em 2024, optando por utilizar suas reservas internas — uma decisão estratégica para preservar recursos e conter gastos.

Para 2025, as perspectivas são positivas. O boletim InterArroz apontou que o comércio global deverá seguir em crescimento, com avanço de 1,3%, superando, pela primeira vez, a marca de 60 Mt, o equivalente a 11% da produção mundial.

Estoques globais alcançam novo patamar

No campo dos estoques, 2024 também marcou um feito histórico. As reservas mundiais de arroz cresceram 2,8% e chegaram a 200 Mt — a maior cifra já registrada. A expectativa é que esse volume aumente ainda mais em 2025, alcançando 205,7 Mt, um crescimento adicional de 3,1%.

Embora a China tenha reduzido ligeiramente suas reservas, o país ainda detém uma posição dominante, com estoques que representam cerca de 70% do seu consumo anual e 50% das reservas globais. A queda chinesa foi compensada pelo avanço nos estoques indianos, resultado direto da política de limitação das exportações implementada pelo governo de Nova Délhi.

Mesmo com o maior estoque mundial, China deverá perder o posto de maior produtor para a Índia

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