Rio Grande do Sul plantará menos arroz
Projeção do Irga de redução na área semeada deve-se à menor disponibilidade dágua. Produtividade pode ser ampliada.
Faltando praticamente um mês para o começo do plantio de arroz da safra 2009/2010 no Rio Grande do Sul, a previsão é de queda na produção em relação às 8 milhões de toneladas do ciclo agrícola anterior. O percentual de recuo dependerá da recuperação de mananciais de água nos próximos 45 dias e da intensidade das chuvas no período de semeadura. De acordo com o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), nem a previsão de maior produtividade deve reverter a tendência.
O último levantamento do Irga aponta que 350 mil hectares deixariam de ser semeados por falta de reservas dágua para irrigação. Na safra 2008/2009, arrozeiros gaúchos plantaram 1,1 milhão de hectares. A situação mais preocupante é na Fronteira-Oeste e Campanha, que concentram aproximadamente 45% da área cultivada. Essas regiões enfrentaram seca no verão e, mesmo com as últimas chuvas, o nível de barragens e açudes segue abaixo do ideal.
Sob a influência do El Niño, a tendência é que haja significativa recuperação dos reservatórios nos próximos 90 dias. No entanto, a mesma chuva favorável à redução dos riscos de déficit hídrico provoca insegurança sobre a safra.
A previsão da MetSul Meteorologia é de precipitações acima da média durante toda a primavera. O excesso de chuva no plantio, em setembro e outubro, é desfavorável.
– A tendência é de redução ou por falta dágua ou por excesso de chuva. Teria de dar muita coisa certa para reverter esse cenário – avalia o presidente do Irga, Mauricio Fischer.
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, acredita que o agricultor tomará a decisão até a primeira quinzena de setembro, período considerado limite para a compra de insumos. Ele lembra que a liberação de crédito para custeio pelos bancos tem como condição a comprovação, em laudo, das reservas dágua.
– Com a situação climática bastante complicada e o elevado custo, orientamos que o produtor mantenha os pés no chão, adie investimentos e não plante área que não tem garantia dágua. É um ano de vacas magras – resume o dirigente.
A saca de 50 quilos vale hoje R$ 27,00 e, portanto, abaixo do custo de produção, de R$ 33,00. Mas os dirigentes das entidades apontam que o valor não terá influência sobre a semeadura, pois não é possível plantar outras culturas em áreas de várzea.
Segundo Fischer, o perfil da venda de sementes aponta que, apesar do cenário adverso, a produtividade média do grão deve evoluir em relação aos 7.280 quilos na última safra. Um indicativo é a maior comercialização da variedade Irga 424, com potencial de pelo menos 13.700 quilos por hectare. Com o volume negociado, a área com o material deverá passar de 65 mil hectares, em 2008, para 300 mil hectares.
– Fizemos uma pesquisa no Estado que apontou a disposição do produtor em aumentar o rendimento.