Recorde sobre recorde
Produção e estoques de arroz vêm subindo no contexto mundial
Ainda precisando consolidar os dados, a Agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) estima que em 2024 a produção mundial de arroz teria sido maior que nas últimas temporadas, pois as áreas aumentaram. Isso ocorreu porque os produtores agiram estimulados pelos altos preços globais do primeiro semestre, quando restrições impostas pela Índia às exportações, a inflação dos alimentos ao redor do mundo e o clima redefiniram o patamar das cotações do grão, em especial o longo-fino.
A produção mundial teria atingido o recorde de 811,5 milhões de toneladas (Mt), que equivale a 538,8 Mt em base beneficiado. O avanço foi de 0,76% sobre a temporada anterior. Isso ocorreu graças a uma melhora substancial na produção indiana. Em contraste, as colheitas chinesas teriam sido menores do que esperado, segundo o economista Patrício Méndez del Villar, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (Cirad), da França.
A FAO diz que a produção mundial de arroz em 2023 aumentou 1,7%, para 805,4 Mt (534,8 Mt, base beneficiando), contra 791,6 Mt em 2022. Refletiu boas colheitas na Ásia, África e América do Norte. No Paquistão, a produção aumentou 30%, compensando em parte as quedas registradas na Índia, Tailândia e China. Nos EUA, a produção se recuperou 37%, retornando ao nível de 2021. No entanto, no Mercosul, a produção caiu novamente devido às más condições climáticas. Para 2025, a expectativa é de que a produção cresça 1%, para perto de 820 milhões de t em base casca e 540 Mt em base beneficiado.
COMÉRCIO
O aumento dos preços mundiais em 2023 obrigou os países importadores a adiarem ou reduzirem suas demandas de importação, tendência que inverteu no último trimestre de 2024 com a retomada das exportações indianas de longo-fino e o forte declínio dos preços mundiais. Estimativas recentes indicam que o comércio mundial teria aumentado 9%, ao patamar histórico de 57,7 Mt.
As projeções para 2025 reforçam a tendência, mas preveem queda na demanda de países como Indonésia. O comércio mundial poderia atingir 56Mt, um nível historicamente alto, mas 1,5% menor que em 2024.
As transações globais em 2023 caíram 6,2%, para 52,9 Mt, contra 56,3 Mt um ano antes. A redução se deve à queda nas importações chinesas e ao aumento da produção em regiões deficitárias, como na África, Oriente Médio e Ásia do Sul.
Fique de olho
Em 2024, os estoques mundiais de arroz aumentaram 2,6%, para 199,3 Mt, em base beneficiado. Projeta-se em 2025 um novo aumento, para um nível recorde de 204,5 Mt. As existências globais terminaram 2023 estáveis, em 194,3 Mt, contra 194,6 Mt em 2022, representando 38% das necessidades de consumo global. Os estoques chineses teriam diminuído de novo para compensar a estagnação produtiva e a queda das importações. Ainda assim, as reservas chinesas permanecem abundantes, cobrindo 70% do consumo doméstico anual e 50% dos estoques mundiais. Na Índia, os estoques aumentaram 5%, em grande parte devido às restrições de exportação, e nos principais países exportadores aumentaram para 57,5 Mt em 2023, pouco abaixo de 2022, representando 30% dos estoques globais.