Referência nacional

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Rangel: importância para o futuro da cultura no Brasil

Banco Ativo de Germoplasma de Arroz da Embrapa está entre os melhores do mundo
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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) possui um dos maiores bancos de sementes do mundo e o maior da América Latina. O arroz (oryza sativa L.) está entre os maiores acervos de germoplasma armazenado na forma de sementes, ao lado da soja, do feijão, do milho e do trigo.

O Banco Ativo de Germoplasma de Arroz e Feijão (BAG) localizado na sede da Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, é referencial para a pesquisa nacional, com reconhecimento internacional, em se tratando destas culturas. A história do BAG Arroz e Feijão confunde-se com a do Centro Nacional de Pesquisas de Arroz e Feijão (Cnpaf), hoje Embrapa Arroz e Feijão. O BAG Arroz e Feijão foi criado juntamente com o centro, em 1975, apenas um ano após a criação da Embrapa no país. As atividades com arroz (oryza spp.) foram iniciadas em 1976 e, posteriormente, com feijão (phaseolus spp.)

O pesquisador Paulo Hideo Rangel, gestor do BAG Arroz e Feijão e curador do arroz, explica que o banco possui toda infraestrutura de apoio à multiplicação, caracterização e armazenamento das sementes dos acessos de arroz e feijão. “A câmara fria projetada para funcionar a uma temperatura de 12°C e umidade relativa de 25%, condições estas que proporcionam a conservação adequada das sementes por um período mais longo, é dotada de modernas estantes deslizantes, que, além de facilitarem o armazenamento e manuseio das amostras, permitiram o aumento da capacidade, atualmente em 87.045 acessos”, informa.

Conforme Rangel, a coleção ativa de arroz, cuja duplicata é também preservada na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), é composta de aproximadamente 27.006 acessos registrados, dos quais 2.732 são variedades tradicionais oriundas de coletas realizadas em pequenos agricultores do Brasil, 238 são amostras de populações de espécies silvestres coletadas nas diferentes regiões do país, 7.080 são linhagens oriundas de programas de melhoramento e 16.956 são acessos de toda coleção americana de arroz, recebidos em 2009. “A formação deste acervo de germoplasma só foi possível graças a um intenso programa de intercâmbio em níveis nacional e internacional. Sua conservação e uso sustentável é fundamental para o futuro da pesquisa e do cultivo de arroz em território brasileiro”, avalia o pesquisador.

As amostras de germoplasmas que chegam ao BAG são multiplicadas e documentadas através dos seus dados de passaporte, onde consta o país de origem, procedência, data de entrada, introdutor, nome comum e outras informações. “A caracterização morfológica e agronômica é de vital importância por auxiliar os melhoristas na escolha dos genótipos com boas características que serão utilizadas nos programas de melhoramento de arroz”, observa Paulo Hideo Rangel.

Os dados de passaporte e de caracterização são introduzidos no Portal Alelo, que é o atual sistema de documentação das informações relacionadas a recursos genéticos da Embrapa. O Portal Alelo foi desenvolvido pela equipe de tecnologia da informação do Cenargen em substituição ao antigo sistema, Sibrargen.

FIQUE DE OLHO
Atualmente, estão sendo desenvolvidas duas novas coleções temáticas, uma para gerar tolerância à doença fúngica brusone e outra para tolerância ao frio. De acordo com o gestor do banco, pesquisador Paulo Hideo Rangel, o germoplasma, guardado e conservado no BAG Arroz e Feijão, é um patrimônio do povo brasileiro e que deve ser preservado para uso atual e futuro da orizicultura nacional.

Desafio pelo melhoramento
Um dos grandes desafios do Banco Ativo de Germoplasma Arroz, da Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, é fornecer aos programas de melhoramento germoplasmas que possam ser utilizados no desenvolvimento de cultivares de arroz mais produtivas, resistentes aos estresses bióticos e abióticos e com grãos de boa qualidade industrial e culinária.

A coleção nuclear pode ser a primeira opção do programa de melhoramento na busca de diversidade para características de interesse em uma relativamente pequena amostra da coleção de germoplasma. O BAG Arroz conserva algumas “coleções nucleares” da espécie. Em 2002, foi estabelecida a Coleção Nuclear de Arroz da Embrapa (Cnae), que possui 550 genótipos, o que equivale a 5% do acervo antigo da BAG Arroz.

A partir de 2010, o BAG Arroz passou a desenvolver as coleções nucleares temáticas que respondem a uma demanda dos programas de melhoramento genético de espécies cujos bancos de germoplasma possuem milhares de acessos, como é o caso do arroz. O emprego de coleções nucleares temáticas oferece uma alternativa para as restrições de tamanho impostas por grandes coleções nucleares, concentrando o esforço na obtenção de coleções compactas com alta diversidade genética para uma característica ou tema de interesse.

No Brasil, os principais problemas da cultura do arroz são: a doença fúngica brusone e limitações produtivas por frio, seca, qualidade de grãos e produtividade. O BAG Arroz desenvolveu uma coleção nuclear temática para tolerância a seca composta por 87 acessos, todos caracterizados morfologicamente, agronomicamente e genotipicamente e está à disposição da comunidade científica nacional e internacional.

A salvo
A Embrapa enviou, em 2012, 541 acessos de arroz para o Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, que formam a coleção nuclear de arroz. Acessos são amostras de sementes representativas das espécies. As sementes compõem as coleções de arroz de duas unidades de pesquisa da Embrapa: Arroz e Feijão (GO) e Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF). A coleção nuclear é definida no meio científico como um grupo limitado de acessos derivados de uma coleção vegetal, escolhido para representar a variabilidade genética da coleção inteira. Tradicionalmente, as coleções nucleares são estabelecidas com tamanho em torno de 10% dos acessos de toda a coleção original e incluem aproximadamente 70% no acervo genético.

A escolha da cultura atende as recomendações quanto à relevância para a segurança alimentar e agricultura sustentável. Além disso, apesar de não ser uma planta originária do Brasil, é cultivada no país há séculos e, por isso, possui características de rusticidade e adaptabilidade às condições nacionais. O envio de amostras para Svalbard é garantia de segurança, já que o banco nórdico é o mais seguro do mundo em termos físicos e ambientais. Além de estar situado dentro de uma montanha na cidade de Longyearbyen, foi construído para resistir a catástrofes climáticas (enchentes, terremotos, aquecimento gradual, etc.) e até mesmo a uma explosão nuclear.

Coleção nuclear: garantia de produção

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