UE perplexa diante de misterioso arroz americano com OGM detectado na Europa

São aguardados os resultados de uma avaliação de risco da Autoridade de Segurança Alimentar Européia (EFSA), com sede em Parma, apesar de o departamento americano da Agricultura ter garantido em 21 de agosto que não havia “ameaça para a saúde humana ou vegetal”.

A Comissão européia está aguardando esclarecimentos dos Estados Unidos sobre o arroz americano contaminado com um OGM nunca comercializado e encontrado na Alemanha, depois da Suíça, da França e da Suécia.

– Recebemos recentemente uma carta dos Estados Unidos que não nos prestou muitos esclarecimentos – disse Philip Tod, porta-voz do comissário para a Saúde Markos Kyprianou.

– Nós havíamos feito perguntas sobre a origem e a amplitude da contaminação do arroz pelo OGM LL601, da empresa alemã Bayer Croppscience – acrescentou Tod.

A Comissão também aguarda os resultados de uma avaliação de risco da Autoridade de Segurança Alimentar Européia (EFSA), com sede em Parma, apesar de o departamento americano da Agricultura ter garantido em 21 de agosto que não havia “ameaça para a saúde humana ou vegetal”.

Questionada pela AFP, a Bayer declarou nunca ter pretendido comercializar este OGM, desenvolvido para resistir a seu herbicida Liberty e objeto de trabalhos abandonados pela empresa há cinco anos.

Depois da descoberta da contaminação no fim de julho nos Estados Unidos, a Bayer decidiu “enviar um pedido de autorização do LL601 aos Estados Unidos”, explicou uma porta-voz da companhia, Annette Josten.

– Não queríamos vendê-lo, mas apenas acalmar os mercados mostrando que o LL601 não é perigoso – acrescentou, no momento em que a empresa está sendo processada por cultivadores de arroz americanos. A descoberta da contaminação provocou uma queda dos preços do arroz.

A Bayer está cooperando com o departamento da Agricultura americano para encontrar a origem desta contaminação.
Uma hipótese é a de que a contaminação teria origem num programa de sementes do centro agrícola da universidade de Louisiana com o qual a Bayer colaborou entre 1999 e 2001. Em seu site, a universidade informa que resíduos de LL601 foram encontrados em uma variedade de semente de 2003.

Este arroz foi encontrado terça-feira na Alemanha, na França e na Suécia na véspera. Na França, resíduos do OGM LL601 foram detectados em 7 das 19 amostras de arroz americano testadas em laboratório, disse nesta quarta-feira à AFP uma fonte próxima à investigação.

Na Suíça, seis tipos de arroz foram retirados da venda (arroz longo e arroz crioulo) das lojas Migros após a instalação de um teste de detecção sistemático desde o dia 1º de setembro.

No mês passado, um carregamento de 20.000 toneladas de arroz americano destinado aos mercados britânico e alemão e suspeito de contaminação havia sido bloqueado em Roterdã. Três dos 23 carregamentos testados deram resultados positivos.

A Comissão européia resolveu exigir um certificado garantindo a ausência de OGM no arroz longo importado dos Estados Unidos.
O órgão executivo da EU não descartou a possibilidade de o arroz contaminado ter sido introduzido no mercado europeu antes do bloqueio do carregamento, já que os industriais consideram que a contaminação por este OGM não-autorizado poderia remontar a janeiro de 2006.

A associação ecologista Greepeace exigiu “a retirada imediata dos produtos comercializados” e a “suspensão das importações americanas”.

Os controles nos Estados Unidos não podem ser considerados confiáveis, afirmou o Greepeace, lembrando que este caso sucede ao da importação de um tipo de milho (o Bt10) não-autorizado na UE.

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