Tributo aos gaúchos
Autoria: Luiz Carlos Borges da Silveira – Médico, professor, empresário, deputado federal e ex-ministro da Saúde.
A fronteira agrícola do Brasil expandiu-se admiravelmente nas últimas décadas, e por isso o país é hoje um dos celeiros mundiais na produção de alimentos, ocupando o terceiro lugar com forte tendência de crescimento. Só em 2015, o PIB do agronegócio cresceu em torno de 3%, enquanto os demais setores sinalizam para a redução. A expansão da agricultura transformou regiões e criou novo cenário de desenvolvimento econômico e social.
O Centro Oeste, por exemplo, é atualmente o celeiro nacional na produção agropecuária. O Piauí é considerado nova e promissora fronteira agroindustrial; e o Tocantins, um dos mais novos estados, registra notável expansão na produção de grãos. Esse conjunto situa a agricultura e a pecuária – o agronegócio enfim – com peso de um quarto do PIB brasileiro. O destaque nesse contexto é o crescimento da agricultura, da pecuária e da industrialização agregada em estados e regiões que até pouco tempo atrás eram figurantes, com exploração meramente de subsistência, como o Centro Oeste, o Norte e parte do Nordeste.
A terra estava lá, as potencialidades também, assim como as oportunidades lá existiam há séculos. Talvez o clima tropical tenha sido por tanto tempo entrave natural. Até o cerrado, tido como árido e improdutivo floresceu e produz culturas nunca dantes imaginadas e nesse aspecto, louve-se o trabalho extraordinário da Embrapa, que acreditou naqueles que acreditavam na terra e contribuiu com pesquisas, experimentos e tecnologias no desenvolvimento de culturas adequadas.
A partir da metade do século passado tudo começou a mudar, essas regiões foram desbravadas e hoje ostentam novo cenário no desenvolvimento brasileiro. Essa transformação teve início quando os pioneiros gaúchos começaram a subir os trópicos, abriram e alargaram as fronteiras produtivas. Eles colonizaram o Oeste catarinense, que hoje é um manancial na produção de alimentos; depois vislumbraram as ricas e promissoras terras do Oeste e do Sudoeste do Paraná, que são hoje inquestionáveis alavancas na produção de alimentos e de produtos industrializados com base na agropecuária.
Depois, os sulinos foram subindo para o Brasil central e região Norte, formando novas cidades e transformando outras em prósperas e fortes economias agropecuárias. Foram eles também que transformaram o Paraguai em destacado produtor de soja. Por onde a saga dos gaúchos passou deixou esteira de progresso econômico baseado na riqueza de terras por tantos anos esquecidas. Dos pioneiros que mudaram o perfil de regiões de Santa Catarina e do Paraná chegaram ao Centro e ao Norte os descendentes, que dão seguimento ao trabalho com o mesmo determinismo, experiência e visão empreendedora no trato da terra.
Hoje, o agronegócio salva a balança comercial e a economia do Brasil, o país é visto como grande potencial no fornecimento de alimentos para a população mundial, em crescimento e carente. Os estados cresceram e a agroeconomia deslanchou. E mais seria se o governo, que não ajuda, não atrapalhasse. Este positivo cenário, aqui resumidamente descrito, deve em grande parte ser creditado aos gaúchos. Todo o tributo que se lhes preste é justo e merecido.