Rumo ao milhão
RS pode alcançar um milhão de t na soja em rotação
O Rio Grande do Sul poderá alcançar pela primeira vez na história um resultado de colheita de soja superior a um milhão de toneladas em áreas de rotação com o arroz. A estimativa está baseada, ainda, em números extraoficiais da própria cadeia produtiva, e na confirmação de área semeada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A estimativa é de que a superfície de 366.409 hectares gere uma produtividade de, ao menos, 2.765 quilos por hectare, o que totalizaria 1,013 milhão de toneladas.
O avanço seria de quase 35% sobre a maior safra já colhida da oleaginosa neste ambiente após a adoção do sistema em terras baixas, em 2018/19, quando os arrozeiros gaúchos colheram 752,6 mil toneladas. O maior domínio do sistema de cultivo, do manejo e, principalmente, a infraestrutura de drenagem e a evolução da genética, além do clima, são os fatores que devem interferir neste resultado. “Será uma boa colheita com ótimos preços e que isso ainda terá consequências positivas também para a próxima lavoura de arroz”, reconhece o engenheiro agrônomo do Irga, Rodrigo Schoenfeld, sem contudo projetar números que possam confirmar a estimativa.
O engenheiro agrônomo Fabrício Marques, da Pedra Moura Consultoria, acrescenta que embora tenha surgido como alternativa de manejo das plantas daninhas, doenças e pragas, e para a reciclagem de nutrientes, com impacto muito positivo nestes itens e na época de semeadura e produtividade do arroz, a soja se tornou, pela valorização, um produto muito atrativo. “E ganhou importância no portfólio de produtos e na gestão de comercialização graças à sua liquidez e a alta dos preços”.
Segundo ele, produtores e também os técnicos aprenderam muito em relação ao manejo e ao sistema, e isso tem agregado resultados expressivos e o avanço da área. “Há maior segurança em investir na medida em que há um maior domínio das tecnologias implicadas. Ainda há desafios no sistema, mas isso também quer dizer que há um grande espaço para crescer tecnológica e produtivamente”, enfatiza.
Fique de olho
Rodrigo Schoenfeld, do Irga, lembra que há 10 anos, a pesquisa avaliava que o Rio Grande do Sul teria potencial de cultivar até 500 mil hectares de soja em terras baixas, e que esse número era considerado praticamente uma utopia. “Hoje, com mais de 365 mil hectares, a soja está incorporada ao sistema e alcançar 500 mil hectares é uma questão de tempo. Pouco tempo”, resume.