Te Mexe quer colocar 5 mil arrozeiros em Cachoeirinha, sexta-feira
Produtores que dão suporte à manifestação classista terão espaço em evento na Estação Experimental do Arroz.
Os produtores que integram o movimento Te Mexe Arrozeiro, que busca a recuperação dos preços do arroz, garantia de renda e renegociação das dívidas agrícolas, entre outras demandas, pretendem mobilizar 5 mil pessoas na próxima sexta-feira, dia 23, na Estação Experimental do Arroz, do Instituto Rio Grandense do Arroz, em Cachoeirinha (RS).
O movimento conseguiu espaço para se manifestar e apresentar seus pleitos na solenidade de abertura simbólica da safra gaúcha de arroz e seus líderes farão pronunciamento juntamente com o governador do Estado, José Ivo Sartori, representantes do ministro da Agricultura e dirigentes das entidades setoriais.
Branca, a cor da paz e do arroz beneficiado, será também a cor do protesto. Os integrantes do movimento da base arrozeira estão sendo convidados a utilizar camisetas brancas com ou sem a logomarca do “Te Mexe”. Quem não tiver as logomarcas impressas nas camisetas poderá utilizar um dos dois mil adesivos que serão disponibilizado pelos organizadores no local. A mobilização é pacífica e deve contar com a presença de agricultores de Santa Catarina.
POLÍTICA
As demandas apresentadas pelo Te Mexe Arrozeiro, que reuniu mais de 2 mil pessoas dia 31 de janeiro em Restinga Seca (RS) e outras mil pessoas em Turvo (SC), no dia seis de fevereiro, ainda não chegaram aos governadores de Estado e ao presidente Michel Temer, conforme era o objetivo inicial. A blindagem ao presidente da República, inclusive para deputados gaúchos da base de apoio, e as dificuldades de entrar na agenda dos governadores atrasou a entrega dos documentos. Deputados da base chegaram a anunciar que abordaram a questão das disparidades competitivas do Mercosul.
No entanto, o tema foi tratado de passagem, em meio a uma pauta que tinha como prioridade a já sepultada Reforma da Previdência, estratégias para votações no Congresso e articulações partidárias, sem que isso tivesse qualquer efeito prático, exceto para justificar a presença em eventos do setor. No governo federal, a pauta agrícola arrozeira é considerada atendida pela liberação de recursos para PEP e Pepro e o andamento da demanda para AGFs.
A renegociação de dívidas dependerá, segundo o Ministério da Fazenda, de os produtores abrirem mão de recursos de investimentos – custeio inclusive – do Plano Safra 2018/19. Como a maior parte das demandas se destina ao governo federal e a representação no evento estará restrita ao segundo escalão do Ministério da Agricultura, não são esperados anúncios de atendimento das demandas substanciais do movimento.
De parte do Governo do Estado, a expectativa é de que o governador José Ivo Sartori – que cancelou por três vezes audiência com os produtores – aborde, entre outros temas, o pedido das entidades de que o Rio Grande do Sul estabeleça uma tabela de diferimento do ICMS sobre o arroz em casca no período de safra. Pela proposta, para atrair interesse de outros estados, o RS compensaria – mediante redução temporária – a diferença de ICMS de outros estados de março a maio, pelo menos. Com isso, haveria disputa pelo arroz gaúcho, que representa cerca de 70% da produção nacional. Mas, por ora, apesar dos pleitos encaminhados, esta é apenas uma expectativa. Sartori deve anunciar a manutenção do diferimento para o arroz beneficiado.