Sob pressão

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Sistema de transporte dos EUA afetam a qualidade do produto

Arrozeiros, senadores e congressistas estadunidenses pedem intervenção do secretário de Estado dos EUA para que o Iraque compre seu arroz ao invés do produto do Brasil, Argentina e Uruguai.

Nesta sexta-feira, dia 23, o presidente do Comitê de Agricultura da Câmara Federal dos Estados Unidos, Mike Conaway, e o presidente da Comissão de Dotações do Senado, Thad Cochran, enviaram uma carta com 36 assinaturas de congressistas e senadores ao secretário de Estado daquele país, John Kerry, solicitando que tome providências para melhorar as relações comerciais da cadeia produtiva estadunidense com o Comitê de Grãos do Iraque (IGB, na sigla em inglês).

Alegam que nos últimos anos, a IGB diminuiu significativamente as compras de arroz norte-americano e, eventualmente, têm preferido pagar preços mais elevados por arroz de outros países, como Brasil, Argentina e Uruguai. Informam que cerca da metade da produção dos Estados Unidos é exportada, e fazem fortes críticas à política de apoio à exportação daquele país. Explicam, ainda, que a orizicultura nos EUA gera cerca de 34 bilhões de dólares em atividade econômica anualmente, criando milhares de empregos nas zonas rurais.

Embora as lideranças norte-americanas reclamem de desconhecer a causa da opção iraquiana, há informações correntes de que os consumidores do país e mesmo o IGB detectaram que o cereal que vem sendo carregado pelos Estados Unidos tem problemas de qualidade. Consta que o sistema de logística e transporte, especialmente pelo rio Mississipi, é um dos gargalos de qualidade do cereal estadunidense. Barcaças graneleiras percorrem o rio realizando o embarque nas fazendas ou portos regionais. Neste processo, diferentes variedades de arroz, principalmente híbridos, em diferentes pontos de umidade, de colheita e volume de quebrados acabam se misturando. O problema das variedades híbridas dos Estados  Unidos é que algumas têm alta capacidade produtiva, mas não têm a mesma qualidade de cocção.

Desta maneira tanto o arroz em casca quanto o beneficiado acabam prejudicados e "rebaixando" o padrão de qualidade do produto norte-americano.

 

Abaixo, o teor da carta encaminhada ao secretário Kerry:

Caro secretário John Kerry

Estamos escrevendo para pedir a vossa ajuda para os produtores de arroz da América melhorarem as relações comerciais existentes com o Comitê de Grãos do Iraque (Grain Board Iraqi – IGB).

Historicamente o Iraque tem sido um dos principais destinos para o arroz produzido nos Estados Unidos, e ainda apresenta oportunidades de exportação significativas. Nos últimos anos, no entanto, as compras de arroz dos EUA pelo Iraque têm diminuído significativamente, apesar de não haver qualquer indicação do IGB quanto a deficiências de padrão ou qualidade. Enquanto os exportadores americanos continuaram a oferecer propostas competitivas, o Conselho ultimamente tem escolhido lances não-americanos mais caros.

Reconhecemos a prerrogativa do Iraque em tomar esse tipo de decisão, mas não entendemos o propósito de discriminar arroz dos EUA a preços competitivos em favor do cereal produzido em outros lugares. Como exemplo, em 06 de novembro de 2014, o Grain Board iraquiano anunciou sua intenção de comprar 170 mil toneladas (mt) de arroz. A IGB comprou 80.000 mt da Tailândia, 60.000 do Uruguai, e 30.000 do Brasil. Nada de arroz foi comprado dos Estados Unidos, apesar das ofertas dos EUA, de cereal de qualidade semelhante, mas cerca de US$ 24,00 abaixo dos preços praticados pelos concorrentes: Argentina, Brasil e Uruguai. As autoridades iraquianas não forneceram qualquer explicação para este tipo de decisão.

O arroz gera nos EUA cerca de US $ 34 bilhões em atividade econômica anualmente e fornece milhares de empregos nas comunidades rurais e carentes. Cerca da metade da produção dos EUA é exportada, fazendo a manutenção de grandes mercados de exportação cruciais para sucesso da indústria do arroz do País. Em 25 de janeiro de 2015, o Iraque deverá novamente anunciar propostas de arroz.

Agradecemos muito a sua assistência para garantir que o arroz dos EUA receba consideração justa.

Obrigado pela vossa atenção para este importante assunto.
Por favor, não hesite em contatar-nos se tiver alguma dúvida.

Assinam 36 senadores e congressistas.

 

3 Comentários

  • Quanto ao arroz brasileiro de exportação ( portanto gaúcho 95%), sabemos que são variedades de alta qualidade graças a anos de pesquisas do IRGA e EMBRAPA.
    Qualidade que na hora de disputar mercados exigentes, define a compra.

    Portanto, olho vivo nos híbridos que empresas americanas do norte querem nos empurrar como sendo grande vantagem.

  • ESPANTOSO!!!
    Realmente admirável. Como agem rápido em defesa de seus produtores. Batem em cima e no lugar certo. E mais, 36 senadores e congressistas assinam a carta. Simples e extremamente objetiva. Que nossas instituições de classe tirem o exemplo. Mobilizar o Congresso para pressionar o Planalto, na defesa dos interesses da classe. Sendo objetivo, simples e certeiro nas solicitações.

  • Acontece que la tem gente seria, trabalhando em prol dos agricultores, que trabalhão duro de sol a sol ,não estes políticos daqui que da até vergonha na gente ,tirando uns poucos que ainda faz algo por nós.

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