Reuniões em Brasília vão discutir Mercosul e mecanismos de comercialização

Agendada nova rodada de reuniões sobre a importação do arroz do Mercosul.

O diálogo contínuo entre representantes da cadeia produtiva do arroz e do governo federal sobre a entrada excessiva do cereal procedente do Mercosul sinaliza a vontade das partes em encontrar soluções sensatas para o problema. Em mais uma mobilização liderada pelo deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), que promoveu o encontro em Brasília, dia 20, entre as entidades orizícolas gaúchas e secretários dos Ministérios, temas como excedente de produção, custo Brasil, Tarifa Externa Comum (TEC) e apoio aos programas de exportação ganharam destaque na mesa de negociações.

O resultado da articulação já tem lugar reservado na agenda de novembro das entidades representativas do setor e contará, inclusive, com as presenças dos vizinhos argentinos e uruguaios. Embora ainda sem a definição do dia, dois encontros ficaram acertados: o primeiro, sob a coordenação do embaixador Luis Filipe Macedo Soares, reunirá os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), das Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) – a Fazenda também será convidada – para a apresentação de dados técnicos (taxas de tributos e preços dos insumos, dos combustíveis e das máquinas dos três países).

O material será preparado pela iniciativa privada. A outra reunião ambiciona juntar produtores e industriais nacionais aos parceiros do Mercosul para discutir a fixação de cotas para o arroz. Esta reunião deverá ser mediada pelo MDIC.

DESEQUILÍBRIOS

Com o respaldo de estudos e pesquisas agrícolas, entre eles os elaborados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) e pela Companhia Nacional do Abastecimento Nacional (Conab), o deputado Heinze apontou ao secretário da CAMEX, Mário Mugnan, e ao embaixador Luis Filipe o desequilíbrio existente na comercialização do cereal entre Brasil, Argentina e Uruguai.

Segundo o parlamentar, o quadro de suprimento (produção + estoque da safra passada + importação, a previsão é de que entrem 800 mil toneladas neste ano agrícola) indica o montante de aproximadamente 13,8 milhões de toneladas. Como o cálculo do consumo registra 12,6 milhões de toneladas, haverá um excedente de 1,2 milhão de toneladas.

“Isto se a previsão da importação mostrar-se correta. Entretanto, extremamente importante é fazermos outra análise dos números: até agora já entraram no País quase 600 mil toneladas, 535 mil só do Mercosul. E faltam ainda quatro meses para fechar o ano agrícola, que termina em fevereiro. Provavelmente, o estoque de excedente ultrapassará a estimativa de 1,2 milhão de toneladas e isto prejudicará substancialmente os produtores brasileiros”, contabiliza Heinze.

EXPORTAÇÃO

O auxílio para a exportação da produção dos agricultores gaúchos também foi solicitado por Heinze aos representantes do governo. A intenção é vender arroz para países com demanda de consumo alta, como Venezuela, Peru, Colômbia, Costa Rica, África do Sul, entre outros. A elevação da TEC para 35% também foi discutida durante a reunião.

COMERCIALIZAÇÃO

A visita ao Ministério da Agricultura, que ocorreu um dia antes da peregrinação ao MDIC e ao MRE, dia 19, já começa a evidenciar sinais positivos. O ministro interino, Amauri Dimarzio, apoiou o pleito da cadeia e assumiu o compromisso de alavancar recursos para os leilões dos contratos de opção privado – na ordem de 30 milhões – e governamental – R$ 150 milhões para 500 mil toneladas. Neste último caso, o exercício ocorrerá nos meses de março, abril e maio de 2005.

O setor espera ainda ver contemplada a sua proposta de fixar o preço do primeiro leilão da opção governamental em R$ 29,00 para o mês de março.

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