Safra gaúcha dribla estiagem e já produz recorde

Valor estimado da produção das três principais culturas de verão deverá atingir R$ 12,2 bilhões.

Um estrangeiro que visitasse os campos gaúchos no final do ano passado e só voltasse agora teria uma boa surpresa. Em vez de lavouras de milho destruídas, veria a soja crescendo farta.

A estiagem que trouxe a ameaça de mais uma catástrofe econômica no Estado deixou seus rastros, mas se foi. Agora, os sinais são de que a safra de verão será maior do que se imaginava anteriormente, com boas colheitas no arroz – de até 8 milhões de toneladas – e na soja – com previsões de até 9 milhões de toneladas.

— Depois da seca de dezembro e janeiro, tem muita lavoura de milho que está surpreendendo. As perdas se estancaram e é possível até que haja aumento com relação ao último levantamento. A soja está indo muito bem e deve compensar a situação do milho — avalia o engenheiro agrônomo Dulphe Pinheiro Machado Neto, da Emater.

Com a recuperação, o valor estimado da produção das três principais culturas de verão – arroz, milho e soja – nesta safra deverá atingir R$ 12,2 bilhões, segundo cálculo do assessor econômico da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz.

Em levantamento feito por Zero Hora, técnicos das regionais da Emater apostam em números melhores do que os divulgados na última pesquisa oficial, que prevê colheita de 18,925 milhões de toneladas de arroz, milho e soja. Em 50 municípios em torno de Passo Fundo, por exemplo, os números indicam produção de 182,6 mil toneladas a mais de soja (alta de 20%), na comparação com o relatório de 19 de fevereiro. Os números, extraoficiais, ainda devem ser processados no escritório central da Emater.

Perspectiva é de tempo bom para a lavoura neste mês
Na região de Bagé, de acordo com o assistente técnico regional da Emater Erich Oscar Groeger, a expectativa é de forte reação na soja. O grão pode render perto de 2 toneladas por hectare, enquanto o balanço oficial ainda aponta 1,6 tonelada.

No caso do arroz, novos dados já indicam uma colheita melhor do que a prevista. Enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Emater projetam 7,6 milhões e 7 milhões de toneladas colhidas, respectivamente, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) anunciou produção recorde de 8 milhões de toneladas. Hoje, a Conab divulga novo levantamento.

No período de seca, a reclamação era de que as estimativas eram defasadas e superestimavam a safra. Agora, ocorre o contrário. Especialmente na soja, para a qual a Emater prevê 7,6 milhões de toneladas no Estado – longe do recorde de 2007, quando os gaúchos colheram 9,9 milhões, segundo a Conab.

— Não há motivo para acreditar que o Estado não vá colher 9 milhões de toneladas. Houve perda de 1 milhão de toneladas no início por causa de atraso no plantio, baixa tecnologia na lavoura e seca. Mas se limitou a isso, por enquanto — diz o analista de mercado Antônio Sartori, da corretora Brasoja.

O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, não entra na polêmica sobre o tamanho da safra, mas admite que, ante as perdas com a falta de chuva no Paraná e na Argentina, além da enxurrada em Santa Catarina, o Rio Grande do Sul está em situação privilegiada.

— Em um paralelo com os demais segmentos da economia, nosso setor traz certa solidez neste momento — afirma Sperotto.

As perspectivas para o mês, segundo o coordenador técnico do Conselho Estadual de Agrometeorologia, Ronaldo Matzenauer, são positivas:

— A estiagem passou e não há previsão de déficit hídrico para março.

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