Rio Grande do Sul avalia produção de etanol com arroz

O trabalho que será realizado com a Agência de Desenvolvimento de São Borja prevê o levantamento de produções entre 50 milhões e 400 milhões de litros.

A preocupação com o esgotamento das fontes tradicionais de energia e a procura por alternativas aos derivados dos combustíveis fósseis fazem com que novas pesquisas sejam realizadas nessa área. Nesse sentido, a Agência de Desenvolvimento de São Borja está buscando recursos para contratar um estudo técnico-econômico quanto à possibilidade da produção de etanol a partir do arroz no Rio Grande do Sul.

O objetivo, detalha o presidente da instituição, José Francisco R. Rangel, é firmar uma parceria com a companhia Technoplan (especializada em geração de energia através da biomassa), de São Paulo, para desenvolver o trabalho. O projeto está orçado em R$ 300 mil e metade desse valor já foi alcançado. Esses recursos estão sendo coletados com produtores, prefeituras, indústrias de beneficiamento de arroz e empresas ligadas ao setor.

A previsão é de alcançar o montante necessário até o final de maio. Se essa expectativa for confirmada, o estudo seria concluído ainda neste ano. Conforme Rangel, a pesquisa servirá para apontar as possibilidades comerciais a eventuais investidores. O dirigente adianta que a meta é instalar quatro biorefinarias de arroz no Estado, localizadas nos municípios de São Borja, Itaqui, Uruguaiana e Pelotas. "Precisamos ainda aprofundar essa questão", diz o presidente da Agência de Desenvolvimento de São Borja. Ele relata que a tecnologia a ser empregada é semelhante a da fabricação de etanol a partir do milho, muito difundida nos Estados Unidos. Rangel afirma que o álcool de cereal tem um maior valor agregado, podendo ser utilizado pela indústria farmacêutica, de bebidas, entre outros segmentos.

Essa característica permitiria que o etanol do arroz não disputasse espaço com o álcool oriundo da cana, que tem um custo de produção inferior e é mais voltado ao mercado de combustíveis. Para Rangel, a possibilidade da produção de etanol aumentaria a competitividade da cadeia orizícola gaúcha em relação aos seus concorrentes no Mercosul. Ele destaca que os produtores locais sofrem há anos com a questão do preço do arroz que, segundo ele, não cobre o custo de produção. O presidente da Agência de Desenvolvimento de São Borja defende que é preciso criar uma alternativa para aproveitar os estoques existentes hoje. No entanto, para a iniciativa sair do papel, alguns obstáculos precisam ser superados. "É necessário observar se há viabilidade econômica para uma atividade como essa", ressalta o diretor da Siclo Consultoria em Energia Paulo Milano.

Ele acrescenta que para consolidar uma operação dessa natureza, é preciso ter continuidade de produção e, por consequência, de matéria-prima. Milano lembra que as experiências para a produção de etanol no Estado, mesmo através da cana-de-açúcar (um insumo tradicional para a fabricação desse combustível), até agora não foram plenamente bem-sucedidas em relação à escala. Atualmente, existe uma pequena produção no Rio Grande do Sul localizada no município de Porto Xavier, através da Cooperativa dos Produtores de Cana de Porto Xavier (Coopercana). "Mas somente por meio de pesquisas é que se desenvolve o País", indica Milano.

Os estudos para promover novas formas de produção de etanol têm aumentado nos últimos anos no Brasil. Em 2010, a Petrobras e a Novozymes firmaram acordo para desenvolvimento conjunto de enzimas para produção de biocombustíveis de segunda geração, utilizando bagaço de cana para fabricação de etanol celulósico. O acordo abrange o desenvolvimento de enzimas e de processos de produção de etanol lignocelulósico, proveniente do resíduo fibroso da produção de cana.

O potencial comercial do etanol celulósico começa a ser considerado, devido à grande quantidade de bagaço de cana disponível no País. O Brasil é o maior produtor mundial de cana, com uma capacidade de extração de cerca de 600 milhões de toneladas por ano, produzindo cerca de 27 bilhões de litros de etanol. Estima-se que a tecnologia de bagaço para etanol pode incrementar a produção nacional em torno de 40%, sem aumentar as áreas de cultura.

Produção com cereal pode ter custo duas vezes maior que usando cana – Para facilitar a viabilidade econômica da produção de etanol a partir do arroz, é aconselhável agregar outras estratégias na operação, informa o presidente da Technoplan, Roberto Hukai. A iniciativa pode ser combinada com outras atividades, como a geração de energia a partir da casca do cereal e produção de silicato, um insumo que pode substituir o negro de fumo (matéria-prima utilizada em vários artigos de borracha). Outra opção é a obtenção de biogás.

O executivo admite que a pesquisa a ser realizada no Estado pode apresentar um resultado negativo devido às condições de mercado. Hukai calcula que o custo da geração de álcool a partir da cana, em São Paulo, corresponde a cerca da metade do valor absorvido pela operação com o arroz. No entanto, ele enfatiza que o Rio Grande do Sul apresenta como vantagem a grande produção de arroz, cultura da qual o Estado é o maior produtor nacional. Além disso, ele lembra que a planta de plástico verde (feito a partir do álcool) da Braskem está localizada em Triunfo, na Região Metropolitana, e pode vir a ser uma potencial consumidora. Conforme Hukai, uma tonelada de arroz é suficiente para a fabricação de cerca de 420 litros de etanol.

O trabalho que será realizado com a Agência de Desenvolvimento de São Borja prevê o levantamento de produções entre 50 milhões e 400 milhões de litros. O dirigente salienta que a fabricação de etanol do amido é uma tecnologia difundida no mundo sendo responsável por um volume de produção maior do que a cana-de-açúcar. "Em termos tecnológicos não há o menor problema. A Rússia, por exemplo, faz álcool de trigo", aponta Hukai. No caso do arroz, o emprego do cereal para a fabricação de álcool pode ser observado no Japão.

Sobre o argumento que o uso do arroz na produção de etanol diminuiria a oferta na área de alimentos, Hukai responde que a demanda desse segmento deve cair com o aumento da renda de populações de países como China e Índia. Esse cenário está fazendo com que o consumidor dessas nações migre para itens como trigo e carnes. Outro ponto destacado por ele é que a mesma questão foi discutida quanto à destinação da soja para o biodiesel e hoje há um mercado consolidado desse combustível.

11 Comentários

  • amigos colegas produtores devemos apoiar esta ideia amanha podemos colher resultados com esse mecanismo já existe um projeto para estudo de viabilidade do etanol do arroz que esta tramitando

  • Excelente alternativa, com isto o arroz terá mais altrenativa do seu uso, reduzindo os estoques e aumentando diretamente o valor deste produto.

  • Com Certeza… no futuro teremos carros movidos a etanol de arroz….

    Que papagaiada…. Agora os arrozeiros começaram a acreditar em Coelhinho da Páscoa e Papai Noel…

  • PAPAGAIADA MESMO. vamos as contas:

    20 sc de arroz para produzir 420litros de etanol, o arroz a 25,80(preço minino que o arrozeiro merece por saco, menos que isso nao ajuda) o litro fica R$ 1,22, isso só contando a mateira prima no caso o arroz, mas ai tem mais o custo de produção, fretes, mais os 30% que a industria pega pra ela, mais os 30% que o posto pega pra ele, chega no consumidor a uns R$ 4,00 o litro.

    Essa noticia é feita para iludir, para o arrozeiro acreditar que vai melhorar, e consequentemente continuar plantando e investindo na lavoura…

  • Venham para Uruguaiana dia 17 de maio.

  • Prezados leitores do Planeta Arroz – Este projeto que estamos buscando recursos, e vamos conseguir, é para Estudos de Viabilidade Técnico-Econômico à implantação de Biorefinarias de Etanol de Arroz no RS. O conceito moderno é Biorefinaria Integrada como é nos EUA com milho. Portanto, precisamos de outros subprodutos extraídos do processo para viabilizar o etanol, como o DDGS que representa 33% do volume extraído, com alto valor proteico para as indústrias de ração, e hoje, uma grande fonte de exportação dos EUA (5,5 MT/ANO), onde podemos extrair o mesmo com o arroz. Outro ponto, este etanol produzido do arroz que é nobre será direcionado para outros mercados com maior valor agregado (indústrias de bebidas, farmacêutica, petroquímica, e principalmente, a alcoolquímica). O projeto é para trabalhar entre UM MILHÃO a DOIS MILHÕES de ton de arroz beneficiado/ano para produzir entre 400 a 900 milhões de litros de etanol, além de 330.000 ton de DDGS/ano. Se este Projeto apresentar viabilidade, na qual estamos acreditando, estaremos fortalecendo e tornando competitiva toda a cadeia do arroz no RS. Temos que buscar alternativas para dar um destino aos grandes estoques do produto, URGENTEMENTE.

  • TE MEXE ARROZEIRO

  • Rangel, estou contigo!!!! Melhor, estamos contigo aqui em Uruguaiana.

    Vamos fazer uma limpa nos Sindicatos e Associações… não gostamos de ter covardes desleais à nossa frente.E com o Movimento, está dando para percebermos os reais representates nas nossas entidades.

    Sr. Hernandes gostaria de entrar em contato com o senhor. stellaluzardoalves@hotmail.com

  • ÓTIMO PROGETO
    Sou um produtor de ARROZ .
    Se hoje nós não conseguimos comercio para nosso produto(por ter em abundânsia).
    Porque não apoiar este projeto

  • Ou processo de produzir alcool de arroz, somente usando arroz quebrado, ou nâo comercial, e rentavel, jâ que ademais de alcool, se produzen os seguintes produtos :
    Alcool hidratado 96 Graus
    Farinha de arroz com 70% da proteina
    CO2 receperacâo da processo de fermentacâo, cinzas, para silica
    COnsultas :AGRIMAQU PRO

  • É infelimente esta noticia é só para iludir o arrozeiro ai ele fica animado e planta mais o preço cai e fica a ver navios é acho que vou começar a produzir alcool estou comprando arroz enviem proposta para jlsgat@bol.com.br

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