Sob nova direção
Arrozeiro de Alegrete
substitui Renato Rocha
na direção da Federarroz
.
O engenheiro mecânico e arrozeiro Henrique Osório Dornelles, 38 anos, assumiu no último dia 30 de julho a presidência da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), principal entidade de rizicultores do Brasil. Ele substitui o economista Renato Caiaffo da Rocha, 50 anos, de quem era vice-presidente, que assumirá a condição de presidente do Conselho Consultivo, formado por ex-presidentes, após encerrar seu segundo mandato à frente da entidade.
O novo presidente da Federarroz, às vésperas da sua posse, já precisou viajar a Brasília (DF) para “apagar incêndios”, uma vez que o governo federal lançou leilões de oferta de arroz dos estoques públicos. “O trabalho não para, não escolhe hora, e a defesa do setor é permanente, nos exige vigilância”, reconhece. Dornelles assumiu avisando que pretende estabelecer diálogo com a indústria, tradings, corretores e demais elos da cadeia produtiva, exatamente para estabelecer ações de interesse comum. “Alguma situação antagônica será resolvida com diálogo, com bom senso, com determinação, mas há muitas coisas nas quais concordamos e, unidos, teremos mais chances de concretizar”, avisou. Em entrevista à Planeta Arroz, ele antecipou algumas das suas posições.
Planeta Arroz – O que o levou a ser candidato à presidência da Federarroz?
Henrique Dornelles – Francamente, não foi minha iniciativa. Acredito que, com a minha exposição à mídia durante a crise de 2011, como vice-presidente da Federarroz e presidente da Associação de Arrozeiros de Alegrete (RS), meu nome surgiu naturalmente e teve apoio de amigos e arrozeiros. Não costumo fugir à responsabilidade, então refleti sobre o futuro dos meus negócios e aceitei concorrer, com o apoio da diretoria na época.
Planeta Arroz – Quais as prioridades da sua gestão?
Henrique Dornelles – A busca da competitividade! Desenvolveremos ações voltadas à cadeia produtiva para gerar renda ao produtor. Para isso, é preciso pensar na gestão financeira das propriedades, no escoamento da produção, custos, logística e ações mercadológicas, internas e externas. É um grande desafio. Precisaremos dos parceiros, mas estamos dispostos a vencê-lo. Isso sem descuidar do trabalho que já está em andamento.
Planeta Arroz – Quais as grandes demandas conjunturais e estruturais do setor?
Henrique Dornelles – As assimetrias do Mercosul estão entre elas. A tributação e a logística também. Outra é o hábito alimentar do brasileiro, que muda para pior. Prova disso é a preocupação do governo com o crescimento da obesidade. O consumo de arroz vem sendo afetado e precisamos mudar isso.
Planeta Arroz – Como o senhor pretende agir com relação aos governos, já que boa parte das demandas arrozeiras está atrelada à política agrícola nacional, que nem sempre é clara e proativa?
Henrique Dornelles – Se há certeza de que a política é assim, precisamos antever os problemas e buscar suas soluções. Uma deficiência em nossa categoria é que parte dos produtores só se reúne quando há uma crise. Também há uma opinião generalizada de que fazer política é uma coisa menor. Mas é muito mais difícil mudarmos as características da administração das políticas públicas do que os nossos hábitos. Temos que fortalecer as entidades, participando dos eventos, prestigiando as lideranças, pressionando os representantes políticos, unidos para o bem comum. A entidade será proativa e participativa nestas questões.
PERFIL
Henrique Dornelles é engenheiro mecânico e administrador da Parceria Passo do Angico, onde cultiva 750 hectares de arroz e destina 2 mil hectares à pecuária. É socio-proprietário da Cristal Aviação Agrícola, ambos no município de Alegrete (RS). Já foi vice-presidente da Federarroz e presidiu a associação de arrozeiros de seu município.