Setor arrozeiro contesta ações do governo federal para a cadeia produtiva

Em nota, a Federarroz destaca que alta de preços não traz benefícios, e exportações para o México ainda não surtiram resultados.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) enviou comunicado contestando informações do governo federal sobre o setor arrozeiro que vêm circulando na internet. Em recente áudio disponibilizado em redes sociais atribuído à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a dirigente ressaltou ações realizadas pelo executivo federal. Entretanto, a entidade afirma que a elevação dos preços de mercado do saco de arroz de R$ 38,00 para R$ 43,00 é decorrente da forte quebra de safra no Estado do Rio Grande do Sul e redução de área plantada no resto dos demais Estados, não sendo resultado de qualquer medida do governo, uma vez que foram colhidas 1,5 milhão de tonelada a menos na atual safra.

Conforme a Federarroz, o aumento do preços acima não é motivo de comemoração pelos arrozeiros, pois o produtor de arroz segue trabalhando em imenso prejuízo, devido ao custo de produção exorbitante e influência negativa do Mercosul. "Ressaltamos que os preços do saco de arroz seriam ainda muito menores se não fossem as terríveis perdas de produção que atingiram os produtores, razão pela qual a Federarroz reforça a orientação de que o produtor reduza drasticamente o plantio, sob pena de aumentar os imensos prejuízos colhidos ao longo dos últimos anos, fato que levará o país, inquestionavelmente, a perder a autossuficiência na produção de arroz", reafirma o comunicado.

A Federarroz esclarece, ainda, que a esperada e comemorada abertura do comércio para o México se revela inócua, pois os custos das taxas de entrada do arroz no país impedem a efetivação de qualquer negócio. "Além disso, em que pese inúmeras solicitações de adotar fiscalizações qualitativas nas fronteiras e no varejo apresentadas pelo setor, o Governo Federal não adotou qualquer medida com objetivo de minimizar as diferenças qualitativas da produção nacional e com o produto importado, situação que está acabando com o setor orizícola gaúcho", ressalta a federação.

A entidade frisa que o Executivo Federal não realizou ações direcionadas capazes de amenizar os prejuízos das enchentes que assolaram o setor no início do ano, uma vez que os produtores encontraram amparo no âmbito das limitações dos agentes financeiros, em especial o Banco do Brasil. "Por derradeiro, o Governo Federal precisa adotar, com coragem e liderança, medidas aptas a efetivamente solucionar os problemas que estão por inviabilizar a cultura de arroz no Estado", reforça a nota da Federarroz.

14 Comentários

  • Sobre o mercado do México, não é necessário muito raciocínio para saber que os Americanos não deixarão entrar em sua ”colonia” arroz de outro país. É o óbvio escancarado, bobo foi quem se iludiu achando que se tinha chance de entrar naquele mercado completamente dominado pelos Norte Americanos.
    Por outro lado, só quem comemora este preço ”michuruca” é a mídia Catarinense, os produtores gaúchos choram este preço ridículo de 2003 !!!!
    E de-lhe entrar arroz Paraguaio para as industria do centro país, refletindo até nas indústrias Camaquenses com dificuldade de colocação de seus produtos nos principais centros consumidores em face da entrada de arroz mais barato oriundo deste país ”picareta” que esta nos infernizando a vida !!!

  • Antes das minha palavras, preciso informar que plantei arroz durante 12 anos na região central do estado do RS. O agricultor deve observar que plantar arroz é um negócio, e negócio deve ser tratado como tal, ou seja, deve ser financeiramente viável, gerar lucro para o empresário rural. Empresário rural, essa é a questão. Vejo que muitos se agarram a cultura do arroz em virtude de um histórico pessoal, familiar ou local. Infelizmente, negócios não funcionam assim. Um negócio deve gerar LUCRO, caso contrário é “HOBBY”. Posso dizer que plantar arroz era parte da minha vida, eu posso dizer que amava a lavoura de arroz. Mas amor não paga conta nem põe comida no prato. Sempre fiz um acompanhamento financeiro administrativo de forma muito apurada nas contas da minha pequena lavoura de arroz. Ao final de 10 anos de luta, percebi, cientificamente (a ciência do papel, lápis e calculadora), que a cultura era economicamente inviável – por todos os motivos que se “pranteia” semanalmente neste canal – por isso não vou entrar em detalhes sobre governos, Paraguai, preço (incerto) da saca, valores exorbitantes (e crescentes) dos insumos, bancos, juros, indústria, CPRs, varejo, etc, etc, etc… OS PROBLEMAS SÃO SABIDOS POR TODOS, A DÉCADAS! e as soluções? Amigos, vamos concordar, são praticamente impossíveis de serem alcançadas – ou alguém vai conseguir sustentar cientificamente (fórmula econômica) que é possível proteger o plantador de arroz perante todo o livre mercado? Vamos acordar! Infelizmente não há solução para o arroz. Somos altamente capacitados e competentes, mas somos caros perante os concorrentes. Somos uma classe desunida e desorganizada. O agricultor que insistir no arroz, pode quebrar. Para minha infelicidade “afetiva” eu deixei o arroz. Para minha vida financeira, felizmente eu deixei o arroz, e ainda em tempo de salvar os parcos bens pessoais, de pagarem a conta do barro. Sai do jeito que entrei. Graças a um minucioso e imparcial acompanhamento financeiro, consegui visualizar o momento máximo da minha permanência na roleta da várzea. Com 10 anos de lavoura eu visualizei, lutei mais 1 ano. Mais uma estação e os poucos bens pessoais seriam sacrificados para pagar a conta da paixão. Aos colegas que puderem sair, saiam! Quem sabe um dia seja possível produzir arroz de forma economicamente viável, com felicidade, e DIGNIDADE no Brasil. Atualmente, não é o momento.

  • Um dos comentários mais Lúcidos que Li neste site sobre Lavoura Arrozeira… nos Ultimos Tempos…..Parabéns….

  • este pais muito rigoroso nas questões sanitarias. para entrar la pressisa estar vacinado para febre amarela mas, se entregar uma grana pode entra livre

  • Creio que não precisa parar, mas se reorganizar. Rotação com redução de área. Radicalismo também não é o caminho. Mesmo porque para a grande maioria não restará nada! Reduzir a área de arroz e meter soja. Cultura lucrativa! O Luiz Fernando definiu bem como são as coisas! Mas o Sol nasce para todos e alguma cultura temos condições de prosperar! Se não der no arroz, talvez dê na soja, na pecuária, ou na cevada, sei lá!!! Plantar menos… Tentar gastar menos e buscar se capitalizar nas subas. Evitar CPRs, não fazer compromissos com finames. É isso que alguns estao fazendo e estao se dando bem… é o querer mudar!

  • É extremamente difícil para os produtores entenderem uma conta muito simples.
    Basta TODOS os produtores reduzirem a área plantada pela metade, ninguém precisa largar a paixão de plantar. Com área menor o preço irá melhorar, por outro lado os arrendatários terão menos concorrência.

  • Concordo plenamente quero comentário do Luís Fernando foi o melhor já registrado.
    O que quero lembrar novamente é que a imensa maioria dos produtores, pensam diferente do Luís Fernando. A maioria dos produtores não liga se a lavoura dá prejuízo, continuam plantando. O amor é maior que a razão.

  • Luiz Fernando, depois dizem que dramalhões são coisas só de novelas mexicanas. Não, plantar arroz também é um dramalhão bem gaudério, bem gaúcho e muito repetitivo. Tal dramalhão, se adaptado a poesia ‘QUADRILHA’, de Carlos Drummond de Andrade ficaria em resumo mais ou menos assim:
    Luiz Fernando que amava o ARROZ,
    Que amava o CARTEL,
    Que não amava NINGUÉM!
    Luiz Fernando foi para o soja, para o gado ou para o brejo,
    O ARROZ, desprezado, se escafedeu ou morreu
    O CARTEL casou com a CADE, enteada da madrasta JUSTIÇA,
    E a CADE, parideira como ela só, lotou o Rio Grande de novos CARTÉIZINHOS
    E foram felizes para sempre!

  • Será que a equação de diminuir a área soluciona? Me parece que o problema é mais além. Se uma reforma, robusta, da previdência for aprovada, sinaliza-se para uma recomposição da dívida pública do país, com isso, o risco Brasil cai e com ele a cotação do dólar, o que facilitaria a entrada de arroz estrangeiro, além de inviabilizar a nossa pífia exportação. De que adiantará ter menos arroz produzido aqui, se ele continuará balizado pelo preço do importado? E ao ‘poetinha’ do fórum, Sr. Lauro, não é ‘dramalhão’, eu parei de plantar em 2017 e está tudo bem, apenas tentei trazer um pouco da minha experiência para o debate. Ao que sei, o sr. não me conhece para qualquer tipo de comentário pessoal. boa noite.

  • O Seo Luiz relatou muito bem a realidade do arrozeiro num país q quem sabe um dia tome seu rumo com politicos sérios e engajados a resolver os problemas de pronto e sem demagogia. O Seo Lauro acho q se saiu muito bem na poesia, embora seja uma mudanca dramatica.!Sds.

  • Vendo de forma isolada a decisão tomada pelo Sr. Luis, merece ser respeitada, mas no conjunto dos produtores, significa jogar a toalha, entregar os pontos, não encontrar alternativa etc , sendo um sinal de fraqueza para um Rio Grande que há muito só faz recuar e pedir penico. Para a maioria dos produtores, técnicos e entidades tem que ser encontrada uma saída para aproveitar o potenicial dessa riqueza e possibilidade que temos. O que tenho proposto é revisar os custos do arrendamento da terra e da água, dos custos dos financiamentos dos insumos por tradings e fornecedores. A urgente modernização dos engenhos ,atualizando os produtos, tirando a visão do arroz somente para a panela, vislumbrar o uso para outros fins e momentos do dia. A realização de alianças entre produtores, produtores e engenhos, produtores e supermercados. Uma nova forma de padronização de venda para arroz beneficiado tipo 1, ficando os subprodutos na propriedade ou sendo valorizado na hora da venda e não descontados como é hoje. Enfim, há luz no fim do túnel, o que temos que fazer é olhar para a frente e agir!

  • Caro José Nei, a tua proposta de agregar valor ao arroz através da modernização de produtos já está sendo utilizada por uma empresa de Camaquã bem gerida, com os proprietários morando aqui na cidade possuindo grande simpatia e a amizade da maioria dos produtores locais. Não vou citar o nome pois não tenho autorização dos mesmos.
    Os novos produtos oferecidos, como arroz com cenoura, espinafre, beterraba e outros, são excelentes e agradam ao mais exigente paladar com preço bem compatível. Portanto no segmento industrial aqui de Camaquã há empresas preocupadas em inovar e sair da mesmice tradicional do arroz branco e o parbolizado oferecendo ao consumidor mais opções para seu cardápio atingindo novos nichos de mercado.

  • Luiz Fernando a situação hoje é caótica. Mas com arroz e soja no silo podemos joquear na hora da venda. Geralmente a alta do soja coincide com a baixa do arroz e vice-versa!!! Ademais o governo sinaliza com a securitização tesouro direto! Se ela vier nos moldes de 1996 o setor ganhará um folego negocial. O problema maior se chama Mercosul. É em cima dele que precisamos pressionar mais… Se os americanos protegem o seu produtor porque nossa Ministra não pode nos dar uma mãozinha? Pq o governador não pode nos ajudar no ICMS?

  • Gostaria de contribuir para essa discussão indo direto na ferida, ao qual considero a causa do problema, sendo o consumo o motivo da atividade estar indo literalmente para solvência. O consumo do arroz, cada vez menor, coloca não só o produtor, como tbm a industria, em situação de repensar seu negócio. O arroz na mesa, observem nos restaurantes, nos clubes, casamentos, está cada vez mais raro. Antes usados para alimentar cães e gatos, agora nem para isso, usam ração. A areia que usam para o gato defecar, vendida em lojas pet, é mais cara que o arroz. O Arroz é aquele jogador no time de futebol que ninguém quer, é o primeiro a ser substituído quando o time vai mal, que no caso aqui é substituído pela proteína, carne, frango. Precisamos reinventar o Arroz, torná-lo novamente gênero de primeira necessidade, aumentando assim seu consumo e viabilizando toda cadeia.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter