Somos competentes na produção de arroz; mas precisamos ser competitivos
Autoria: Tiago Sarmento Barata – Eng. Agrônomo, Msc em Agronegócios e diretor comercial do Irga.
Responsável por garantir o arroz presente no prato de 73% dos brasileiros, o Rio Grande do Sul inicia a semeadura de uma nova safra precisando conviver mais uma vez com as adversidades climáticas. Depois de um ano marcado pelos efeitos do fenômeno El niño, as fortes chuvas voltaram a se fazer presentes nas principais regiões produtoras, contrariando a expectativa inicial de condições climáticas mais amenas para a cultura.
Além das dificuldades relacionadas ao clima, a próxima safra se inicia tendo como característica um produtor apreensivo em relação aos aspectos comerciais. A sistemática elevação dos custos de produção e a dificuldade de acessar o crédito oficial são fatores que ameaçam a sua permanência na atividade. Definitivamente, não há margem para perdas nas lavouras de arroz.
Básico na alimentação da população, o arroz também exerce uma função importante na economia do Estado. Este ano, apesar da quebra de safra, a produção e a industrialização do arroz acumularam uma receita (Valor Bruto da Produção) de 12,2 bilhões de reais, o que corresponde a 3,8% do PIB gaúcho. Em alguns municípios, como Alegrete e Uruguaiana, o VBP do arroz equivale a um quarto do PIB municipal, enquanto em Santa Vitória do Palmar, essa relação se aproxima de 70%.
Reconhecendo a importância socioeconômica da cultura e mostrando sensibilidade às dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva do arroz no Rio Grande do Sul, o governo estadual aprovou no início do mês um decreto para melhorar as condições competitivas do arroz gaúcho no abastecimento dos principais centros consumidores do país. Agora, cabe aos setores, produtivo e industrial, mostrarem que a redução da carga tributária não significa uma renúncia de receita, mas sim, um incentivo ao desenvolvimento e fortalecimento da economia do Estado.
Para tanto, será preciso azeitar as engrenagens. Isoladamente, a medida é insuficiente para garantir alguma vantagem competitiva. Além das questões tributárias, é preciso que se tenha clareza que é preciso focar na redução do custo unitário de produção sem perder em qualidade, buscando a valorização do arroz junto aos consumidores e divulgando as suas propriedades nutricionais e nutracêuticas. Temos que vender melhor a qualidade do arroz gaúcho como um diferencial competitivo.