Relações do RS com a Nigéria podem incluir leite e frango, além do arroz

A Nigéria é o maior parceiro comercial do Brasil na África. Compra açúcar e arroz e vende petróleo bruto.

As possibilidades de cooperação técnica e comercial entre os estados do Rio Grande do Sul e do Edo, na Nigéria, ampliaram-se nesta quinta-feira (30), com a inclusão das cadeias produtivas do frango e do leite no leque de projetos de colaboração que podem ser firmados em breve, e que já contava com o setor orizícola. À primeira hora da manhã, na sala de reuniões do Homeville Hotel, sentaram-se à mesa de conversações o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, e o ministro da Agricultura do Edo, Abdul Oroh, para coordenar a reunião para finalização dos debates que vem sendo realizados desde a terça-feira.

Para o frango e para o leite foram discutidos investimentos de grupos de empresas e cooperativas gaúchas, com o apoio do governo nigeriano, em projetos de implantação e profissionalização daquelas cadeias produtivas. “Propusemos abrir o mercado da Nigéria para nossos produtos avícolas e lácteos, ao mesmo tempo em que buscaríamos grupos interessados em investir na produção em terras africanas”, explicou o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.

O diretor para a África da JBS, Eduardo Bairros Garcia, depois de informar que o grupo brasileiro está presente na Nigéria, acentuou que as vendas não são diretas, reconhecendo que o mercado local interessa. “Se levarmos em conta que, segundo as estatísticas oficiais, a Nigéria tem uma população ao redor de 170 milhões de pessoas e que metade é muçulmana, que consome bastante carne de aves, posso afirmar que este mercado nos interessa”, informou Garcia.

No setor leiteiro, o governo do Estado do Edo também quer desenvolver projeto de bacias leiteiras. Além de incentivos, o ministro Oroh, também acenou com a cedência de terras para a instalação de bacias leiteiras, assegurando, num primeiro momento, a disponibilização de pelo menos dois mil hectares. A Nigéria importa praticamente todo o leite que consome, especialmente da Holanda.

No arroz, as conversas evoluíram para o detalhamento. De acordo com o presidente do Irga, Claudio Pereira, o Governo gaúcho estuda a possibilidade de receber pelo menos seis técnicos daquele estado africano, para treinamento na área da produção, extensão e pesquisa, os quais ficariam em terrirório gaúcho no período mínimo de seis meses. E, num segundo momento, destacar técnicos do Irga para assessorarem o governo local na modernização do setor orizícola.

Em troca, informou Pereira, deve haver compromisso dos nigerianos em garantir uma cota para a importação do arroz gaúcho. “Eles importam, anualmente, 2,8 milhões de toneladas e nos queremos reservar parte significativa deste mercado para a nossa indústria”, concluiu Pereira.

Governo Federal
Nesta sexta-feira, a missão gaúcha, que está desde segunda-feira na Nigéria, retoma conversas com o Governo Federal, na capital do País, Abuja. Ontem à noite, foram recepcionados em jantar pelo governador do distrito federal e, no final das atividades nesta sexta-feira, haverá encontro com o presidente Goodluck Ebele Jonathan, que oferece jantar aos gaúchos.

O secretário Mainardi, que coordena a missão, disse que os resultados são positivos e que rodadas de negociações são marcadas por etapas. “Estamos iniciando, sob a orientação do governador Tarso Genro e na esteira da política de relação do governo brasileiro com a África, os contatos. Avançamos bastante até aqui nesta precursoria em que procuramos entender como funcionam as coisas aqui na Nigéria e aproveitamos para encaminhar as primeiras ações concretas”, avaliou Mainardi.

Na próxima semana, ele tentará marcar audiência com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que chefiará missão de industriais brasileiros em investir na Nigéria. A missão ficará na Nigéria e Guiné de 16 a 21 de junho. O obejtivo é negociar a ampliação do comércio entre os dois países. O foco das negociações para as empresas brasileiras será a busca de novos mercados nos setores da construção civil e do agronegócio. Farão parte da missão representantes do Senai e do Sebrae.

No ano passado, o comércio entre os dois países somou US$ 9 bilhões, seis vezes mais do registrado há dez anos. A Nigéria é o maior parceiro comercial do Brasil na África. Compra açúcar e arroz e vende petróleo bruto. “Vamos informar ao ministro o que fizemos e pedir seu apoio ao prosseguimento desta relação que estamos iniciando”, justificou Mainardi.

 

5 Comentários

  • Vão ensinar os nigerianos a plantar arroz no RS… Vão ensinar nossa tecnologia… Talvez até importem nossas sementes e alguns quilinhos do nosso arroz… Em cinco anos estarão auto-suficientes em tecnologia e know-how… E nós??? Será que eles vão precisar comprar nosso arroz depois de 5 ou 10 anos??? Parece que querem ensinar eles a pescar… no nosso açude !!! Índia, Vietnã, Tailândia, Camboja, e outros países asiáticos exportam seu arroz sem fazer nada desse tipo… Porque tem logística, tradição e preços competitivos… E conquistaram mercados aumentando a produção e remunerando bem os produtores… Nada disso seria preciso se trancassem as importações do Mercosul e deixássemos de ser corredor de importação e exportação!!!

  • Pela primeira vez concordo com o Sr. Flavio Schmidt, os produtores tem que parar de meter o pau nas Indústrias e voltar seus olhares para outros fatores que influenciam no preço do arroz, tem que precionar os governantes a unificar a aliquota do ICMS entre os Estados e o Estados tem que parar de dar incentivos físcais para grandes indústrias de arroz, tirando a competitividade das indústrias menores, por que todo mundo sabe que as grandes indústrias ganham os incentivos fiscais, apertam na compra do arroz em casca e não repassam isso ao consumidor, o que deixa os menores numa condição desvantajosa, o que obriga todas as outras indústrias a baixarem os preços para poder vender e aí todos já sabe o que acontece, não preciso falar. Mas é essa a lei do mercado, chora menos quem pode mais e bola pra frente. OLHO VIVO PESSOAL, FOCO NO QUE REALMENTE PREJUDICA O MERCADO. Boa semana a todos!!!!

  • Sr Flávio, o que pode vir a acontecer com a Nigéria já é realidade com o Paraguai.
    Nosso pesquisador do IRGA , que muito nos ajudou na implantação do “Projeto 10”, pago com a nossa (será ???) CDO, hoje dá assistência no pais vizinho e como consequência temos esta sombra de importação sem limite vinda deste parceiro do Mercosul.
    A verdade é que estão usando tecnologia gaúcha como moeda de troca para a balança comercial do Brasil.

  • Boa noite Srs. Flávio, Alexandre e Éverci. Fico contente em ver que o que eu penso também ser do pensamento de formadores de opinião, como os Senhores.
    É um deboche! Nós pagamos a CDO e estes ……. que assaltaram o NOSSO IRGA, colocando lá um presidente BIÔNICO, estão DANDO a tecnologia que NÓS geramos, semeando a desgraça do futuro de nossas exportações. SERÁ QUE NÃO ENXERGAM ISSO?
    Abraço

  • Srs. Gostaria de trazer uma visão diferente do exposto acima.
    Primeiro, em comércio internacional, para se remover barreiras, é preciso sim negociar. Oferecer algo em troca. E para isso precisamos criatividade. É assim por exemplo que exigimos da indústria automobilística. Eles tem de trazer empregos, instalar fabricas aqui, e sim transferir tecnologia. Os Estados Unidos faz assim com toda a América Central, e exporta o arroz americano, muitas vezes em casca porque é a única opção possível, e exigência local. Vários países na Asia e na Africa vem buscando tecnologia. Não somos os únicos a dispor dessa tecnologia, e se fossemos, como evitaríamos que alguém viesse aqui, a comprasse e a levasse para Nigéria… Portanto, eu acho muito importante, que ao sair na frente, trazer bons resultados dessas negociações, e garantir um mercado importante como esse seja objetivo nosso, do Estado!!!! E EXPORTAR ninguém tem dúvida que é o único caminho para nossa estabilidade de preços. Precisamos de iniciativas. Precisamos reduzir os custos para sermos mais competitivos, essa deveria ser também a discussão proposta pelos nossos conselheiros, dentro do Irga, como o grande objetivo a ser buscado.

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