Safra de arroz menor faz exportação cair
Para 2007, a estimativa é que as vendas externas fiquem entre 150 a 250 mil toneladas e as compras, 1,2 milhão de toneladas.
Depois de atingir um recorde histórico em exportações de arroz, o País pode amargar queda nas vendas externas, aumentando o déficit na balança comercial. A previsão é que este ano a comercialização com o exterior represente 10% e 20% da compra – em 2006 foi o equivalente 50% das importações.
No ano passado, as exportações somaram 47 mil toneladas, volume 13% superior a 2005; enquanto as importações totalizaram 886,6 mil toneladas (25% maiores). Para 2007, a estimativa é que as vendas externas fiquem entre 150 a 250 mil toneladas e as compras, 1,2 milhão de toneladas. A produção inferior ao consumo é que provocará o aumento no déficit comercial.
– Vai faltar produto no mercado interno e assim não há como exportar – diz Maurício Fischer, presidente do Instituto Riograndense de Arroz (Irga).
O analista Tiago Barata, da Safras & Mercado, acrescenta que é importante o País comercializar pelo menos “o básico para manter o mercado duramente conquistado”, pois há um nicho a ser explorado: o do produto não transgênico.
Segundo ele, os Estados Unidos sofreram embargos devido à produção geneticamente modificada, espaço ocupado pelo Uruguai.
– Podemos pegar carona nas vendas deles -acredita.
Além disso, segundo ele, em 2006 o Brasil conquistou mercados importantes como a América Central.
As projeções da Safras & Mercado são de uma colheita de 11,2 milhões de toneladas para um consumo de 13,2 milhões de toneladas. Será o segundo ano consecutivo com a safra inferior à necessidade de abastecimento. Por isso, Barata aposta em uma exportação pífia: 150 mil toneladas – ante às 250 mil toneladas do Irga.
– Estamos formando um mercado para o futuro. Temos interesse em trabalhar a exportação, pois a tendência é de abasteceremos a América Latina e parte do mundo – afirma Fischer.
Barata acredita que, neste ano, as exportações voltem-se mais para o arroz quebrado – 80% do que o País comercializa com o exterior é deste tipo, enviado principalmente para a África. Pelas estimativas da consultoria, as importações devem crescer 35%, devido ao quadro de oferta e demanda deficitário. Os números do último mês de 2006 já indicam esta tendência. Levantamento da Cogo Consultoria Agroeconômica mostra que as compras em dezembro foram de 119,1 mil toneladas – 13% do volume adquirido em 2006.
Os países do Mercosul lideraram as compras brasileiras: o Uruguai com 425, 4 mil toneladas; seguido pela Argentina (395,9 mil toneladas) e o Paraguai (59,6 mil toneladas). Do lado das exportações, segundo a consultoria, Senegal e Suíça foram os principais importadores do arroz brasileiro com 182 mil toneladas e 90,5 mil toneladas, respectivamente.
Se a produção menor vai afetar as exportações, pode favorecer os preços internos. Barata acredita que, passada a pressão da safra, as cotações se elevem. No entanto, segundo estimativas do Irga, apenas 30% dos arrozeiros têm como armazenar o produto e, deste modo, ganhar quando esta alta ocorrer.