Tecnologia nele

Avanços tecnológicos reduzem perdas com o vermelho.

Os avanços tecnológicos têm permitido a diminuição das perdas provocadas pelo arroz vermelho na cultura orizícola brasileira. São exemplos o sistema de plantio com sementes pré-germinadas (onde é possível) e a adoção do sistema de cultivo mínimo, com a dessecação em pré-plantio pelo uso de herbicidas. Embora tais técnicas apresentem um relativo sucesso, não se chegou até o momento a obter uma solução de controle em pós-emergência seletiva, ou seja, eliminar totalmente as plantas de arroz vermelho uma vez estabelecidas dentro do cultivo do arroz comum.

Segundo André Abreu, da Aventis Seeds Brasil (ex-AgrEvo), com o avanço da biotecnologia, novas oportunidades de resolver este problema se abriram, criando a possibilidade de se inserir novas características, oriundas de outros organismos, em uma planta de interesse. Na agricultura novos produtos gerados pela biotecnologia encontram-se disponíveis. No momento destacam-se plantas com resistência a alguns insetos e plantas com resistência a herbicidas de amplo espectro de ação.

 

O COMBATE AO VERMELHO

A rotação de culturas, principalmente com soja e sorgo, associada ao uso de herbicidas graminicidas ou de reguladores de crescimento, é uma alternativa muito utilizada em vários países para o controle do arroz vermelho. No entanto, no estado do Rio Grande do Sul, o seu uso está restrito aos campos experimentais e a alguns poucos produtores, face às más condições de drenagem da lavoura orizícola e/ou a pouca adaptabilidade dos genótipos de soja, sorgo, milho e de outras culturas ao excesso de umidade dos solos de várzeas.

Por ser da mesma espécie que o arroz cultivado, o controle químico do arroz vermelho na orizicultura só é possível com a aplicação de herbicidas em épocas diferenciadas de semeadura e de estágios de desenvolvimento destes dois tipos de arroz, ou com o uso de antídotos junto às sementes de arroz para evitar a fitotoxicidade nas plântulas. As principais formas de se utilizarem os herbicidas são em pré-semeadura incorporada com o uso ou não de anidrido naftálico na lâmina de água no sistema pré-germinado, como dessecantes nos sistemas de cultivo mínimo e de plantio direto ou através do uso da barra química.

Uma outra forma de controle químico é a utilização de reguladores de crescimento aplicados em cultivares de arroz de ciclo precoce em relação ao arroz vermelho em estádios de desenvolvimento diferentes, com o objetivo de inibir a formação de panículas e de grãos e reduzir a percentagem de grãos de arroz vermelho e, por conseguinte, a reinfestação nas safras futuras.

 

ESTATÍSTICAS

A semente fiscalizada pode ter até quatro grãos de arroz vermelho por quilo de arroz branco. São 200 grãos da invasora por saco.

A semeadura usa quatro sacos de sementes por hectare. Chegamos a 800 grãos de semente de vermelho.

Se 700 plantas nascerem, são 2.800 panículas com 100 grãos cada uma. Haveria, então, 280 mil grãos de arroz vermelho por hectare.

Como o inço tem a característica de fácil debulho, podemos considerar que 40% caia na terra, numa projeção reduzida. Seriam 112 mil grãos por hectare.

Na próxima lavoura a ser formada, mesmo com semen­tes dentro do padrão mínimo, dividindo por 10 mil a incidência do vermelho que brotasse, seriam 11,2 novas plantas invasoras, ou 11,2 grãos por metro quadrado. Se destas nascessem apenas cinco plantas por metro quadrado, a lavoura já estaria infestada.

Isso sem contar os outros 800 grãos que seriam repostos por hectare no novo plan­tio da lavoura.

Nas sementes não fiscalizadas a incidência de sementes de vermelho é muito maior.

Fonte: Irga

 

Fórmula de sucesso

Em meados da década de 80, os orizicultores gaúchos iniciaram o cultivo de arroz no sistema de cultivo mínimo. Este sistema consiste no preparo antecipado do solo para a formação de uma cobertura vegetal, pastagem cultivada ou vegetação espontânea, para semeadura direta de arroz, com prévia dessecação desta cobertura através da aplicação de herbicida de ação total. Sua adoção expandiu-se rapidamente em função das condições estruturais da lavoura e, hoje, cerca de 25% da área é cultivada" neste sistema.

O sistema de cultivo mínimo é a alternativa mais utilizada pelos produtores do Rio Grande do Sul no controle de arroz vermelho. A população desta infestante é reduzida a níveis em que a competição não causa danos econômicos, bem como reduz-se significativamente a presença de grãos de vermelho no arroz comercializado. O desenvolvimento deste sistema possibilitou a utilização de áreas abandonadas para o cultivo de arroz em função de altas infestações de arroz vermelho.

 

Arroz transgênico e mais uma ferramenta

Uma promissora possibilidade de obter um herbicida efetivo para o controle do arroz vermelho é a criação de plantas de arroz cultivado que tenham sido geneticamente modificadas para se tornarem seletivas a um herbicida de amplo espectro ou que, no mínimo, seja eficiente sobre o género Oryza. Tecnologia para obter plantas de arroz geneticamente modificado já existe.

O ponto determinante, segundo André Abreu da Aventis Seeds Brasil, então passa a ser a seleção de um gene de interesse que confira seletividade a um herbicida ideal para o controle do arroz vermelho e também outras plantas invasoras, se possível. Um bom exemplo a ser utilizado é o produto glufosianato de amônia.

Trata-se de um herbicida de amplo espectro de ação (monocotiledôneas e dicotiledôneas), pós-emergente e de efeito bastante rápido, que controla plantas desde a emergência até estágios mais avançados.

Dos microorganismos de olos Streptomyces higroscopicus e S. viridochromogenes foram isolados os genes BAR e PAT, ambos capazes de conferir uma altíssima seletividade à ação do herbicida. Estes genes já têm sido introduzidos com sucesso em plantas comerciais, como a canola, milho e soja, conferindo-lhes extrema seletividade à ação do glufosianato de amônia.

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