Sem paraquedas

 Sem paraquedas

Lago: soluções financeiras

Área cultivada poderá
cair cerca de 100 mil ha
no Mercosul em 2019/20
.

 A lavoura de arroz do Mercosul poderá reduzir cerca de 100 mil hectares na temporada 2019, segundo expectativa de produtores, lideranças setoriais, consultores técnicos e analistas ouvidos por Planeta Arroz nos quatro países. A maior queda deve ocorrer novamente no Brasil, estimada entre 60 e 80 mil hectares, sendo que somente o Rio Grande do Sul deve responder por um enxugamento de 20 a 25 mil hectares. O Uruguai deve reduzir até 20 mil e a Argentina outros 10 mil. O Paraguai tende a ampliar a lavoura e alcançar 200 mil hectares semeados.

No ano que passou, a redução de área bateu recorde de 11,5% nos quatro países, considerando que a superfície semeada na safra 2017/18 era de 2.515,6 hectares e encolheu para 2.225,5. Foram reduzidos 290,1 mil hectares. A área descartada representa um Paraguai e meio de lavouras. Alternativas de cultivo mais rentáveis, alto custo de produção e baixos preços, além das dificuldades de exportação, têm desestimulado produtores no bloco econômico. Quase 90% das áreas foram substituídas por soja e pecuária.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) considera que a lavoura gaúcha, que caiu de 1,078 milhão de hectares para 1,012 milhão e somou mais 35 mil hectares de perdas climáticas, poderá encolher de 5% até 10% se medidas que resolvam o endividamento e garantam renda aos produtores não forem tomadas pelo governo. “Há um desestímulo muito grande e parte dos agricultores opta pela soja”, avisa o presidente Alexandre Velho. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) divulgará a intenção de plantio em setembro.
Alfredo Lago, presidente da Associação de Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA), acredita que sem ações governamentais que gerem instrumentos financeiros capazes de dar sustentação ao setor, a área cultivada, que reduziu de 156 mil hectares para 143 mil, pode cair para pouco mais de 123 mil. “Teremos uma nova queda, de 15 a 20 mil hectares, pois a situação se agravou e não temos respostas práticas aos problemas conjunturais e de competitividade”, frisa.

As exportações no primeiro semestre estiveram abaixo da expectativa, e isso tornou mais preocupante a situação. O Uruguai exporta 96% do arroz que produz e perdeu mercados importantes para os Estados Unidos, Brasil e países asiáticos em 2019. Seus preços são determinados pelo governo, indústrias e produtores com base nas cotações das vendas externas. O impacto da redução de área afeta uma cadeia produtiva que gera até 30 mil empregos.

ARGENTINA

A Argentina teve melhor desempenho em suas exportações no primeiro semestre de 2019, depois de performance aquém do esperado em 2018. Ainda assim, mergulhado em grave crise econômica e com 50% da produção na mão das grandes empresas, o país observa a descapitalização de seus produtores. A expectativa é de área em queda. Depois de plantar 202 mil hectares em 2017/18, os argentinos reduziram para 195 mil no ciclo passado e devem ficar entre 185 mil e 190 mil hectares no ciclo 2019/20, 5 a 10 mil hectares menos.

EM ALTA

Com o mercado brasileiro escancarado e sua alta competitividade, o Paraguai nada de braçadas a favor da maré e deverá ampliar seus 192 mil hectares da temporada 2018/19 para pelo menos 200 mil hectares. Na safra passada, apenas no final do ciclo houve prejuízos por enchentes em algumas regiões pontuais. No entanto, muitos produtores tiveram fortes perdas no cultivo de soja. A demanda brasileira e os preços mais atrativos servirão de impulso para o avanço da área no país guarani.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter