Rizóbio no arroz será um aliado da lavoura

Pesquisa da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) apontará técnicas de fixação de nitrogênio no solo.

A cultura de arroz ganhou nos últimos anos importantes estudos que proporcionaram o desenvolvimento de novas variedades e técnicas de cultivo, sempre buscando o aumento da produtividade e cuidados com o solo. A Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), entidade vinculada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, autorizou agora uma nova pesquisa na área da orizicultura: a seleção de rizóbios como bactérias promotoras de crescimento em plantas de arroz. O objetivo é a fixação biológica de nitrogênio ou de melhor aproveitamento deste nutriente a partir do desenvolvimento do rizóbio no arroz.

Rizóbio é uma bactéria que associada a uma planta, normalmente com leguminosas, estabelece uma relação capaz de fixar o nitrogênio atmosférico no solo. O arroz é um cereal que exige muito nitrogênio da terra, tanto que os produtores colocam até 300 quilos de uréia (fonte de nitrogênio) para cada hectare cultivado.

O principal desafio dos pesquisadores é selecionar rizóbios capazes de aumentar a eficiência da adubação nitrogenada em arroz irrigado, seja pela fixação biológica de nitrogênio ou pelo aumento da absorção do nutriente pelo cereal promovida pelo rizóbio inoculado (introduzido) na planta de arroz.

A inoculação de rizóbios no cultivo da soja é uma prática comum. Segundo Luciano Kayser, doutor em ciência do solo e coordenador da pesquisa de desenvolvimento de rizóbio para o arroz, a dificuldade é isolar o rizóbio para atuar no crescimento vegetal em arroz.

“O nosso trabalho é pioneiro no Brasil e as únicas informações nesta área são de pesquisas feitas nas Filipinas e na Austrália. Já existem cerca de 120 tipos de rizóbios isolados para pesquisa e o que mais se adapta ao cultivo de arroz é o rizóbio que é encontrado no trevo branco, planta que serve com forrageira para o engorde de bovinos”.

Segundo o produtor rural e engenheiro agrônomo Cezar Paz Carvalho, a dificuldade é encontrar rizóbios que tenham a capacidade de inoculação em gramínea (planta de arroz). Na cultura de soja a inoculação de rizóbios tem um custo de aproximadamente R$ 3,00 para cada hectare cultivado.

CUSTOS

A introdução de rizóbio no cultivo de arroz é uma esperança para os produtores reduzirem custos com insumos e aumentarem a qualidade e produtividade de grãos. O produtor de arroz e engenheiro Agrônomo Cezar Paz Carvalho explica que cerca de 10% dos custos da lavoura estão relacionados ao esforço de fornecer nitrogênio para a planta.

“A adubação com uréia custa em média R$ 1,00 para cada quilo comprado e lançado ao solo. As lavouras da nossa região recebem de 250 a 300 quilos de uréia por hectare. Além de reduzir custos, o contínuo fornecimento de nitrogênio garantirá maior qualidade do produto, pois a planta estará sempre com o suprimento necessário deste nutriente”, observa Carvalho.

UNESCO

Além da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), a Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) também está financiando a pesquisa para seleção de rizóbios como bactérias promotora de crescimento em plantas de arroz. O trabalho terá três etapas bem distintas e deverá revelar os primeiros resultados em meados de 2005, após a próxima colheita, quando já serão feitas experiências de campo.

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