Teste com caramujos

 Teste com caramujos

Caramujo-maçã, praga que se alastra em todo o mundo

 Para o ensaio com os organismos vivos, Brito coletou os caramujos em área nativa na Lagoa dos Patos, em Viamão, e os aclimatou em laboratório. O processo de aclimatação consiste em preservar o animal em um aquário parecido com seu habitat natural. Na etapa da extração da erva-mate, foram utilizados dois procedimentos, ambos com o fruto seco: a decocção, que leva apenas água quente para tirar o elemento desejado, e o extrato de butanol, que conta com um produto químico para o processo de extração.

Como os resultados se mostraram semelhantes, a primeira opção foi escolhida: é mais simples e gera menos custos. O estudo teve apoio da empresa de erva-mate Ximango, que cedeu seus resíduos industriais para os experimentos.

Como avaliação da eficiência do extrato, Brito verificou a toxicidade dele nos caramujos. O procedimento adotado consiste em contabilizar o número de animais mortos ao longo do experimento e relacionar com a quantidade do produto aplicado neles. O pesquisador explica ainda que é necessário aprofundar as pesquisas para medir se o extrato é nocivo para outros seres vivos, como pessoas e animais.

Hoje, no mercado, não existem muitas alternativas de pesticidas para controle de moluscos, principalmente quando se trata do caramujo-maçã. Entre 2017 e 2018 houve várias denúncias do uso do fungicida Mertin 400 como agente químico em plantações de arroz no Rio Grande do Sul para controle da praga. O caso levou à proibição, pelo Ministério Público, do uso do produto, por ser extremamente danoso para o meio ambiente. A Justiça considera o fungicida tóxico pelo risco de contaminar o lençol freático da bacia hidrográfica do Rio Jacuí, onde desaguam as lavouras nas quais era utilizado.

Ovos de Pomacea cunaliculata em área de arroz

FIQUE DE OLHO
Dentre as vantagens dos biopesticidas, aqueles produzidos a partir de extratos naturais, está o menor perigo de contaminação que eles oferecem, já que são mais ecológicos que os sintéticos. “As substâncias com potenciais moluscicidas orgânicos à base de extratos vegetais estão ganhando atenção mundial, porque são consideradas ecologicamente mais aceitáveis, já que não são agressivas ao meio ambiente”, explica o pesquisador Fabiano Carvalho de Brito, no seu estudo.

QUESTÃO BÁSICA
Atualmente, Fabiano Carvalho de Brito desenvolve em sua tese de doutorado uma continuação dos estudos do mestrado. Essa terceira etapa do trabalho conta com a parceria da Embrapa Florestas de Colombo, no Paraná, empresa pública de pesquisa agropecuária. É ela que fornece o material de erva-mate para ser estudado. A tese será apresentada em março de 2020.

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