Três projetos gaúchos estão próximos de receber créditos de carbono da Holanda
Empresas gaúchas que trabalham com usina de energia que usa biomassa de casca de arroz estão se habilitando a créditos de carbono na Europa.
Até o final de setembro, três projetos de usinas de biomassa à casca de arroz no Estado terão a etapa de validação para receberem créditos de carbono concluída. Depois disso, os projetos serão registrados em uma entidade operacional designada brasileira, credenciando-se para receber a certificação definitiva. A negociação encaminhada é com a empresa holandesa Biomass Tecnology Group (BTG), parceira da gaúcha PTZ Fontes Alternativas.
O secretário de Energia, Minas e Comunicações, Valdir Andres, informa que a Josapar possui projeto de construção de uma usina de biomassa de 8,3 MW de capacidade instalada em Pelotas e outra de 6 MW em Itaqui. A Cooperativa Agroindustrial de Alegrete Ltda. (CAAL) tem um projeto de 3,8 MW em Alegrete. Esta é uma iniciativa inédita do Brasil, resultado de nossa visita à Holanda no mês de julho do ano passado. O Rio Grande do Sul larga na frente, sendo o primeiro Estado a garantir a compra de créditos de carbono no País após a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, comemora Andres.
Segundo o secretário, os três projetos devem ter investimento ao redor de R$ 40 milhões. A captação de créditos de carbono a fundo perdido do governo holandês deve ficar em torno de R$ 8 milhões, estima Andres. O início das obras está previsto para agosto do próximo ano e o funcionamento para outubro de 2006. As três usinas de geração de energia limpa no Estado devem gerar cerca de 40 empregos diretos e 100 indiretos, calcula Andres.
De acordo com chefe do escritório da Delegação Comercial Holandesa no Estado, Philippe Schulman, a Holanda tem 500 milhões de euros para investir em empreendimentos por meio de créditos de carbono, o mesmo orçamento do Banco Mundial.
O que são os créditos de carbono
Os créditos de carbono têm a intenção de mitigar a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), explica a coordenadora do Setor de Energias Renováveis da Secretaria de Energia, a engenheira Jussara Mattuela, acrescentando que os países desenvolvidos são obrigados pelo Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, e que entrou em vigor no início do ano, a financiar projetos de geração de energia limpa em todo o mundo para compensar as graves agressões que provocaram ao meio ambiente ao longo dos anos.
Ela revela que outros dois projetos de usinas de biomassa ainda podem ser beneficiados com os créditos de carbono da Holanda, mas ainda não iniciaram o processo de validação. A Camil pretende instalar uma usina de biomssa de 3,5 MW em Camaquã e a Doeler tem um projeto de 0,3 MW em São Pedro do Sul.