Se o time está perdendo, tem de mexer

 Se o time está perdendo, tem de mexer

Produtor tem de saber quando precisa mudar o sistema orizícola

Diferentes tipos de cultivo buscam o controle do vermelho

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O arroz é cultivado em várias regiões do mundo de forma bastante diferenciada e os sistemas de cultivo são as principais alternativas utilizadas pelos produtores para o controle de arroz vermelho. No RS, predomina o cultivo do arroz irrigado com sementes distribuídas em solos secos com semeadura feita em linhas ou a lanço.

O início da irrigação ocorre em torno da terceira semana após a germinação e, na maioria das vezes, é intermitente até o final do perfilhamento. Segundo Valmir Menezes, este sistema é um dos que mais favorecem a infestação do arroz vermelho. Isto, de certa maneira, contribui para explicar por que a lavoura de arroz gaúcha é uma das mais infestadas com esta espécie daninha.

Os sistemas pré-germinado e de transplante são pouco difundidos no estado, embora o pré-germinado seja utilizado em pequenas propriedades nos vales da região serrana do município de Tapes há mais de 50 anos e pelos produtores do litoral norte, no município de Torres, há mais de uma década. Recentemente, há um movimento de produtores gaúchos no sentido de se adotar e difundir este sistema, buscando redução de custos de produção e alternativa de controle de arroz vermelho.

Os melhores resultados no controle de arroz vermelho são obtidos com o preparo do solo com uma lâmina de água, para posterior transplante de plantas ou semeadura de sementes pré-germinadas com a manutenção de uma lâmina de água ou do solo saturado até o estabelecimento das plântulas de arroz.

A manutenção da lâmina de água após a semeadura em regiões de temperaturas elevadas, por ocasião da implantação das lavouras, pode provocar a morte das sementes pré-germinadas por falta de oxigênio, reduzindo a população de plântulas de arroz. Para evitar este problema recomenda-se a drenagem dos quadros após a semeadura e a irrigação intermitente até o estabelecimento das plântulas. Entretanto, esta prática permite que as sementes de arroz vermelho existentes no solo germinem, reduzindo, deste modo, a eficiência do sistema no seu controle.

 

Perdas na lavoura e na indústria

O arroz vermelho é considerado, dentre as plantas daninhas da cultura do arroz, a que mais negativamente interfere no seu rendimento devido às perdas por competição e por acamamento. Além disso, os grãos de arroz vermelho são, entre as infestantes, os que mais diminuem o rendimento de engenho e depreciam o produto final do arroz.

A remoção completa da camada pigmentada é difícil no processo de beneficiamento dos grãos e o esforço extra exigido no polimento dos grãos acaba provocando maior quebra de grãos, tanto do arroz vermelho como da cultivar. Ainda assim permanecem estrias de cor avermelhada que reduzem o valor de mercado do produto.

A agressividade do arroz vermelho e o seu estabelecimento como planta daninha podem ser explicados em função de sua alta capacidade de produção de matéria seca, da estatura mais elevada de suas plantas e do ciclo mais longo que o da maioria das cultivares. Também concorrem para a sua voracidade o fácil debulho, dormência das sementes e viabilidade no solo por vários anos, dependendo das condições de ambiente. O controle seletivo é muito difícil porque as reinfestações ocorrem através do uso de sementes de arroz contaminadas.

 

Na região

Pequenos produtores dos municípios de Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno e de regiões vizinhas controlam o arroz vermelho através da capina manual ou tracionada, cultivando a mesma área anualmente há mais de 70 anos. Esta prática é complementada com o rouguing e o uso de sementes de arroz isentas de arroz vermelho. Em função disto, a produtividade média destas propriedades é superior a seis mil quilos por hectare.

 

Como o vermelho se expande

O uso de sementes de cultivares, fiscalizadas ou não, contendo sementes de infestantes é considerado o principal mecanismo de dispersão do arroz vermelho nas lavouras. Além disso, diversos autores reconhecem que o primeiro passo para o sucesso de qualquer programa de controle desta espécie começa com o uso de sementes de arroz livres de sementes do inço vermelho.

Entretanto, um grande número de produtores do RS ainda segue utilizando sementes contaminadas por diferentes razões. Esta prática é oficializada através das normas do Ministério da Agricultura que regulamentam a comercialização de sementes e mudas, pois no RS ainda é permitida a comercialização de sementes de arroz, padrão fiscalizada, com até duas sementes de arroz vermelho do biótipo casca clara por amostra de 500g. Esta situação já foi pior, pois no início da década de 80 eram permitidas até 12 sementes de arroz vermelho por amostra.

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