Renovação no Mato Grosso

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Santana: o arroz voltou a ser boa opção no Mato Grosso

Arroz chega nas áreas velhas do Centro-oeste.

A rotina do Centro-oeste de só plantar arroz em abertura de áreas para soja, algodão e pastagens está sendo colocada em xeque pela pesquisa e até mesmo pelo cenário mercadológico e econômico do agronegócio brasileiro. Os altos custos de produção e baixos preços de commodities agrícolas fazem do arroz interessante alternativa no plantio em áreas velhas no Mato Grosso. Estima-se que 15% das áreas de soja que deixarão de ser plantadas no norte do estado, devem incorporar o arroz. 

O engenheiro agrônomo Mairson Santana, da AgroNorte, destaca que o arroz é uma cultura mais rústica, cuja introdução nessas áreas reúne também uma série de vantagens agronômicas. Do ponto de vista tecnológico, Santana explica que o agricultor não pode abrir mão de uma boa assistência técnica, planejamento e uso de tecnologias eficientes para produzir bem e com qualidade. “Cada cultivar apresenta características próprias de produção e produtividade, tolerância a doenças e manejo”, informa. 

O agrônomo enfatiza que boa semente, uso correto das práticas culturais e aplicação dos insumos necessários são decisivos para a produtividade e qualidade de grãos, exigência crescente da indústria e do consumidor. O presidente da Associação de Produtores de Arroz do MT, Ângelo Maronezzi, considera que as áreas onde a soja se repete há anos precisam de uma rotação com arroz para quebrar o ciclo de pragas e doenças e também para agregar nutrientes ao solo. Alerta, porém, que o arrozeiro deve conhecer as variáveis determinantes de produtividade e melhores grãos para obter rentabilidade. 

Fique de olho
Influenciam na qualidade do grão, fatores como qualidade da semente, uniformidade da germinação, nutrição equilibrada, bom manejo de pragas, doenças e ervas daninhas e eficiência na colheita. Lavouras sem uniformidade têm mais grãos quebrados e gessados. O controle eficiente do percevejo evita grãos manchados e malformados. O arroz deve ser colhido com 18% a 22% de umidade. A regulagem da velocidade do molinete e do cilindro da colheitadeira influencia no percentual de inteiros. 

Questão básica
Para determinar a qualidade dos grãos são observados pontos importantes: porcentagem de inteiros, renda, presença de barriga branca, grãos gessados, amarelos, picados de insetos e manchados. Não adianta aplicar boas práticas agrícolas no ciclo da cultura e perder o trabalho na colheita e armazenagem. Uma colheita bem feita deve ser seguida de uma boa secagem, de forma que a variação de temperatura cause quebra ou trinca nos grãos. Uma dica importante é a separação das variedades e a qualidade do arroz colhido na hora da armazenagem. Depois, um bom controle de pragas é fundamental.

Dicas

SOLO
– A estrutura física do solo é essencial para o plantio de arroz em áreas velhas. Solo compactado prejudica a absorção de nutrientes, reduz a tolerância a veranicos e influencia na produtividade e na qualidade de grãos. Neste caso, é recomendado fazer uma subsolagem ou gradagem (discos de 32 a 34 polegadas) e passar uma niveladora. Fazer o mínimo possível de operações.

ERVAS DANINHAS
– Para um manejo eficiente de ervas daninhas é preciso saber o histórico da área e as invasoras mais freqüentes. Parte pode ser controlada no preestabelecimento da cultura. Uma gradagem mais profunda “enterra” as sementes. Depois, faz-se o nivelamento e espera-se a germinação do mato com as primeiras chuvas. É o momento da dessecação. Depois, se faz o plantio do arroz. Pode-se, após o preparo, estabelecer um precedente cultural como milheto, pé-de-galinha ou soja, esperar criar uma boa biomassa, fazer a dessecação e plantar. A palha depositada no solo ajudará no controle. O controle químico deve ser feito de acordo com a recomendação técnica. O momento e a dose certa são fundamentais para a eficiência.

PRAGAS
– São muitas as pragas que atacam a lavoura de arroz. Os insetos aparecem com ambiente propício ao seu desenvolvimento, foco e hospedeiros. A principal praga da última safra foi o percevejo tibraca (Tibraca limbativentris), que atacou mais cedo e causou muitos danos. O monitoramento é essencial, pois o inseto é de difícil identificação. O lugar ideal de encontrá-lo é nas bordaduras, arremate e encontros de linhas de plantio. 

DOENÇAS
– Práticas agrícolas como época de plantio, densidade de plantio, rotação de culturas, manejo equilibrado da fertilidade do solo e condições climáticas afetam diretamente a intensidade do ataque das doenças no arroz de terras altas. Conhecer a incidência e a severidade do ataque da doença dá ao produtor um parâmetro de produto para um controle eficaz.

– Brusone (Pyricularia grisea) é a doença mais importante na cultura de sequeiro. Causa a morte da planta sem um controle eficiente. Há muitos fatores edafoclimáticos e de manejo que favorecem o desenvolvimento de fungos na lavoura. O controle deve ser integrado ao sistema de cultivo, partindo de um bom manejo do solo, eliminação de restos culturais e uso de variedades resistentes e de sementes fiscalizadas.

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