Recordes e desafios compartilhados

 Recordes e desafios compartilhados

Exportação de arroz uruguaio: com produção recorde, problema é o preço

Colheita de arroz em 2025 no Cone Sul alcança números históricos

A safra de arroz de 2025 marca um capítulo notável para os países do Cone Sul — Argentina, Uruguai e Paraguai —, que registram colheitas recordes, impulsionadas por expansões de área cultivada e rendimentos excepcionais. Apesar do cenário promissor, os produtores enfrentam desafios relacionados à comercialização, aos custos de produção e à qualidade do grão.

O Uruguai alcançou a maior produção de arroz da história na safra 2024/25, totalizando 1,72 milhão de toneladas, segundo dados do Instituto Nacional de Investigação Agropecuária (Inia), em Treinta y Tres, em maio. O rendimento médio foi de 9.407 kg/ha — o terceiro mais alto já registrado no país. A área colhida subiu 21% sobre 2023/24, chegando a 182.847 hectares.

O leste uruguaio obteve melhor rendimento (9.546 kg/ha). O país mantém o ritmo de crescimento de 90 a 100 quilos por hectare/ano. Preocupa aos uruguaios, porém, a retração dos preços de exportação, que chegaram a US$ 17,50 em 2024 e devem ser provisoriamente fixados abaixo dos US$ 14,00 por saca de 50 quilos, base casca, em 2025.

Argentina
A Argentina registra a maior área cultivada em 10 anos: 223.500 hectares — mais 10,8% em relação a 2023/24. Corrientes lidera, com 109.000 ha. Os rendimentos variam de 6.800 a 10 mil kg/ha, a depender da variedade e da região. O rendimento médio teria alcançado 7.140 kg/ha. Segundo a Confederação dos Moinhos de Arroz do Mercosul (Conmasur), a Argentina produziu 1,596 milhão de toneladas de arroz, em base casca, e seu consumo deverá ficar em torno de 635 mil t. No entanto, os altos custos de irrigação, em especial devido ao aumento dos preços de energia elétrica e diesel, preocupam os produtores, que buscam estratégias para manter a rentabilidade para a próxima temporada.

Paraguai
O Paraguai teve um crescimento expressivo na produção de arroz, com a área cultivada superando 210 mil hectares — 12% em relação à campanha 2023/24 e 52% em comparação a uma década atrás. É projetada colheita de 1,42 milhão de t, com média de 6.750 kg/ha. O Paraguai consome cerca de 200 mil toneladas de arroz ao ano. Apesar dos bons números, a concentração da colheita em um curto período, devido à falta de umidade na época de semeadura, teria afetado a qualidade do grão. A capacidade limitada das plantas de processamento e a pressão sobre a logística de exportação representam desafios adicionais ao setor, que acaba carreando boa parte da oferta ao Brasil.

Oportunidades
A colheita recorde de arroz em 2025 reforça a posição dos países do Cone Sul como atores importantes no mercado global do cereal, mas expõe ainda a dependência do mercado consumidor brasileiro. No entanto, no conjunto deste bloco econômico, os desafios relacionados à comercialização, infraestrutura e custos de produção exigem atenção e estratégias coordenadas para garantir a sustentabilidade e competitividade do setor a longo prazo.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter