Rio Grande do Sul, celeiro da América
O desequilíbrio do mercado asiático pode transformar o RS em grande exportador
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O Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de arroz do continente americano, perdendo apenas para os Estados Unidos. A comparação ganha ainda mais densidade quando se percebe que se está colocando lado a lado a produção de um estado com a produção de um país. “Por isso existe um grande interesse das outras regiões produtivas, dos centros industriais e dos consumidores em relação ao comportamento de produção e preços da safra gaúcha. As variações, quando ocorrem, determinam mudanças significativas no comportamento do mercado”, alerta Adalberto Jardim Silveira, consultor da Centro Agronegócios, em uma análise especial para o Planeta Arroz 2000.
Segundo Jardim, o arroz gaúcho é muito bom. “Destaca-se o Rio Grande no cenário externo por ser um grande produtor de arroz longo-fino (agulhinha), que tem qualidade superior e grande aceitação nos mercados consumidores mais exigentes, com isso tornando o arroz gaúcho bastante competitivo em relação à produção de outros países”, explica Jardim.
AMÉRICA – O continente americano produz cerca de 30 milhões de toneladas de arroz e consome 27 milhões, constituindo-se em um exportador líquido de arroz. Os Estados Unidos são o grande exportador, o mais agressivo no mercado mundial. Suas políticas de exportação, com prazos longos e juros baixos, estabelecem uma concorrência danosa para os países produtores com menor poder econômico. A alternância de boas com más produções no terceiro mundo torna estes países atingíveis pelas ações e estratégicas de comércio norte-americanas.
ARROZ PARA DAR E VENDER
O Brasil já é auto-suficiente em produção de arroz. RS é seu grande produtor
Analisando as tendências produtivas de cada estado e região, pode-se concluir, com um alto grau de certeza, que o Brasil atingiu a condição de auto-suficiência na relação produção/consumo interno e que, em não ocorrendo exportações futuras, passaremos a conviver com excedentes produtivos. Outra constatação é a liderança gaúcha na produção de arroz de qualidade.
A lavoura de arroz irrigado tem 100 anos no Rio Grande do Sul, atingindo uma posição de destaque na economia do estado na década de 60, com a sua mecanização. Desde aí, o processo evolutivo é constante. A produtividade cresceu 60% em 25 anos, a área plantada saltou de 350 mil hectares em 1965 para 950 mil hectares na safra 99/2000.
AGROINDÚSTRIA – Da mesma forma que a lavoura vinha se desenvolvendo, o parque agroindustrial de beneficiamento do grão a acompanhava, tornando-se o maior do Brasil, hoje cm capacidade instalada superior à produção gaúcha do grão. Hoje os silos dos engenhos fazem parte constante da paisagem das lavouras orizícolas.
ARROZ NO BRASIL
• 1998
– 3.294.000 hectares
– 8.662.000 toneladas de grãos
– 2,6 toneladas por hectare de produtividade
• 1999
– 3.720.400 hectares
– 11.582.200 toneladas de grãos
– 3,1 toneladas por hectare de produtividade
• 2000
– 3.616.200 hectares
– 11.429.800 toneladas de grãos
– 3,1 toneladas por hectares de produtividade
FONTE: Conab, fevereiro de 2000
Produz mais, consome mais
Os países grandes produtores de arroz também caracterizam-se como grandes consumidores, estabelecendo grandes mercados internos, com muitas interveniências governamentais, haja vista a importância desta cultura agrícola nos aspectos económicos, sociais e políticos.
Decorrente desta característica, o comércio de arroz entre países gira em torno de 30 milhões de toneladas/ano (5,5% da produção total mundial). Poucos países têm produção direcionada para exportação. A maioria da oferta no mercado internacional vem de seus excedentes, via de regra oriundos de produtividades maiores alcançadas por fatores climáticos favoráveis.
Países exportadores
Produção em toneladas
• BRASIL – 11.500.000
• ESTADOS UNIDOS – 8.500.000
• ARGENTINA – 1.500.000
• URUGUAI – 1.200.000
• OUTROS PAÍSES – 7.000.000