Supersequeiro
Arrozeiros catarinenses produzem 8 toneladas/ha com adubação orgânica.
Quem disse que a produção de arroz de sequeiro é limitada e de baixa produtividade? Para provar que os conceitos mudam pela evolução da tecnologia e do manejo, um projeto da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), está incentivando a produção agroecológica de arroz de sequeiro em pequenas propriedades de Santa Catarina.
O resultado supera qualquer expectativa. Na última safra os produtores familiares conseguiram produzir oito mil quilos por hectare, praticamente um recorde para o arroz de sequeiro e um número há muito perseguido por produtores de lavouras irrigadas em muitas regiões do Rio Grande do Sul. E mais: atingiram essa marca sem uso de insumos químicos industrializados, apenas lançando mão de adubação orgânica e aplicando pó de basalto, um condicionador de solo.
Segundo conclusão dos pesquisadores que dão assistência ao projeto, com o uso do pó, misturado aos compostos orgânicos, a planta fica mais resistente ao ataque de pragas e doenças e muito mais saudável, condições determinantes para a alta produtividade. Os resultados alcançados nas áreas experimentais de pequenas propriedades surpreenderam a todos, pois trata-se de uma produtividade muito alta para a produção em condições de sequeiro.
O arroz é uma cultura sensível à falta de umidade do solo e precisa de condições muito favoráveis, sem estiagem, problema que ocorre na safra em andamento, mas não aconteceu na safra passada 2009/2010. O princípio básico da produção agroecológica é não usar insumos químicos industrializados, adubação mineral e/ou agrotóxicos. Os arrozeiros que integram o programa utilizam sementes “salvas” de seus próprios cultivos e a maior parte da produção destina-se ao consumo de subsistência. “São lavouras pequenas e o excedente, quando há, é comercializado ou trocado por outros produtos entre os agricultores”, explica o pesquisador Clístenes Guadagnin, da Epagri.
MANEJO
Guadagnin explica que a alta produtividade é obtida com a boa nutrição das plantas, cuidados de manejo e baixa incidência do ataque de pragas. O pesquisador da Epagri revela que isso acontece porque as plantas saudáveis ficam mais vigorosas e resistem mais a eventuais ataques. Em Santa Catarina, 99,5% das lavouras de arroz são irrigadas e usam o sistema de cultivo pré-germinado.
FIQUE DE OLHO
Paralelamente ao programa de produção de arroz orgânico em sistema de sequeiro a Epagri distribuiu aos produtores familiares um “kit diversidade”. Trata-se de um conjunto de sementes de pelo menos 30 variedades de plantas como milho, feijão, arroz, hortaliças, entre outros. A ação objetiva a diversificação produtiva das propriedades, com alternativas de alimentação saudável da família produtora e geração de renda.