Redução de área só depende do Brasil

 Redução de área só depende do Brasil

Colheita gaúcha será menor, mas não tanto

Primeiras estimativas da intenção de plantio indicam estabilidade ou pequena retração na área plantada no Rio Grande do Sul. Argentina e Uruguai devem reduzir área, mas o aumento no Paraguai compensa um dos países.

Se a redução de área cultivada com arroz é a solução para reduzir a oferta e equilibrar os preços no Mercosul, essa proposta precisará ser concretizada no Brasil. E não é o que está acontecendo. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) adotou a ideia e a recomendação de que os produtores gaúchos e do Mercosul reduzam a área plantada em até 250 mil hectares na próxima temporada para enxugar a oferta e buscar preços mais equilibrados no mercado sul americano. No entanto, como já previam alguns dos arrozeiros e analistas presentes no Congresso Brasileiro do Arroz Irrigado, no início do mês, em Gramado (RS), a estratégia não alcançou as decisões individuais dos arrozeiros.

Ainda que se veja, em especial na Depressão Central, vários contratos de arrendamento trocando de mãos, não se percebe a intenção dos produtores de promoverem a diminuição de área de forma expressiva. Tanto os números de intenção de plantio do Irga quanto os da Emater não indicam grande retração na área cultivada no Rio Grande do Sul.

Na semana que passou o Irga divulgou análise técnica da intenção de plantio das lavouras gaúchas, e o indicativo de que o conjunto da orizicultura gaúcha pretende diminuir a superfície semeada em apenas 2,5%, ou 27,5 mil hectares, para um total de 1,078 milhão, não surpreendeu ninguém. Nesta segunda-feira, durante o Dia do Arroz, o presidente do Irga, Guinter Frantz, explicou que a capilaridade e a estrutura do Irga permite fazer uma pesquisa que traduza dados muito próximos da precisão. Mas, que a intenção de plantio é uma projeção que, para se confirmar, ainda terá que superar diversos obstáculos.

“O fato de o produtor ter a intenção de cultivar determinada área serve como balizador, mas não quer dizer que estes dados se concretizem. Isso porque o agricultor ainda precisa obter o crédito para custear a safra, que está cada vez mais limitado, há boa parte que está descapitalizada e isso vai impactar o pacote tecnológico aplicado, e ainda há o fator clima que pode interferir. Então, pessoalmente, considero que a redução de área pode chegar perto de 5%, mas não muito além disso”, explica o presidente do Irga. Pelos dados atuais, 5% representaria algo em torno de 55 mil hectares, o que levaria o Rio Grande do Sul a semear 1,051 milhão de hectares no total. 

EMATER

A Emater/RS-Ascar divulgou na manhã desta terça-feira (29), durante a 40ª Expointer, em café da manhã que contou com a presença de profissionais de imprensa, autoridades estaduais e federais, os números referentes à primeira estimativa de área a ser plantada e produção realizada pela Instituição para a safra dos principais grãos de verão 2017/2018 no Rio Grande do Sul. O destaque foi a soja, que deverá ter um aumento de 3,16% na área plantada em relação ao ano passado.

A cultura do arroz deverá ocupar 1.100.818 hectares, área 0,33% menor do que os 1.104.494 hectares da safra passada. De acordo com o levantamento apresentado pelo presidente da Emater/RS, Clair Kuhn, a produção também terá uma variação negativa da ordem dos 0,96 pontos percentuais, caindo de 8.613.467 toneladas colhidas em 2017 para 8.531.024 toneladas em 2018. A produtividade média esperada é de 7.750kg/ha. “As produtividades iniciais são baseadas na tendência registrada pelas produtividades médias municipais dos últimos 10 anos”, explica Kuhn.

MERCOSUL

No Mercosul o cenário não é muito diferente. Na Argentina há uma estimativa de que a área a ser semeada caia de 214 para 201 mil hectares, com retração de 13 mil hectares, ou 6%. É a região com maiores problemas de custo e retração da rentabilidade, depois do Brasil. Produtores têm buscado ações junto ao governo federal para redução da carga tributária e incentivos à produção.

No Uruguai a previsão é de que a área de 164 mil hectares seja reduzida para 150 mil hectares, ou 8,5%. Porém, o governo uruguaio anunciou que deve apresentar medidas de incentivo ao setor, como ampliação dos incentivos para exportação, inovações nas regras do reintegro e redução de tributos que incidem sobre a cadeia produtiva. Em estudo estão a redução de taxas que compõem os preços do óleo diesel e da energia elétrica para irrigantes, para a importação de alguns insumos, além de taxas portuárias.

Ao mesmo tempo, foi anunciada uma parceria com o Irã, que pretende realizar investimentos em até 50 mil hectares de lavouras de arroz no Uruguai para atender às suas importações. Nem toda a área seria nova, parte seria a absorção ou parcerias com produtores já estabelecidos, mas o volume representa um terço da área cultivada pelos 480 arrozeiros uruguaios. A estimativa é de que o setor produtivo uruguaio tenha uma dívida de 120 milhões de dólares entre empresas de insumos e bancos e prestadores de serviços. Para piorar, os uruguaios que são referência mundial em qualidade, tiveram um navio de arroz rejeitado no Iraque por não cumprir as especificações do contrato (% de quebrados).

La garantia soy yo!

O Paraguai vive uma situação completamente diferente do restante do Mercosul e, segundo divulgado na imprensa local na última semana, deve aumentar a área cultivada de 142 para 155 mil hectares. Desta maneira, o Paraguai ultrapassaria o Uruguai em área cultivada, mas ainda não em produção por causa da diferença de produtividade. Com algumas áreas produtivas mais próximas do clima tropical do que do temperado, os arrozeiros paraguaios ainda utilizam genética brasileira, uruguaia e argentina, razão pela qual têm baixas produtividades. Mas, até 2020 entrarão em uso cultivares desenvolvidas para o ambiente paraguaio, segundo técnicos locais.

Atualmente, 85% das exportações paraguaias são dirigidas ao Brasil e são absorvidas pelas indústrias e o varejo do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, principalmente. Mesmo com retração nas cotações médias este ano, o Paraguai tem clientes fiéis e preços, ainda que abaixo do que esperavam, muito competitivos frente ao restante do Mercosul. Seus custos também são mais baixos, especialmente em mão-de-obra, energia, combustíveis, insumos e exigências ambientais.

E as variedades são as mesmas plantadas nos demais países, com qualidade similar. Para quem importa, um grande negócio.

E agora?

Como vimos, o Paraguai deve compensar, com um avanço de 13 mil hectares, quase 10%, toda a redução do Uruguai e mais um pouco da queda na Argentina. Ou, ainda, metade da retração do Rio Grande do Sul, estimada pelo Irga.

Ou seja, o mercado seguirá ofertado e a meta de 250 mil hectares de redução dependerá de um maior poder de convencimento da Federarroz sobre os próprios associados e o restante do Brasil. Porém, em Santa Catarina, a expectativa inicial é de manutenção da área cultivada. E no Mato Grosso a safrinha de arroz vem crescendo, bem como a área do Tocantins, que está sendo impulsionada por novas e adaptadas cultivares.

Para o diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, sugerir uma redução de área é algo que vai contra os princípios históricos da federação, mas é uma atitude que o momento, a conjuntura e o futuro do setor exige. “Diante da conjuntura macroeconômica, cambial, de oferta e demanda e dos elevados custos de produção a que chegamos, do nível de abastecimento, precisamos tomar uma atitude se não quisermos ter em 2018 um ano ainda mais difícil para a comercialização e a renda do agricultor que estamos tendo. E esta não é uma realidade que afeta apenas aos brasileiros, mas a todos os arrozeiros do Mercosul. Se ainda não é a realidade do Paraguai, sem uma mudança na estratégia de oferta, com todos pressionando apenas o Mercado brasileiro, esta logo será a realidade deles também”, resume.

Para Alexandre Velho, vice-presidente da Federarroz, que na semana passada esteve no Uruguai apresentando a realidade da crise no Brasil, não há outro caminho. “É preciso reduzir a oferta se quisermos valorizar o produto. Como? Diminuindo o cultivo em áreas marginais, de alto custo e baixa produtividade. Quem puder e tiver tecnologia disponível e áreas que permitam um bom desempenho, deve cultivar soja, já prevendo a rotação e os ganhos agronômicos para a temporada 2018/19”, explica. Segundo ele, repetindo a mesma área ou algo próximo, os arrozeiros já podem ter 99% de certeza de que os preços no ano que vem serão fracos. “Até porque vamos de um estoque de passagem muito baixo para mais de 1,5 milhão de toneladas”, argumenta.

FARSUL

O diretor da Farsul, Francisco Schardong, não acredita em grande diferença na área a ser cultivada. “Na nossa história temos uma conjuntura na qual 70% dos arrozeiros são arrendatários, e só quem é arrendatário sabe o quanto é difícil suspender um contrato. E fora isso, para cada um que deixa de plantar, mesmo em áreas inçadas, com dois levantes, de alto custo, aparecem mais dois ou três querendo o espaço. Pra mim, só temos uma saída para reduzir área de arroz no Rio Grande do Sul e é através da soja na várzea, naquelas áreas mais próprias para este cultivo, com quem domina essa tecnologia. Trocando arroz por arroz, não vamos a lugar algum e o arrozeiro não tem condições de deixar uma área parada. Então, ou é a soja ou é a soja a nossa saída”, aponta.

Por que reduzir a área?

A proposta da Federarroz pela redução da área cultivada com arroz no Rio Grande do Sul, nos demais estados brasileiros e nos três países do Mercosul: Argentina, Paraguai e Uruguai, partiu da conjuntura atual. Em 2015/16 o Brasil colheu uma de suas menores safras por perdas com El Niño, que também atingiu o Mercosul. O país vinha de uma situação em que o câmbio fazia o arroz brasileiro ser muito mais competitivo do que o importado dos países vizinhos.

Com a safra menor e a contaminação do quadro econômico pelos escândalos políticos, a situação do câmbio se inverteu e o Brasil passou a importar muito, em especial do Paraguai. A balança comercial se inverteu e de exportador líquido o setor se tornou importador líquido. Deixamos de ter preços competitivos para exportar e passamos a ser o mercado alvo do Mercosul.

Com o arroz a US$ 12,50 dólares, em média, o Brasil tem um preço de arroz que é rentável em quase todos os países produtores do mundo, menos aqui, onde o custo de produção beirou 15 dólares. No Uruguai, por exemplo, uma saca de arroz vale, ao produtor, US$ 9,00 (R$ 28,35). No Paraguai, chega a ser negociada a US$ 8,00 (R$ 25,20) – US$ 1,00 = R$ 3,15. A diferença é de ate R$ 15,00 por saca a favor dos paraguaios, mas ainda está ainda mais longe do custo médio de R$ 45,00 estimado por alguns setores arrozeiros par aa lavoura gaúcha.

Ou seja, todo o Mercosul passou a ter no Brasil o grande e atrativo mercado, o Paraguai deixou de buscar novos mercados porque tem grandes e fiéis compradores brasileiros para praticamente toda a sua safra. A indústria e o varejo brasileiro encontraram fornecedores que têm arroz de qualidade – praticamente iguais aos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina – e até 20% mais barato. Essa oferta e estes preços, aliados à grande oferta brasileira, aumentada porque as exportações nacionais não engrenaram este ano, geraram uma pressão ainda maior no mercado doméstico brasileiro.

Com a estimativa de clima neutro na próxima temporada, já se espera uma colheita novamente farta, ou pelo menos dentro da média dos últimos bons anos. Com um estoque de passagem mais alto – que não havia em fevereiro de 2017 -, abundância de produto no Brasil e no Mercosul e as condições Macroeconômicas e de câmbio, é natural que a Federarroz considere que se não enxugar a oferta, o Mercosul todo vai enfrentar um ano de baixos preços e um grande risco de perder renda, aumentar o endividamento e afetar até quem está capitalizado. Portanto, embora com poucas chances de dar certo, já que o arrozeiro é individualista e geralmente aumenta área quando sabe que o vizinho vai diminuir, a intenção da Federarroz por uma redução de área se justifica.

Mas, não deve se concretizar.

E o 2018 promete ser um ano de muitas dificuldades.

E pode mudar o cenário?

Pode. Se, por exemplo, novo escândalo político abalar a econômica e a taxa cambial, mudanças podem acontecer. Bastaria para isso que o Brasil retomasse a capacidade de exportar 1 milhão de toneladas por ano, escoando o que é importado do Mercosul. Um volume de perdas similar ao provocado pelo El Niño em 2015/16, também poderá afetar o mercado.

Se não a área não vai diminuir, o que poderia neutralizar a estagnação dos preços?

Com os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina (80% da produção nacional, juntos) na faixa de R$ 39,00 – R$ 5,00 acima do valor referencial da Política de Garantia de Preços Mínimos para que o governo intervenha no mercado – e R$ 11,50, ou 23% abaixo do praticado há um ano (R$ 50,50), uma recuperação só aconteceria se a indústria voltasse a demandar produto que ainda está na mão dos produtores. Mas, a estimativa é de que este volume é muito pequeno e está nas mãos de agricultores muito capitalizados. Então, poucos teriam a chance de cobrir os custos de produção.

Por outro lado, o governo só pode intervir no mercado quando os preços chegarem a R$ 34,00 no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A situação é do arrozeiro se afogando porque nem consegue ficar na superfície do rio e nem consegue chegar ao fundo para tomar impulso rumo à superfície. 

AGFs

Ainda que o governo tenha previsto recursos para interferir no mercado com Aquisições do Governo Federal (AGFs) para até 300 mil toneladas, as medidas de contenção de despesas são bem austeras e sem os preços batendo no piso do preço mínimo, isso não acontecerá. 

PEP Exportação

O que se estuda, e poderia ser uma saída, mas também está atrelado à política de preços mínimos – por isso engessado – é a realização de um PEP exportação. Ou seja, o governo cria o incentivo para venda de arroz, cobre o frete até o porto e algumas taxas, a cadeia produtiva ganha US$ 2,00 ou USS 4 dólares em competitividade e retoma as exportações.

Dentro do governo, na área técnica, já existem conversas neste sentido, mas será preciso criar normas e leis específicas, o que não deveria alcançar esta temporada, a menos que seja encontrada uma solução alternativa. Com um PEP exportação, a partir de outubro, por exemplo, os analistas acreditam que o Brasil teria possibilidade de escoar até 500 mil toneladas extras até fevereiro, volume que corresponde às importações do Paraguai, e reequilibraria o mercado.

Mas, não há previsão de que o governo venha a interferir, a menos que os preços cheguem a R$ 34,00. E isso, também, ninguém quer.

Ao longo da história, o governo federal sempre formou estoques reguladores e comprou arroz quando havia oferta mais alta, mantendo os preços acima do mínimo – que nunca representa exatamente o custo – mas abaixo do que poderia alcançar no pico do mercado, pois na medida em que os preços aumentavam, ele desovava o estoque. Aqui cabe bem o exemplo do afogado, de novo. Nem deixava o preço ao produtor chegar ao fundo, nem deixava chegar à superfície.

Com os estoques zerados, o governo deixa de ser um problema, mas por outro lado a cadeia produtiva não consegue se organizar a ponto de ter seus “contravenenos” para o excesso de oferta e as disparidades cambiais, de custos, tributárias e de preços do Mercosul.

E volta a depender de ações políticas.

Se vierem que não seja a intervenção com AGFs, pois é um estoque que seguirá pressionando o mercado e voltará ao mercado quando os preços evoluírem. Melhor que seja um PEP ou mecanismo similar para exportação, pois este é um arroz que voltará à cadeia produtiva em receita, em dólar, em empregos e em renda. 

27 Comentários

  • Se o governo só vai lançar mão do PEP exportaçao quando o preço estiver a R$ 34 porque não pressionam pra ele ir pra 40 pila? Os produtores estao acreditando que em ano normal aumentem a produçao para até 10.000 kg/ha para compensar os custos. Tolice. Burrice. Idiotice. Há anos que falo isso. Depois cai para 30 pila e não adianta nada!!! E vamos levando… ano que vem faz nova securitizacao ( a outra termina em 2025)… faz a nova pra 2050… e vamo que vamo produzindo comida pro país pra ganhar nada em troca!!! Olho vivo nas próximas eleiçoes… Tem que fazer um limpa nesses politicos que nos pedem votos, mas que no fundo são cabrestos das indústrias!!!

  • É vergonhoso o que acontece no Brasil. O custo de produçao é de R$ 48 e o preço minimo de R$ 34… Quer dizer: o preço tem que cair R$ 14 para o governo começar a se mexer… Por isso a indústria não deixou cair dos R$ 35… Vocês entendem a estratégia??? Porém quando o arroz atingiu a casa dos R$ o governo correu e lançou medidas protetivas reduzindo a TEC a 0%… Só existe pressão de um lado!!! A pressão que é ouvida não é a do produtor!!! Em qualquer país civilizado preço mínimo e de custo são parelhos… Não gosto da intervençao do governo, mas quando a balança desiquilibra para um lado de forma acentuada há que haver uma regulação. O Mercosul tem que ser bom para todos, não apenas para a indústria brasileira e o produtor paraguaio e as arroceras de lá…

  • É inegável que não existe consenso entre os produtores, por isso a maioria (arrendatária) sofre. Primeiro por que não tem coragem de procurar o arrendador e renegociar os valores do arrendamento por medo de perder a área. Segundo, endividar-se financiando máquinas novas de valores irreais ( aqui no Brasil ) e terceiro, insistir em plantar áreas altamente infestadas e com resistência ao Imazetapir .
    Portanto senhores, é mais do que chegada a hora da maioria dos produtores, pararem um pouco para repensar a sua situação neste contexto mais do preocupante, ….senão já sabemos ….sucumbência quase que coletiva.

  • Concordo com o Sr. Flavio quando diz que temos que fazer uma limpa nesses políticos corruptos que estão no poder, sugando tudo o que podem. Parabéns seu Flavio, até que um dia falou algo de fundamento. ARROZ DESPENCANDO, VENDAM HOJE A 38,00 PARA NÃO VENDER AMANHÃ A R$ 35,00. Olho vivo pessoal!!!!

  • Se hoje a R$38,00 não se consegue quitar dívidas, quem é o doido que vai vender a R$35,00, prefere-se não pagar as dívidas e ficar com pouco q resta pra custear o próximo plantio comSoja de preferencia ou largar gado na várzea que ta bastante incada de capim , e não tem mais herbecida q chegue a tempo. OS CUSTOS POR SI SÓ OBRIGARÃO REDUCÃO DE ÁREA, ISSO É FATO. SDS.

  • ISTO GAUCHADA, CONTINUEM PLANTANDO MUITO ARROZ . VAMOS INUNDAR ESTE MERCADO DE ARROZ. SO ASSIM FICA BEM BARATINHO E VCS COLABORAM COM O PAIS BATER MAIS RECORDE NA PRODUÇÃO. EM RELAÇÃO AS DIVIDAS? QUAL PROBLEMA? VAO EMPURRANDO COM A BARRIGA. OS NETOS PAGAM. SENTAR E NEGOCIAR REDUÇAO DE ÁREA DA MUITO TRABALHO. DEIXA ROLAR…

  • Acho sempre arriscada a opção de reduzir a oferta para equilibrar o quadro de oferta e demanda. Na média dos últimos oito anos (2010/11 – 2015/16) a produção foi de 11,963 milhões de toneladas e o consumo (segundo dados oficiais) de 11,908 milhões de toneladas. Ou seja, nossa produção superou o consumo dos brasileiros em apenas 55 mil toneladas. No mesmo período a média das exportações superou a de importação em 298 mil toneladas. Apenas em duas temporadas dessas oito (2010/11 e 2016/17) importamos mais que exportamos.
    É preciso olhar o quadro de abastecimento de uma forma macro. Oferta é o resultado da soma de estoques remanescentes da safra anterior, produção e importações. A Demanda, do consumo interno + exportação. Percebe-se pela média dos últimos oito anos que nossa produção é muito ajustada ao consumo. Quando optamos por uma decisão de reduzir a oferta via desestimulo ao plantio nacional, estamos abrindo espaço para os fornecedores externos produzirem ainda mais, de olho nessa necessidade brasileira de importar mais para suprir a demanda interna. A ideia de pensar como MERCOSUL é bastante interessante, mas, complicado é induzir produtores com vantagens competitivas na produção a reduzirem a área. Prova é que o Paraguai segue aumentando a área.
    A solução perfeita para o setor seria inibir a oferta estrangeira (importação) e estimular a demanda externa (exportação). E quando falo dessa “solução perfeita” penso não apenas no arroz em casca, mas, principalmente beneficiado. No lado da oferta, nossos parceiros de bloco possuem excedentes que precisam ser escoados. Taxação de importação desses países parece pouco provável diante da vantagem brasileira em outros produtos.
    Usando a mesma média de oito anos, as importações responderam por 8% do consumo. O volume é pequeno, mas, acaba sendo um balizador de preços para o mercado doméstico. Dessa forma, a solução para estar em pé de igualdade passa pela redução do custo de produção nacional. Vender arroz a R$ 50,00 com um custo de R$ 48,00 é pior que vender a R$ 40,00 com um custo de R$ 37,00. Difícil é reduzir esse custo com a energia elétrica, combustível, fertilizantes, defensivos, enfim, insumos de produção caros. Qual seria a solução? Redução de impostos sobre os insumos? O governo precisa garantir alimento barato para a população, mas, não está disposto a perder arrecadação.
    Olhando para a ponta da demanda, o consumo interno não mostra tendência de recuperação ao longo dos anos. Assim, a variável dinâmica nos últimos tem sido a exportação. Nos últimos oito anos correspondeu a 10% da demanda total. O setor tem mostrado competência em abrir novos mercados. Para desafogar o mercado externo é preciso exportar em casca, mas, principalmente beneficiado. O problema é que com o câmbio atual e o custo de produção elevado, o produto brasileiro vem perdendo competitividade.
    Mais uma vez caímos no custo de produção. Interessante destacar que o arroz norte-americano foi afetado pelo “furação harvey” e as cotações em CBOT continuam subindo. Nesta quinta (31), convertidos para a moeda brasileira o contrato spot era negociado a R$ 43,35/saca, valor 12,2% acima da média gaúcha. Isso pode garantir mercado para o arroz nacional e, reduzir a pressão vinda do MERCOSUL, pois nossos parceiros também tendem a buscar o espaço do arroz norte-americano. Somente aí teremos o estancamento da atual tendência de queda é uma retomada de alta para os preços no restante da atual temporada.
    A médio e longo prazo, no entanto, os desafios parecem concentrar-se em reduzir os custos, para garantir margem em relação ao importado e ser competitivo no cenário global. O mercado globalizado não garante preços melhores apenas reduzindo a produção nacional. Prova disso é o trigo, onde produzimos menos da metade do consumo, e mesmo assim sofremos com preços abaixo do custo de produção. Prospecção de mercados no exterior deve continuar sendo um alvo prioritário. Não tenho a presunção de estar certo na análise, mas, acredito que desestimular a produção nacional não é o caminho correto para sair da situação complicada pela qual passa o setor. Esse seria um paliativo, não uma solução.

  • NÃO SEI PORQUE AINDA NÃO AUMENTARAM TAXA DE IMPORTACÃO, NO MOMENTO É A ÚNICA SOLUCÃO, PEP A PRECO MINIMO É UM ABSURDO. NÃO QUEREM QUE SUBA ARROZ SÓ PRA SEGURAR INFLACÃO É OUTRO ABSURDO , PQ POLÍTICO PRA SE ELEGER AGORA VAI TER Q TER É ÉTICA E NÃO BÓIA BARATA, PRA ISSO TEM A FICHA LIMPA! ESTAMOS SEM REPRESENTACÀO COMPETENTE NO MOMENTO….SDS.

  • Na minha opinião a sua análise esta correta Sr. Elcio Bento, e se pesquisar alguns comentários anteriores meus irá ver que muitas e muitas vezes falei que os produtores batem na tecla errada, eles culpam as indústrias por todas as dificuldades que o setor esta passando, porém o verdadeiro causador disso é o alto custo de produção e a carga tributária pesada que pagamos. Mas tem os aspones que vem aqui comentar, como é o caso do Sr. Flavio, que insiste em dizer que o produtor deve reduzir área e que a indústria é a vilã da cadeia produtiva. Parabéns Sr. Elcio Bento.

  • Seu Élcio eu concordaria plenamente com o Sr. se tivessemos portos de qualidade, câmbio ajustado, vocação exportadora, certificação de qualidade União Européia, arroz do mercosul exportado para fora do bloco e não para industrias nacionais, crédito barato para todos, renegociacao das dividas por 30 anos com moratória de 5 anos, redução de tributos, crédito ou PEP exportação, etc.

  • Parabéns Elcio pela a análise, quanto à incentivos e infraestruturas para exportação e ainda limites na arrecadação sobre insumos… É o mínimo que uma nação decente pode oferecer aos seus produtores…

  • Eu não falei Sr. Élcio, o Flavio aspone ao invéz de brigar por tudo isso que ele escreveu no comentário dele, ele prefere brigar com a indústria para pagar mais caro o arroz, isso nunca vai acontecer, a indústria paga de acordo com o mercado. Por isso que a polia não roda para os produtores, a maioria tem as indústrias como seus inimigos…eles estão queimando pólvora em chimango…Olho vivo.

  • Perfeita tua análise Elcio. Concordo 100% com o conteúdo.
    Parabéns!

  • Então, temos que mobilizar, está correta a análise do Élcio, mas também, tem pontos levantados pelo seu Flávio, que tem que ser postos em prática…

  • Parece que a coisa vai ferver por Brasília… Vêm ai Denúncia parte II… A marolinha vai virar tsunami… E o dólar hein ??? Aposto R$ 6,00… Esse final de ano nos reserva muitas emoções… E se for El Nino ao invéz de La Nina ??? Quanta várzea vai ser plantada !!! Seu Alexandre quer que plante… Seu Élcio também… Seu Walter também… A indústria também… O governo também… O varejo também… Mas recurso que é bom, pouco tem… Tem que reduzir 20% e tentar exportar mais… Mas dentro de um quadro de previsibilidade e não de aventura!!! Chega de bancar o Indiana Jones… Não se esqueçam que tem muita gente torcendo para que muitos quebrem logo e saiam do caminho!!! Reflitam pessoal…

  • No final do ano passado o fardo de beneficiado na gondola estava 65,00, em média, quando recebiamos 50,00 no casca, em media, hoje o fardo esta 85,00, em media, e o casca caiu para 38,00 com quem esta ficando toda essa margem? Nessa safra nao serão produzidas 11MT vai faltar arroz!

  • Uma coisa que concordo com Seo Elcio é estancar a importacão e aumentar a exportacão, mas pra isso precisa de vontade política , mas como a maioria tá de rabo preso tentando livrar sua pele, fica difícil. Mas cada umvai ter que plantar dentro das suas condicões, tendo que diminuir área sim, pq com os custos altos e incertezas climáticas, não convém se arriscar em plantar muito.

  • Concordaria com o Sr. Elcio, se houvessem condições mínimas de reduzirmos custos para a próxima safra. Entretanto, estamos enfrentando justamente o contrário. Outro ponto, mesmo com a redução sugerida pela Federarroz, não há qualquer risco de perdermos mercado, ou mesmo maior abertura para importações. Até porque ainda sobrará mais de 1 milhão de toneladas. Também, a comparação com o trigo não é oportuna, justamente pela produtividade comparativa, o que sobra para arroz gaúcho. Defender a produção pela produção está se tornando extremamente arriscado. O Brasil está passando por mudanças, e não serão meramente políticas!

  • Flavio: sugiro que não subestimes a inteligência dos outros. Eu jamais afirmei o que tu dizes no teu comentário acima. Eu apenas não acredito em campanha para diminuição de área de plantio. Só isso. Eu seria um idiota se tivesse dito tal coisa, porque ao aumentar área, aumentamos a oferta. Ao aumentar a oferta, baixamos o preço. E porque eu iria querer que abaixasse o preço? Assim de simples. Deu para entender???
    Quanto ao valor da nossa moeda, só o que observo é que a coisa tá fervendo há tempos lá em Brasília, mas mesmo assim o dólar não tem se mexido de forma substancial. Por isso eu não apostaria nisso.

  • O espaço é para opiniões. Minha visão é de que num mercado aberto como o atual, a contenção da oferta via redução de produção não é garantia de elevação de preços. Também havia comentado que essa seria uma paliativo, mas, não uma solução. O sr. Henrique Dornelles tem toda a razão quando diz que não tem como reduzir custos de imediato e, infelizmente o produtor que já está endividado e vê margens negativas precisa dessa resposta rápida. No comentário anterior eu havia colocado que a realidade não é de redução dos custos e sim, o contrário. Em virtude disso a redução da produção poderia aliviar a pressão. Ver essa opção como um choque num paciente que teve uma parada cardíaca acredito que é válido. Tão logo esse paciente volte a bombear o sangue, é preciso mudar o tratamento, ou vamos matá-lo de tanto choque. Esse ano o excedente de produção em relação ao consumo é próximo a 200 mil toneladas. Como podemos reduzir a área plantada e gerar excedente de 1 milhão?
    Interessante que os representantes do setor produtivo tomaram uma atitude que pode nos levar a discutir uma saída para a cadeia e parar com essa disputa produtor x indústria. Briga de vestiário derruba time. Aventei uma solução via custo de produção. Ela é meio óbvia. Todas as commodities agrícolas tem como referência para elevar ou reduzir a área plantada o custo de produção. Se planta muito, preços caem e vêm abaixo do custo de produção. O ajuste ocorre reduzindo a área e, com a consequente redução de oferta os preços sobem. Claro que essa é uma visão global e, com custos de produção diferentes nos diversos países produtores, quem tem menor custo, tem maiores margens e um maior incentivo a produzir mais.
    Concordo que colocar como a solução para os problemas a redução de custos e não apontar como fazer isso não agrega nada. Essa foi uma opinião que acho que pode dar um direcionamento para novas ações. Da mesma forma a redução de área foi colocada como uma solução e agora estamos discutindo. O que não podemos e ficar na torcida (ou apostando) num dólar de R$ 6,00, que colocaria os nossos atuais US$ 12,00/saca em R$ 72,00/saca e, no próximo ano elevaria nosso custo dos atuais US$ 14.26/saca para R$ 85,59/saca. Ou aquela aposta de que nesse mês de setembro a soja estaria valendo R$ 120,00/saca (está valendo R$ 60,00). Gestão parece ser uma palavra para seguirmos discutindo.

  • Seu Alexandre gostaria que o Sr. viesse a publico esclarecer o significado de aspone!!! Seria assessor de porra nenhuma… Se for só isso guarde a sua criatividade para o Sr., mas se for desreipeito ou qq coisa do gênero peço que o Se. meça as sua palavras pois tomarei as medidas judiciais cábiveis… Nunca ofendi ninguém nesse espaço. E exijo respeito! E sigo afirmando que se não houver redução colheremos absurdos de arroz ano que vem!!! E dai sim teremos que recorrer ao governo com nossas sobras… Ninguém terá pena de nós e serão 5 anos remando novamente para tudo se ajustar… tudo é um ciclo!!!

  • Peço escusas por chegar de forma tardia a essa discussão importante e qualificada desse seleto grupo (mesmo com algumas farpas desnecessárias), pois estava em viagem ao I Encontro Internacional da Família Telesca no Burgo Saint’ Ilário, Avigliano, na Itália. Todas afirmações que faço abaixo são de conhecimento de todos os debatedores daqui e estão em meu livro “Sobre arroz em casca emilho em espiga…”, e já repassei inclusive ao Sr. Elcio, importante analista de mercado agropecuário brasileiro. Importante também a presença do Sr. Henrique Dornelles e demais debatedores, tendo faltado a presença aqui de integrantes do IRGA e da Farsul, nesse debate franco e produtivo. No entanto, não obstante a importância das colocações feitas, acredito que todos tangenciam os principais problemas da cadeia produtiva do arroz. Tenho dito que reduzir a produção é “dirigir com o freio de mão puxado” e o aumento da exportação tem sido um trabalho caro, exaustivo e de pequeno resultado. Então, temos que trabalhar a demanda aumentando o consumo, mas não só para a hora do almoço: é produzir farinhas, pão, biscoito, bolachas, cerveja, ração animal etc. Outro fator importante é reduzir o preço do arrendamento da terra e água, viabilizando o custo de produção ao preço atual do arroz. Ainda, mudar o sistema ou o padrão de comercialização do arroz para arroz beneficiado, onde o produtor possa se inserir também na venda do arroz nessa modalidade, comercializando os subprodutos e rentabilizando o seu negócio. Nessa viagem, aprendemos que em 1971 alguns habitantes de Matera no Sul da Itália, ainda viviam em grutas juntamente com seus animais e o primeiro-ministro da época construiu apartamentos para eles, que somente saíram dali de forma impositiva. Assim estamos nós, não querendo sair da gruta ou da grota! José Nei – Engº Agrº, Advogado e estudante de Filosofia.

  • Bom dia Srs. seria oportuno que o Sr Flávio mencionasse o sobrenome da pessoa a qual ele se refere no comentário acima. Afinal, somos dois com o mesmo nome: Alexandre, sendo que, jamais, tenho o hábito de proferir palavras de baixo calão ou faltar com o respeito com quem que seja. Inclusive, defendo um debate de alto nível com a finalidade de mudarmos o tom de nossas posturas, em busca de soluções dos problemas da nossa classe. Em minha opinião, é justamente por isto que o governo e varejo subestimam nossa capacidade de organização, usando a velha máxima “Deixa que eles acabam brigando entre si”. Temos que nos posicionar de forma madura, evoluída com embasamentos técnicos, demonstrando as conseqüências sociais e econômicas que resultarão, caso nossa atividade venha sucumbir. Enfim amigos, temos que adotar uma postura de respeito, para que possamos defender nossa atividade dos interesses predatórios. Abraços a todos.

  • Em tempo: não me dirijo ao Sr. Alexandre Cunha da Rosa. Peço desculpas não havia me dado conta do fato. Quem está me agredindo é o Sr. Alexandre Dutra chamando de aspone… palavra com sentido dúbio que pode ser mal interpretada!

  • Sr. Alexandre Rosa, o Sr. Flavio se refere a minha pessoa, sem stress de sua parte por favor. Não respondi antes e nem iria responder por que não ofendi ninguém, uso termos fortes sim, mas sem ofensas pessoais, por que aqui é lugar de debate, de opiniões fortes e não uma roda de mate-doce. E outra, não devo explicação para tal cidadão. Como o senhor se manifestou achei prudente me manifestar também. Acho que agora ficou claro para todos. Abraços.

  • Deve respeito Seu Alexandre Dutra!!! Não quero explicações… Exijo respeito !!!

  • Interessante a observação feita por um debatedor, meu vizinho de São Lourenço do sul, quanto ao fato de alguns tumultuarem a discussão para encerra-la sem conclusão ou sem avanços nas proposições! A nós, mais experientes, cabe nos desviar destas celeumas e tentar contribuir para o progresso do setor e do país. Espero que o debate seja ampliado sem temor e com a presença de mais interlocutores, tão qualificados como os que aqui estão.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter