Rio Grande do Sul estuda privatizar sua maior rede armazenadora

Uma possível venda pode afetar os produtores, que tenderiam de pagar mais pela armazenagem.

A maior rede armazenadora de arroz no Rio Grande do Sul poderá ser privatizada. Esta é uma das medidas estudada pelo governo gaúcho para sanar o déficit de R$ 20 milhões da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa). Uma alternativa ao endividamento da estatal tem de ser apresentada em 45 dias.

Cerca de 80% da capacidade dos silos da companhia está ocupada com pouco mais de 5% da safra de arroz do estado – 415 mil toneladas. A estatal abriga 20% da capacidade de armazenagem credenciada pelo governo federal. Uma possível venda pode afetar os produtores, que tenderiam de pagar mais pela armazenagem. A mudança na razão social pode significar também uma demora no uso dos armazéns em ações governamentais devido à necessidade de recredenciamento.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Rio Grande do Sul tem atualmente quatro mil armazéns com capacidade instalada de quase 22 milhões de toneladas. A Cesa responde por pouco mais de 30%.

– Não há como abrir mão da capacidade de estocagem da Cesa – diz o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto.

Segundo ele, mesmo com a estatal talvez faltem condições de armazenagem no estado na próxima colheita.

O secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, João Carlos Machado, explica que uma comissão estuda um plano de recuperação da companhia.

– O governo entende como importante para os produtores, especialmente para os pequenos. Mas a situação financeira é muito grave – afirma.

Segundo ele, o passivo da Cesa é maior que o ativo – R$ 175 milhões para R$ 145 milhões. Além do endividamento a empresa não tem recebido investimentos, nem se modernizado. Machado diz que a secretaria trabalha com a hipótese de recuperação da companhia, mas não descarta a hipótese de vendas de algumas unidades.

– A Cesa é a principal rede dos arrozeiros – afirma o analista Tiago Barata, da Safras & Mercado.

Na sua avaliação, uma venda da companhia poderia ser prejudicial para o setor produtivo, pois a estatal tem distribuição estratégica no estado, inclusive com depósito no Porto de Rio Grande, que ajudaria na exportação do cereal.

– Fizemos um convênio com a Cesa para adequar o armazém ao Porto – reclama Renato Rocha, presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

Segundo ele, a idéia era abrigar 60 mil toneladas de arroz visando a exportação na próxima colheita. Ele diz que os produtores aguardam apreensivos uma solução para o problema da Cesa.

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