Sustentabilidade será debatida na Abertura da Colheita do Arroz
(Por Arthur Chagas/AgroEffective) Durante a programação da Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, que ocorrerá na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS), desta quarta-feira, 21 de fevereiro, até a sexta-feira, dia 23, um dos temas abordados será a Sustentabilidade. Participarão de debates nomes como a advogada especialista em Direito Socioambiental, Samanta Pineda, e a pesquisadora do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), pós-doutora em Ciência do Solo, Mara Grohs.
A advogada Samanta Pineda, que participa do painel Mercado Verde e o Agro, juntamente com Carlos Roberto Sanquetta, da Universidade Federal do Paraná, e Guilherme Morais Ferraudo, gerente de de Desenvolvimento de Negócios da MyCarbon, com mediação do vice-presidente da Farsul, Domingos Velho Lopes, adianta que pretende levar ao encontro o que o agro tem feito referente ao mercado de carbono, tomando por base o que vem acompanhando em eventos nacionais e internacionais sobre o assunto. “O que se discute no mundo é a dificuldade em definir formas de medir o que o agro emite e capta de carbono. Essa diferença entre emissão e captação de carbono pode acontecer em virtude de condições climáticas, seca ou chuva em excesso, ou se houve necessidade maior de aplicação de algum tipo de fertilizante, por exemplo”, define.
Samanta observa que, embora o agro não esteja nos mercados regulados de carbono, o que significa não haver uma obrigação de o agronegócio diminuir a emissão em mais de 30 países onde o mercado de carbono é regulado, há uma participação do setor no chamado mercado voluntário. Exemplificou que, no ano de 2022, quem liderou esse comércio de emissões de carbono pela agropecuária foi a China, justamente o maior emissor de gás de efeito estufa, com a rizicultura (cultivo agrícola do arroz) e a suinocultura. A ideia, de acordo com Samanta, será mostrar no painel que é possível fazer, sim, uma agricultura de baixo carbono e possibilitar por meio desse investimento em sustentabilidade um retorno ao produtor.
Outro ponto que será abordado por Samanta são os protestos que vêm ocorrendo por parte de agricultores em toda a Europa, ligados a exigências ambientais que os países da União Europeia têm feito, cujas consequências são aumento dos custos de produção. “A Europa, ao proibir o uso de alguns tipos de fertilizantes, ou exigir alguma proteção a mais, aumenta os custos de produção, o que diminui a possibilidade de concorrência dos países da região com os países da América Latina, por exemplo. Então, esses protestos abrem a possibilidade de que possamos levar os nossos produtos como a soja, milho e arroz, em condições mais vantajosas, visto que nossos produtos são trabalhados de forma mais sustentável”, observa.
Já a pesquisadora do Irga, Mara Grohs, que participará do painel Arroz Irrigado em Sistemas de Produção Frente ao Cenário Atual de Vulnerabilidade Climática, juntamente com Lineu Trindade Leal, da Superintendência Federal da Agricultura e Pecuária do Estado, e mediação do coordenador do Comitê Gestor do Programa ABC+RS, Jackson Brilhante, afirma que o tema é cada vez mais recorrente dentro do sistema de produção agropecuária e mais especificamente no sistema de produção de terras baixas. “Sustentabilidade ambiental tem tudo a ver com o momento que temos passado referente às mudanças climáticas, onde a sociedade cobra cada vez mais do setor agropecuário medidas mitigatórias, principalmente em relação à redução de gases do efeito estufa, por ser este setor um dos mais eficientes no sequestro de carbono”, destaca.
Em relação a isto, a pesquisadora do Irga adianta que serão apresentados no evento os últimos resultados de pesquisa do Instituto para a redução das emissões dentro do sistema de produção. “Isto é fundamental, visto que cada vez mais o consumidor e a sociedade como um todo procuram por alimentos que sejam produzidos em harmonia com o meio ambiente, e é uma forma também de o nosso produtor monetizar os serviços ambientais que têm prestado para a nossa sociedade”, ressalta.
Mara acrescenta que essas medidas não são recentes, já que os produtores vêm adotando práticas sustentáveis há muito tempo. O que falta, de acordo com a pesquisadora do Irga, são mais incentivos governamentais para a cultura do arroz irrigado. Segundo Mara, isto é fundamental para que o produtor possa se adaptar e ser mais resiliente na adoção dessas práticas que impactam diretamente no nosso sistema agropecuário.
Mara adianta também que o setor pretende se reunir com representantes do Ministério da Agricultura para debater o que tem sido feito nas lavouras de arroz irrigado nos últimos anos, relativo ao manejo e à genética, e discutir como o executivo pode contribuir no planejamento da lavoura, bem como viabilizar acesso aos programas de financiamento para que, cada vez mais, o produtor possa ser sustentável sob o ponto de vista econômico, social e ambiental.
Outro painel que discutirá o tema será Sustentabilidade na Orizicultura e os Horizontes do Selo Ambiental do Irga, com participação do pesquisador do Irga, Rafael Nunes dos Santos, do diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clenio Pillon, e do secretário adjunto da Secretaria de Agricultura do Estado, Márcio Madalena, mediado pelo diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli.