Safra 2025 de arroz sem defensivos químicos chega aos supermercados de Santa Maria e região

 Safra 2025 de arroz sem defensivos químicos chega aos supermercados de Santa Maria e região

(Fabiola Nicoletti, bolsista da Polifeira do Agricultor) A safra 2025 do arroz sem resíduos químicos já foi colhida e os números são promissores. Segundo a Cooperativa Agrícola Mista de Nova Palma, a colheita deste ano rendeu 450 sacas de arroz, oriundas de 9,67 hectares de três produtores do município de Dona Francisca, na Quarta Colônia de Imigração Italiana. Após passar por um ano da ocorrência de um evento climático extremo, como as enchentes de 2024 que levaram solos de boa parte dos solos das áreas cultivadas, os resultados são animadores e renovam as esperanças para a produção desse tipo de arroz.

Agricultor e parceiro do projeto há dois anos, Marlon Padilha Descovi colheu 170 sacas em sua propriedade, localizada na comunidade de Formoso, em Dona Francisca. Ele teve conhecimento do projeto através de uma reunião feita com os agricultores da localidade, promovida pelos idealizadores do projeto em 2021. Marlon explica que o diálogo e a colaboração de instituições como a Emater/RS-Ascar e UFSM, responsável pelo acompanhamento técnico, foi essencial para que o projeto fosse colocado em prática e fosse possível produzir um alimento livre de resíduos químicos de pesticidas, agregando assim mais valor ao produto final.

Participação da UFSM

O projeto Arroz Sem Defensivos Agrícolas foi desenvolvido pela liderança do professor da UFSM Ênio Marchesan para buscar mais competitividade de mercado/comercialização aos agricultores locais e para atender a demanda de consumidores preocupados com a origem e o modo de produção do arroz. O projeto buscava ser uma alternativa para agricultores familiares que apresentavam baixa competitividade em função da pequena escala e sem diferencial que gerasse valor agregado.

A opção do plantio de arroz sem resíduos químicos tinha o desafio de equivaler ou superar os números obtidos com a produção convencional, razão pela qual se permite o uso de fertilizantes minerais para que a planta cresça e produza de modo satisfatório, porém substituindo os pesticidas de controle de plantas daninhas, pragas e doenças, por bioinsumos. Dessa forma, esse sistema se caracterizou como intermediário, onde se mantivesse uma relação com algumas tecnologias do modo convencional de produção, mas que também se aproximando da produção orgânica.

Atualmente o arroz é comercializado em diversos supermercados de Santa Maria, com a marca Bella Dica e com o nome de arroz Seleto. A cooperativa Camnpal gerencia as atividades do projeto, também renumerando o agricultor com 20% a mais que o preço do arroz convencional. Após processar, a Camnpal distribuí esse produto nos pontos de venda. Apesar de não possuir a certificação de produto orgânico, o arroz sem uso de defensivos químicos se apresenta como uma alternativa segura, acessível e sustentável para os consumidores.

A utilização de fertilizantes minerais permite que as plantas recebam os nutrientes necessários para uma boa produtividade, enquanto a ausência de herbicidas, fungicidas e inseticidas reduz os riscos à saúde e o impacto ambiental. Isso resulta em um produto zero resíduo passando por análises de resíduos de pesticidas no Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP) da UFSM.

Agricultura mais sustentável

O desenvolvimento desse projeto em uma parceria composta por diversas organizações da Região Central demonstra a resiliência e o compromisso com uma agricultura mais sustentável. Mesmo diante dos impactos causados pelas enchentes, esses agricultores conseguiram manter uma produtividade satisfatória, reforçando que é possível produzir com responsabilidade ambiental e ainda obter resultados positivos. Mais do que uma técnica de cultivo, ele representa uma forma de resistência e inovação frente aos desafios da produção de arroz, das adversidades climáticas e dos mercados.

Em relação à colheita deste ano, Marlon relata que foi dentro do esperado, muito próxima ao que se obtinha na produção convencional, conseguindo conviver com algumas pragas comuns das lavouras de arroz, o que comprova a eficácia do sistema de transição.

O sistema de cultivo adotado, que dispensa o uso de defensivos químicos e prioriza práticas mais equilibradas com o meio ambiente, tem agregado valor ao produto final para os agricultores. O arroz cultivado em Dona Francisca carrega em si a história de adaptação e inovação de seus produtores, servindo como exemplo de que é possível aliar tradição, tecnologia e sustentabilidade na agricultura familiar.

Onde encontrar o arroz:

● Supermercado Royal, Camobi
● Supermercado Bella Vista
● Rede Super Bertangnolli, Camobi e Bairro São José
● Supermercados da Rede Vivo
● Armazém Coopercedro, na Praça Saturnino de Brito
● Supermercado da Cooperativa Agrícola Mista Nova Palma, em Nova Palma

Parceiros do projeto:

● Gerência Regional da Emater/RS-Ascar
● Polifeira do Agricultor – UFSM
● Grupo de Pesquisa em Arroz Irrigado e Uso Alternativo de Várzeas (GPAI-UFSM)
● Instituto Riograndense de Arroz (IRGA)
● Grupo Meta de Desenvolvimento Agrícola de Agudo
● Cooperativa Camnpal de Nova Palma
● Prefeitura Municipal de Dona Francisca
● Cooperativa de Produção e Desenvolvimento Rural dos Agricultores Familiares de Santa Maria (Coopercedro)
● Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas da UFSM (LARP).

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