Tempos modernos
O arroz precisa atenção da mídia para elevar consumo.
Marketing pode ser definido como um conjunto de operações executadas por uma empresa envolvendo a venda de um produto, desde a planificação de sua produção até o momento que é adquirido pelo consumidor. É uma ferramenta administrativa que possibilita a observação de tendências e a criação de novas oportunidades de consumo visando a satisfação do cliente e respondendo aos objetivos financeiros e mercadológicos das empresas de produção ou prestação de serviços. É também um conceito que precisa ser trabalhado – e muito – pelo setor arrozeiro para elevar o consumo do cereal no país.
Esta foi a tônica da palestra “Marketing do arroz”, ministrada pelo especialista e consultor da TCA International José Luis Tejon Megido (Icai/SP), no Dia do Arroz Irrigado, promovido pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) durante a Expointer 2010. Para Tejon, a qualidade do produto deixou de ser o único diferencial de mercado em razão de novos padrões de competitividade, como sustentabilidade, valores ambientais, qualidade de produtos e serviços, disputa comercial, nicho de mercado, denominação de origem, etc.
O que está faltando, na visão do especialista, é trabalhar o marketing do setor. “O produto se faz na fazenda, mas o marketing é realizado na cabeça das pessoas”, observou. Segundo ele, não é por acaso que a renda do trabalhador cresce e o consumo de arroz não acompanha este movimento. “É necessário um diálogo com a sociedade para que o cliente fique satisfeito”, sugere.
CANAL
Este canal de comunicação entre o campo e a cidade, na análise de Tejon, poderia melhorar a imagem do produtor rural no Brasil, já que em outros países, como França, Estados Unidos e Holanda, ele é tratado com distinção pela população urbana. “Na verdade, a classe média urbana e a classe média rural precisam ser apresentadas, precisam se conhecer”, ressaltou.
Centro da refeição
O consultor da TCA International José Luis Tejon Megido considera que o arroz está inserido em toda a sociedade, e não apenas na mesa do consumidor. “Temos que parar de falar do arroz como um complemento e passar a tratá-lo como o centro da refeição, porque a metade da população mundial tem 80% da sua alimentação baseada no cereal. Este percentual não pode ser desprezado”, alertou.
De acordo com o especialista, uma importante ferramenta de apoio nesse sentido é a realização de campanhas e programas educativos para incentivar o aumento do consumo do arroz e buscar um diferencial no produto para atrair consumidores. “As pessoas querem saber a origem do produto. O consumidor avalia a qualidade, a segurança alimentar, aspectos ecológicos e sociais”, afirmou Tejon.
O consultor lembrou ainda que a cadeia produtiva do arroz precisa se organizar melhor, e não promover a autodestruição, como ocorre habitualmente entre o orizicultor e a indústria. “A cadeia não se coordena. Não há harmonia. Todos os elos devem andar juntos e no mesmo sentido”, avaliou.
Exemplo americano
Um exemplo bem-sucedido de marketing direcionado ao setor arrozeiro, na visão do especialista e consultor da TCA International José Luis Tejon Megido, é o trabalho realizado pela USA Rice Federation (www.usarice.com). Trata-se de uma federação de âmbito global voltada a defender os interesses de todos os segmentos da indústria de arroz nos Estados Unidos e que abrange produtores, empresas, instituições de pesquisa e escolas.
Entre as estratégias criadas pela federação para manter o arroz na mídia está a criação do Mês Nacional do Arroz (National Rice Month), que em setembro deste ano completou 20 anos de atividades voltadas à construção de programas de incentivo ao consumo com resultados impressionantes nas vendas de arroz. Todo mês de setembro milhares de displays de arroz produzido nos EUA são colocados nas principais redes varejistas de todo o país para atrair a atenção das centenas de milhões de consumidores.
Os varejistas que participam do Mês Nacional do Arroz, que utilizam materiais promocionais fornecidos pela USA Rice Federation, em geral costumam registrar um aumento médio de 50% a 400% nas vendas do cereal. Atualmente, o Mês Nacional Arroz configura-se como uma oportunidade bem estabelecida de campanha promocional, responsável pela geração de mais de 1 bilhão de inserções em mídia desde o início do programa, além da criação de um programa de bolsas de estudo para estudantes da rede pública patrocinado pela Dow Agrosciences.
De acordo com o site da USA Rice Federation, que, por sinal, vale uma visita (o Google traduz), os lucros gerados pelas campanhas promovidas durante o Mês Nacional do Arroz são divididos entre os varejistas, operadores de foodservice, consumidores e membros da indústria de arroz.