Saída brasileira

 Saída brasileira

Heisecke: alta chegou tarde

Paraguaios correm atrás
de clientes para neutralizar
as perdas de rentabilidade
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É abrindo mercados – e apostando na demanda brasileira – que o Paraguai vê a solução de seus problemas com a retenção de estoques e falta de rentabilidade na orizicultura. Diversos acordos foram fechados para ampliar as vendas externas na América do Sul, América Central e Oriente Médio num esforço que reuniu cadeia produtiva e governo. Ignácio Heisecke, presidente da Associação de Arrozeiros da Bacia do Baixo Rio Tebicuary, no Paraguai, relata que após uma comercialização bem abaixo da expectativa até abril do presente ano, a partir de maio os preços começaram a evoluir com o aumento da demanda brasileira e a consolidação de novos mercados.

A questão cambial também ajudou. Com a valorização do real, no Brasil, frente ao dólar o produto dos países vizinhos se tornou mais competitivo e passou a atrair a indústria e o varejo brasileiros. A saca passou a valer mais de US$ 15,00 no Brasil, valor muito atraente para os paraguaios, que conseguem colocar o grão em Foz do Iguaçu, no Paraná, por pouco mais de US$ 12,50. Assim, as vendas que andavam devagar, quase parando, pegaram impulso.

“O problema é que essa alta nos preços chegou tarde, pois a maior parte dos produtores paraguaios já havia vendido a safra com cotações baixas. Lamentavelmente nem os bancos nem as políticas do país permitiram que o agricultor segurasse a colheita um pouco mais para garantir renda”, lastima. Para ele, embora o período de plantio já se aproxime, há muitos produtores com dificuldade de crédito e que, por não obterem rentabilidade na temporada passada, terão dificuldades de fazer os investimentos necessários numa nova lavoura. Isso levaria a uma redução de área pontual, ou de insumos, o que afetaria a produtividade e a produção de alguns arrozeiros.

Heisecke defende a criação de um sistema de financiamento por meio dos bancos públicos paraguaios com créditos de longo prazo e taxas de acordo com a realidade do setor agropecuário. “Os preços atuais, entre US$ 200,00 e US$ 210,00 por tonelada para o grão em casca, são bem melhores do que os US$ 150,00 a US$ 160,00 que chegaram a ser registrados no ano passado”, disse o líder ao jornal ABC Color. Segundo dados oficiais, o Paraguai diminuiu a área em 2 mil hectares, para 120 mil, considerando o recuo da semeadura e perdas por enchentes. Mas há produtores que afirmam, extraoficialmente, que a superfície semeada caiu de 170 mil para 150 mil hectares.

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