Recuperação de preços vai afetar exportações

A recuperação dos preços do arroz no mercado brasileiro e o câmbio com o Real valorizado retiram a competitividade do beneficiado e do parboilizado para exportação.

A recuperação de preços internos do arroz brasileiro e o fato da moeda brasileira estar supervalorizada perante o dólar deverão interferir decisivamente na expectativa de aumento das exportações de arroz beneficiado e parboilizado pelo Brasil. A informação é do empresário Pércio Grecco, da TRC do Brasil, empresa que exportou 13,2 mil toneladas de arroz beneficiado para Cuba em maio. O produto teve boa aceitação e foi avaliado como de muito boa qualidade, por isso não está descartado mais um contrato nos mesmos moldes.

Todavia com os preços internos em alta, mesmo com o apoio de mecanismo de comercialização, as indústrias já estão refazendo os cálculos e consideram “muito difícil” consolidar novas exportações do produto beneficiado, mesmo em situação de “esforço concentrado” como as que têm ocorrido. Ainda assim, há uma chance do Brasil consolidar negócios baseando-se pelo momento agitado do mercado internacional.

Segundo Grecco, o mercado internacional de arroz mostra-se bastante agitado e com uma tendência de alta pelo anúncio da USDA de que a safra dos Estados Unidos, que começa em setembro, será 11,5% menor. Especialistas já trabalham com a tendência de alta de 10 a 20 dólares por tonelada até setembro. Enquanto isso, outros grandes mercados exportadores, como a Tailândia, sofrem a intervenção do governo que estabelece cotas de embarque para assegurar preços mais altos e abastecimento interno.

– Isso faz com que a tonelada do arroz tailandês esteja na faixa de 320 dólares. E muitos outros mercados já trabalham neste patamar. O próprio arroz norte-americano está subindo. Isso tudo pode dar oportunidade de negócios para mais um pequeno volume de exportação de beneficiado brasileiro, mas vai depender muito das circunstâncias e do cenário no momento.

QUEBRADO

O problema, por enquanto, não atinge o arroz quebrado gaúcho que consolidou uma posição no mercado africano pela qualidade e o preço competitivo.

– Enquanto a tonelada do arroz quebrado para a África se mantiver na faixa de 170 a 185 dólares, este mercado será fiel – considera Grecco.

Segundo ele, o Brasil leva vantagem sobre seu principal concorrente, a Tailândia, no quesito qualidade. E com estes preços se mantém muito competitivo e poderá alcançar um volume próximo das 400 mil toneladas (base casca) exportadas no ano passado.

– A tendência é manter um navio a cada 40 dias, a menos que este derivado tenha uma alta significativa de preços.

MERCOSUL

A presença do Mercosul no mercado brasileiro é uma preocupação crescente entre os produtores gaúchos, mas até o momento as negociações não são significativas. Segundo Pércio Grecco, dois fatores estão interferindo. O primeiro é o fato do Uruguai estar consolidando forte presença no mercado internacional que no momento apresenta preços muito mais atraentes que o Brasil e usar este cenário para esperar um mercado brasileiro mais rentáve. O segundo, é o fato da produção orizícola argentina estar concentrada nas mãos de grupos fortes, que fortalecerão a característica de venda para o Brasil no segundo semestre.

– Esta característica é muito particular da Argentina, que sempre colocou mais arroz no Brasil no segundo semestre do ano/safra. E a indústria castelhana adotou a estratégia uruguaia, esperando preços melhores do Brasil para o segundo semestre.

ATITUDE

Para o empresário Pércio Grecco, mesmo com a perda da competitividade para o arroz beneficiado nacional no mercado mundial, o Brasil não pode perder a “atitude exportadora”. Segundo ele, é importante preservar a venda do arroz quebrado e consolidar a logística e a infra-estrutura necessária para exportar. Ele afirma que o diálogo entre o setor e o governo está evoluindo no sentido de consolidar acordos fitossanitários para exportação.

– Este encaminhamento deve ser feito pelas embaixadas. Elas devem informar quais os passos o setor deve dar para abrir as portas ao arroz brasileiro nestes países – destacou.

Como o arroz vive de ciclos, o empresário acredita que o setor precisa estar preparado para exportar no momento em que o mercado internacional for favorável para o arroz beneficiado.

– Precisamos consolidar uma cultura exportadora e buscar os meios para estruturar nossa participação no comércio exterior. Com a estrutura montada, ficará fácil competir no momento em que tivermos excedentes ou preços compatíveis – informa Grecco.

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