Um olho no mercado, outro na safra

A orizicultura do sul do Brasil, que representa 75% da produção brasileira, sofreu duro revés na temporada 2010/11, depois de um  cambaleante 2009/10. Superprodução, baixos preços, concorrência do Mercosul e câmbio desfavorável. Medidas emergenciais do governo, que joga R$ 1,2 bilhão em mecanismos de comercialização, mais a repactuação de dívidas e prorrogações de custeios e investimentos, ajudam a recuperar os preços. Mas o produtor não pode se enganar: eles não são para sempre, nem o fôlego do governo federal.

A próxima safra exige o menor custo de produção possível, sem perda da qualidade e  produtividade. Não adianta produzir 12 mil quilos de arroz por hectare ao custo de R$ 29,00, pois ele é irreal e dificilmente haverá remuneração nestes padrões em 2011/12. A referência de custos de produção fica em até 12 dólares por saca. Acima, o produtor se torna refém de mecanismos governamentais, favores dos seus financiadores  e corre o risco de endividamento e prejuízos. O Mercosul seguirá competitivo, os armazéns estão lotados, o que inviabiliza muitos dos programas federais, e na próxima safra não se sabe se todos os recursos do governo poderão ser carreados para o arroz, como ocorreu em 2011.

Neste momento, o produtor precisa ficar com um olho no preço e o outro no custo de produção da próxima lavoura. Sabemos, porém, que a lavoura pouco tem o que cortar e que, se quiser estabelecer novos patamares de preços, o governo terá que ser mais arrojado nas políticas cambial e tributária.

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