Suspensão das exportações de arroz pela Índia voltam a ser cogitadas
(Por Planeta Arroz*) A Índia, o maior exportador de arroz do mundo, provavelmente restringirá as vendas internacionais de alguns tipos de grãos, uma vez que opera com grandes estoques e setores do governo, em especial aqueles ligados ao abastecimento e aos programas sociais, consideram que a oferta doméstica está ameaçada. Depois de exportar 20,5 milhões de toneladas de arroz em 2020/21, e corresponder a cerca de 40% do mercado mundial do grão, uma decisão de reter estoques temendo a queda produtiva dos novos ciclos por parte da Índia, tende a aumentar o caos nos mercados globais de alimentos.
O governo está discutindo restrições às exportações de quebrados de arroz, que representam quase 20% (4 milhões de t) dos embarques da Índia ao exterior, uma vez que os preços locais dispararam, disseram agentes de mercado que participaram das discussões. As negociações estão em estágios avançados e uma decisão pode ser anunciada em breve, asseguraram as fontes.
A Índia responde por 40% do comércio global de arroz, e restringir as exportações seria mais um golpe para os países que enfrentam uma crise de alta do custo de vida e o agravamento da fome em nível mundial. Isso terá implicações para os bilhões de pessoas que dependem deste alimento básico, com cerca de 90% do arroz do mundo cultivado e consumido na Ásia.
Ao contrário dos preços do trigo e do milho, que subiram após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o arroz foi subjugado devido aos amplos estoques globais, em especial na China e na Índia, evitando uma crise alimentar maior. Em 2008, os preços subiram acima de US$ 1.000 a tonelada, na Tailândia, mais do que o dobro do nível atual, já que a Índia e o Vietnã proibiram as exportações, causando pânico sobre a oferta em nível mundial.
Os quebrados de arroz são usados principalmente para a alimentação animal ou produzir etanol na Índia. Os preços subiram este ano devido ao aumento da demanda internacional pelos preços e restrição da oferta de milho e trigo. Os principais compradores incluem a China, que o utiliza em substituição ao trigo e milho na alimentação de gado e suínos, e alguns países africanos, que importam o grão para alimentação humana.
As ações dos produtores e exportadores de arroz indianos caíram com as expectativas das restrições.
Dentro da filosofia de preservar o abastecimento interno e a preços acessíveis, a Índia já restringiu as exportações de trigo e açúcar, causando ondas de choque nos mercados globais ao sinalizar uma escalada no protecionismo alimentar que viu os países sufocarem os fluxos de suprimentos cultivados localmente para o mundo. Isso ajudou a elevar os preços mundiais de produtos básicos de cozinha a novos recordes, embora tenham diminuído recentemente à medida que as perspectivas para as colheitas globais melhoraram.
As potenciais restrições ao arroz ocorrem porque o plantio do grão atrasou e encolheu 8% nesta temporada devido à falta de chuvas em algumas das regiões produtoras mais importantes do país. As chuvas de monção foram cerca de 40% menores do que a média nos principais estados de produção de arroz, casos de Uttar Pradesh e Bihar. No geral, o país recebeu precipitação 9% acima do normal durante o período, mas concentrada em regiões de menores áreas de cultivo ou onde são cultivados outros grãos. (*Com agências internacionais)