Rede Brasil Arroz retoma os trabalhos no Mato Grosso
Um ponto alto do seminário foi a entrega do termo de cessão para uso da marca coletiva do arroz de Mato Grosso.
A primeira fase do Projeto de transferência de tecnologia “Rede Brasil Arroz”, liderado pela Embrapa Arroz e Feijão terminou em dezembro de 2014. A Fase dois deste projeto esta iniciando neste semestre. A primeira atividade realizada em Mato Grosso (MT) foi a realização sa sexta edição do Seminário “Cultura do arroz de terras altas do estado de Mato Grosso, realizado em 24 de setembro em Cuiabá-MT.
Um ponto interessante foi que pela primeira vez a apresentação de aspectos positivos da orizicultura naquele estado superaram os negativos. O destaque do evento ficou por conta da opinião unânime entre os elos da cadeia produtiva de que a qualidade do arroz produzido em Mato Grosso é competitiva em qualquer mercado e que o futuro depende da capacidade das indústrias conquistar mercados sejam em outros estados ou exportar para outros países.
Nesse aspecto a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) apresentou iniciativas do programa Brazilian Rice visando a exportação do arroz brasileiro, na oportunidade convidou as empresas de Mato Grosso para integrar o grupo de empresas que já pertencem ao programa. Outro desafio foi a utilização de alternativas para tornar as indústrias mais eficientes energeticamente utilizando a casca do arroz, visto que a casca é uma biomassa que se não aproveitada torna-se um problema para seu descarte, podendo gerar conflitos com os órgãos ambientais.
Na visão do presidente do Sindicato Estadual das Indústrias de Arroz no Estado de Mato Grosso (Sindarroz-MT), Lázaro Modesto, o primeiro passo é identificar quem está comercializando e como está saindo o atual excedente da produção, estimado em 200 mil toneladas. Para num segundo momento será preciso identificar potenciais mercados e iniciar um trabalho de abertura. O presidente alertou que por já possuírem aproximadamente 90% do mercado do arroz comercializado no varejo mato-grossense, as indústrias devem focar em outros mercados e não em acirrar a concorrência interna. O líder do setor chamou essa prática de “canibalismo improdutivo”.
Lázaro recomenda que se intensifiquem as iniciativas para divulgar a melhoria dos processos tecnológicos utilizados ao longo da cadeia produtiva, começando pelas significativas mudanças ocorridas no processo de produção e investimentos feitios pelas indústrias visando a modernização dos equipamentos utilizados no beneficiamento e embalagem. Bem como, a melhoria do relacionamento da indústria com o orizicultor. Destacou também o surgimento de demandas por parte de cozinhas industriais de São Paulo e indústrias alimentícias pelo arroz de MT.
Um ponto alto do seminário foi a entrega do termo de cessão para uso da marca coletiva do arroz de MT a duas indústrias. Isso significa que, após essas indústrias solicitarem o uso da marca, atenderam as exigências previstas nas normas.
Por fim o presidente do Sindarroz-MT solicitou empenho da pesquisa para divulgar com ênfase as características das cultivares disponíveis no mercado, basear-se em critério acertados com a industrias e produtores para o lançamento de novas cultivares, intensificar ações de transferência de tecnologia, principalmente de boas práticas para que a produção de arroz em MT continue isenta de resíduos e práticas para superar os gargalos da produção do arroz em safrinha, além de estabilizar e aproveitar o potencial de produção de arroz mato-grossense em diferentes sistemas de produção.
Outro aspecto tratado no seminário foi sobre as vantagens de se utilizar sementes certificadas e da necessidade que as cultivares sejam compatíveis com o nível tecnológico dos produtores e que se divulgue os impactos econômicos e ambientais de se usar sementes certificadas.
O representante dos produtores iniciou sua apresentação dizendo que as preocupações por parte desse elo da cadeia produtiva eram poucas, mas que mereciam atenção da pesquisa, pois eram limitantes para o desenvolvimento da orizicultura. Destacou que devido a restrições para abrir novas áreas, o futuro do arroz em Mato Grosso necessariamente passaria pela utilização do arroz em renovação das pastagens e do equacionamento dos problemas enfrentados para o cultivo do arroz na safrinha.
Colocou como desafio, cultivares com ciclo adequado, estudos para verificar a influência dessa rotação no controle do nematóides e cultivares resistentes ao acamamento. Bem como, praticas e insumos para melhorar o controle de plantas daninhas. Reclamou do reduzido números de empresas de insumos que se interessem em trabalhar com produtos específicos para a orizicultura e, por fim, em longo prazo gostaria de ter insumos alternativos aos que são dolarizados.
Pelo lado da pesquisa foi destacada a necessidade de mapear os diversos sistemas produtivos envolvendo a arroz em Mato Grosso Esse aspecto foi considerando importante, dentre outros fatores, para viabilizar que a médio/longo prazo o arroz seja produzido próximo às indústrias, difundir práticas que mantenham e/ou melhorem a qualidade do arroz, sejam pesquisados ou validados práticas ecoeficientes no controle de pragas, doenças, plantas daninhas, adubação, principalmente a nitrogenada. Apontou que falta uma organização representativa dos produtores, fato que dificulta o permanente diálogo e ações de transferência de tecnologia.
Para fechar com chave de ouro esse evento com saldo bastante positivo, coube a Embrapa e o Sindarroz-MT sistematizar as demandas e, a partir delas, propor encaminhamentos para a continuidade do desenvolvimento da orizicultura mato-grossense.