Região arrozeira gaúcha volta a ser atingida por inundações históricas

 Região arrozeira gaúcha volta a ser atingida por inundações históricas

(Por Planeta Arroz, com agências) A enchente que atinge cidades do Centro do Rio Grande do Sul desde a última segunda-feira, dia 16, é uma das maiores da história, mostram medições dos níveis dos rios na região que foi a mais atingida por chuva extrema no estado nesta semana.

O nível do Rio Jacuí, que desemboca no Guaíba, atingiu na sexta-feira 26,48 metros na régua de Cachoeira do Sul. Trata-se de uma das maiores enchentes na história da cidade do Centro gaúcho, somente sendo superada por 1941 e 2024. O nível do Jacuí observado hoje em Cachoeira do Sul está muito perto do anotado na enchente catastrófica de 1941, quando na localidade do Centro do estado o rio atingiu a marca de 26,53 metros.

No ano passado, o Jacuí em Cachoeira atingiu 29,55 metros. A Ponte do Fandango, na BR-153, permaneceu totalmente interditada até a tarde deste sábado (21) devido à elevação do Rio Jacuí. O problema não estava na ponte, apesar da grande massa d´água que descia em alta velocidade pelo rio, mas num trecho da rodovia, 200 metros após a ponte, em direção à BR 290, que foi encoberto pelas águas. A Polícia Rodoviária Federal fez o bloqueio da rodovia.

No município, a AEGEA/Corsan opera com um gerador emergencial para assegurar o fornecimento de água potável aos moradores de Cachoeira do Sul. O prédio onde está instalado o sistema de captação de água foi completamente inundado. Em razão da interrupção do fornecimento de energia elétrica no local, a utilização do gerador se tornou essencial para manter o funcionamento do sistema. O equipamento utilizado é o mesmo que chegou à cidade em um helicóptero da Base Aérea de Santa Maria no dia 15 de maio de 2024, quando Cachoeira vivia o maior evento de cheia de sua história. A estrutura emergencial da Corsan conta com três bombas flutuantes, que seguem em operação contínua para garantir a distribuição de água à população, sem interrupções.

Cerca de 300 famílias ficaram desabrigadas ou desalojadas, somando mais de 1.100 pessoas em Cachoeira do Sul.

O Rio Jacuí provoca inundação em vários municípios do Centro do estado, como na região da Quarta Colônia, onde as águas cobrem extensas áreas em municípios como Dona Francisca, Agudo e Restinga Seca. Rodovia entre Agudo e Dona Francisca, recém recuperada pelo Estado, foi novamente levada pelas enxurradas. À medida que o pico de vazão avança, a situação se deteriora mais a Leste. A enchente piora em Rio Pardo e já atinge a Região Carbonífera.

Na tarde desta sexta, o Jacuí atingiu 6,26 metros ou 1,62 metro acima da cota de inundação em São Jerônimo. A MetSul Meteorologia alerta que o Jacuí seguirá subindo entre Cachoeira do Sul e Porto Alegre, ou seja, a tendência é de agravamento da situação no Vale do Rio Pardo, na Região Carbonífera e na Grande Porto Alegre. Assim, municípios como Rio Pardo, Charqueadas, São Jerônimo, Triunfo e Eldorado do Sul tende a ter uma agravamento da enchente com mais moradores sendo afetados por inundação.

A situação preocupa em especial em Eldorado, que está no delta do Jacuí em ponto que já recebeu as águas do Taquari. A cheia de grandes proporções do Jacuí é consequência dos acumulados extremos de chuva no Centro do estado, onde vários municípios tiveram volumes parecidos ou iguais aos observados no final de abril de 2024 com marcas de até 400 mm a 500 mm apenas nesta semana.

Na região Central, diversas propriedades que foram encobertas pelas águas em 2024 voltaram a ficar sob inundação. O agricultor Ademar Kochenborger, comemorou o fato de já ter colhido a lavoura de arroz e de soja de 2024/25, mas teve água invadindo o seu secador e a poucos metros de sua casa, novamente. Em 2024, o Rio Jacuí ficou cerca de dois metros acima da casa e atingiu os silos cheios de arroz, com perdas de quase todo o maquinário, estruturas e da safra, além da casa. “O problema é que a enchente começou na confluência dos rios Iruí e Piquiri, que ficam nos fundos da propriedade, e quando estes rios começaram a baixar o Jacuí, que passa ao lado e recebe água destes afluentes, começou a crescer e em níveis preocupantes”, explicou.

O Governo do Estado anunciou R$ 30 milhões em recursos para atendimento emergencial da região.

A interrupção das estradas deve dificultar o atendimento do cronograma de cargas de arroz na região, bem como afetará a produção de inverno das regiões de terras baixas da Fronteira Oeste em direção ao Centro do Estado (de São Borja, passando por Santiago, São Vicente, São Pedro do Sul, Santa Maria, a Quarta Colônia de Imigração Italiana, Agudo, Restinga Sêca, Cachoeira do Sul e Rio Pardo. Além disso, os temporais que somaram mais de 300mm de chuvas somente em Cachoeira do Sul, causaram prejuízos à Fenarroz, que estava ocorrendo de 17 a 22.

Equipamentos e estruturas de lavouras, mais uma vez, foram perdidas nas margens dos rios. Com as águas baixando cerca de 4cm por hora, somente no meio da próxima semana será possível começar a mensurar os danos na zona rural e nas propriedades. Cachoeira do Sul, que perdeu 62 pontes em 2024, e ainda não tinha conseguido recuperar nem a metade delas, já sabe que os rios levaram a maior parte das estruturas provisórias ou definitivas que ainda permitiam a ligação entre as suas zonas rurais e urbana ou cidades vizinhas.

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