Turvo (SC) investe na criação de marrecos na entressafra do arroz

nO município de Turvo, no sul de Santa Catarina, é referência nacional em produtividade na cultura do arroz irrigado. Lá, os produtores utilizam modernas tecnologias de cultivo, além de sementes de alto padrão genético.

Uma tecnologia utilizada há milhares de anos na China vem sendo difundida com sucesso nas regiões produtoras de arroz de Santa Catarina. É a criação de marrecos na entressafra do arroz irrigado. O consórcio das duas atividades oferece muitas vantagens para o produtor como menor custo de produção, maior controle de pragas e do arroz vermelho, fertilização do solo e preparo das áreas de cultivo.

O município de Turvo, no sul de Santa Catarina, é referência nacional em produtividade na cultura do arroz irrigado. Lá, os produtores utilizam modernas tecnologias de cultivo, além de sementes de alto padrão genético. Tudo isso, aliado ao capricho e à dedicação de quem sabe produzir e faz a colheita render. A cada safra, os produtores colhem 67.500 toneladas de arroz destinadas ao consumo e mais 9.900 toneladas comercializadas em forma de sementes.

É o caso de Rogério Dagostin, produtor de sementes de arroz na comunidade Ponte Alta. Por ano, ele colhe 10 mil sacas de sementes. O agricultor diz que nas últimas três safras, a qualidade do grão melhorou muito e isto se deve à criação do marreco-de-pequim durante o período da entressafra. Neste ano, Rogério colocou 1200 aves nas áreas de cultivo, pois considera a alternativa vantajosa.

– O marreco come tudo o que atrapalha a lavoura, as ervas daninhas, arroz vermelho e caramujos. É um funcionário que eu tenho aqui no campo que trabalha 24 horas por dia, não tem feriado, não tem pagamento. É um espetáculo – comemora o produtor.

Na prática, a utilização das aves na arrozeira funciona assim: o produtor coloca os marrequinhos, com 30 dias de vida, logo depois da colheita do arroz, aí pelos meses de abril/maio. Eles permanecem na lavoura durante 4 a 5 meses, que é justamente o período da entressafra do arroz. Tudo o que o marreco encontra pela frente, ele devora. Come muito, por isso, desempenha um importante papel na limpeza das áreas de cultivo e no controle do arroz vermelho, a principal planta invasora, considerada um inço, pois prejudica a qualidade do arroz.

Na propriedade de Ademir Daros, os 38 hectares cultivados com arroz também servem de moradia para os marrecos. São 800 aves, sempre faceiras, já que por lá, não falta comida. Este é o segundo ano que Ademir aposta nas aves como uma alternativa para diminuir o uso de agrotóxicos na lavoura, baixar os custos de produção e melhorar a produtividade e a qualidade do arroz produzido por ele.

– No ano passado, eu coloquei 200 marrecos em nove hectares e produzi 300 sacas de arroz a mais que ano anterior. Mas, o que me surpreendeu foi a qualidade do arroz, elogiada também pelos donos dos engenhos – revela Ademir.

Além dos bons resultados na produção, os agricultores ainda lucram com a comercialização dos marrecos, agregando assim, mais renda à propriedade rural. O engenheiro agrônomo da Epagri, Marcos José Rosso, que presta assistência técnica em Turvo, destaca que a utilização do marreco-de-pequim na lavoura de arroz é a alternativa para melhorar a lucratividade nas propriedades rurais, não pelo aumento da produtividade, mas, sim, pela redução nos custos de produção.

– Para aumentar a produtividade hoje é difícil, já que atingimos um excelente patamar, mas podemos diminuir os custos de produção e o marreco é a opção para baixar o número de horas/máquina/hectare, o uso de defensivos agrícolas e de adubos solúveis – aponta Marcos.

O agrônomo diz ainda que a alternativa oferece mais uma grande vantagem que é a possibilidade de o produtor converter a propriedade numa área de produção orgânica de arroz.

Para mais informações, entre em contato com o Marcos José Rosso, da Epagri de Turvo, no telefone (48)3525 0494 , ou pelo e-mail: emturvo@epagri.sc.gov.br